O sector empresarial angolano tem vindo a crescer, em especial desde o fim da guerra civil,  há seis anos. Em áreas como o comércio e serviços as empresas nacionais são já  dominantes e começaram a implantar-se em novos sectores, como construção e minas. Esta realidade formal é, porém,  minimizada/ofuscada por evidências como as seguintes: os empresários apresentam, na sua maioria,  escassa preparação - em termos de conhecimento e domínio do próprio ofício e da actividade inerente; não têm tradição nem experiência acumulada (na fase revolucionária estiveram proscritos); denotam notória propensão para a acumulação privada e a venalidade; seguem estilos de vida excessivamente ostentatórios, onerosos para a gestão das suas empresas e negócios; é frequente a existência de imbricações entre a sua actividade e a política, em especial com o establishment – fulcro de influências e conhecimentos que tendem a usar como mais valia.


Entre os indivíduos que entram no mundo empresarial e de gestão, os mais novos apresentam formação mais apurada; os mais velhos, são, em geral, oriundos da política e das Forças Armadas – de que se afastaram ou se distanciaram. Em ambos os casos trata-se substancialmente de pessoas afectas ao regime ou com ele identificadas. O factor político, multiforme, ainda suplanta outros como condição   para se entrar e prosperar no mundo dos negócios; as afinidades étnicas e os laços de amizade também determinam favoritismos. As facilidades e oportunidades oferecidas (ou negadas) obedecem a estritos critérios políticos e de exercício do poder.

Fonte AM