Tudo em família e na
santa paz da hiprocrisia
Creio até que que o próprio Governo do soba Sócrates deveriar transformar-se numa sociedade comercial para que, quando fosse preciso, o democrata presidente de Angola, pela mão da filha ou de um outro qualquer sipaio, comprar uma participação.
A empresária angolana pagou 1,88 euros por cada acção do BPI, tendo já um prémio de 33,3 por cento face ao valor do fecho de quarta-feira das acções (1,41 euros). O valor total pago pela posição foi de 164 milhões de euros.
164 milhões de euros. Coisa pouca. Aliás, tirando o facto de trinta e três anos depois, a maioria dos angolanos continuar a passar fome, continuar a ser gerada com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois... com fome, até me parece um negócio limpo, limpinho e digno do MPLA.
Uma vez que a Santoro Financial Holdings já detém uma participação de 25 por cento no capital social do Banco BIC Portugal, instituição de crédito portuguesa de capitais maioritariamente angolanos, Isabel dos Santos reforça assim a sua presença no sector bancário português.
É assim mesmo. Por alguma coisa o primeiro-ministro de Portugal foi, antes das eleições, lamber as botas de Eduardo dos Santos, elogiando a sua alta capacidade e legitimidade democrática para comandar um Estado de Direito.
Além disso, o investimento no BPI permitirá ainda à empresária angolana estreitar as relações com a instituição, que recentemente abriu o capital do Banco Fomento Angola (BFA) à operadora de telecomunicações angolana Unitel (que tem Isabel dos Santos entre os seus accionistas de referência).
Tudo em família e na santa paz da hiprocrisia, cobardia, mesquinhez e prostituição moral da comunidade internacional. Mas o que conta é isto. O resto, o Povo, esse que continue a morrer à fome.
A par do Millennium BCP, que tem como principal accionista a petrolífera estatal angolana Sonangol, o BPI torna-se o segundo grande banco nacional a contar com investimentos angolanos no seu capital.
Tirando o facto de trinta e três anos depois, a maioria dos angolanos continuar a passar fome, continuar a ser gerada com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois... com fome...
* Orlando Castro
Fonte: altohama.blogspot.com