Biografo e biografia de quem é pago para narrar os fatos
É do respeito e da salvação desses súditos que vou tentar falar agora. Espero que Júlio Quaresma e suas Princesas e os monarcas que existem por aí me entendam. Em 1979, quando Silvio Rodriguez, o cantor cubano viajou para Espanha numa turnê para dar um show foi convidado para um almoço com toda a família da monarquia Espanhola. O Rei João Carlos de Borbom e Borbom, aquele que tem a fama de ter feito um pato com o fascismo espanhol para se manter no poder como rei ou monarca da Espanha. -Desgraça do povo Espanhol! No almoço entre conversas e trocas de informação, um dos filhos do Rei Espanhol, um príncipe desses curioso perguntou ao cubano se em Cuba existiam nobres. O príncipe na verdade, literalmente, quis simplesmente saber se existiam monarcas e príncipes em Cuba.
Antes de assimilarmos a resposta que o cubano deu ao principezinho é preciso entendermos um pouco sobre a cultura cubana e a história desse povo. Que seria impossível narrar nesse texto, mas dentro dessa história e de luta existe algo que caracteriza os cubanos, e é talvez uma das maiores virtudes que têm contribuído na vitória da Revolução Cubana: a simplicidade do povo cubano, do homem cubano.
Silvio Rodriguez, sem querer cair em ironias, simplesmente respondeu: é claro que existem. Existem e muitos deles estão em África, em particular em Angola, salvando vidas humanas. Fazendo o que qualquer nobre, monarca ou príncipe faria pelo seu povo. Silvio ainda respondeu: nós somos um povo de nobres. E sabes por quê? Por que não se conceberia que um povo que dê a sua vida por um outro povo não possa adquirir esse statu. O cubano foi ainda mais longe, e disse: a nobreza é fenômeno intrínseco da nossa cultura, esta no nosso sangue, é parte daquilo que somos, são os nossos princípios, nossos objetivos e metas, é baseado nessa condição que temos milhares dos nossos compatriotas ao lados dos angolanos. Se você acha isso pouco, então o que significa ser nobre e príncipe? Se você acha que salvar vidas humanas é pouco, qual então seria o papel de um verdadeiro nobre para que assim seja considerado?
Por isso, lamento em dizer, que Júlio Quaresma não sabe o que diz. É mais um desses que quando vê o trem a passar tira conclusões precipitadas ou então está possuído e enganado pela ideologia burguesa ( ou simplesmente é um grande defensor dessa mesma ideologia), ou aquilo que a burguesia tenta nos incutir por aparência. Foi Karl Marx que caracterizou bem esse fenômeno: o dinheiro proporciona tudo o que quisermos; torna inteligente quem não é; transforma o antipático em simpático; o sujeito grosseiro em cavalheiro, o feio em bonito e por aí vai.
As vozes que me criticam vivem dizendo que eu vivo embrulhado no cobertor da utopia e exigindo dos que estão lá em cima, no poder, o impossível e o ultrapassado. Nada disso!
Não se trata aqui de exigir o passado comunista ou mesmo de que alguém seja comunista, trata-se do mínimo; o que se trata, sim, e afirmo categoricamente, é de se usar a ética dos costumes comum. Que a ordem social desde os inícios da idade da pedra foi balizando pela própria convivência humana: não roubarás, não enganarás, não mentirás, não matarás e etc. Mas com um ingrediente comunista que não precisa ser visto como algo doutrinário implantado por Marx ou Lenine, e esse ingrediente comunista significa evitar fazer aquilo tudo( mencionado) em nome do grande público, da sociedade, do Estado e da Nação. Minha pergunta é: é tão difícil isso, que quem está lá em cima no poder, sente dificuldades de no mínimo dar exemplos? O comunismo, tão rejeitado por muitos aí, não precisa ser descartado totalmente. Está mais do que provado que ele nos ensinou muita coisa desde o seu aparecimento. E até alguns dos seus princípios podem ser usados para se construir uma sociedade democrática com economia de mercado com um grau de transparência aceitável e reconhecido por todos para evitar que os menos favorecidos sejam penalizados, como conseqüência do trafico de influência, que se transformou num fenômeno endêmico. E da falsidade ideológica que aí existe, e tem se apresentado de maneira escancarada. As duas, falsidade ideológica e trafico de influência não precisam ser o instrumento de ou para a reconstrução nacional do país, e muito menos de uma democracia burguesa reacionária e vampiresca. O que precisamos é de um pouco de ética. Ainda que essa ética tenha resquício comunistas numa economia de mercado.
Isso é pedir muito?
Assim, não precisamos ser enganados com esse tipo de biografo e biografia de quem é pago para narrar os fatos. Definitivamente a simplicidade não é a virtude dos que têm milhões em contas bancárias, ou até bilhões, mesmo porque deveria se partir do princípio que para ser simples deveríamos aceitar o fato que uma pessoa só não tem capacidade para criar tanta riqueza de maneira individual. Uma mulher simples e culta, interessada pela arte e a arquitetura dos mestres, deveria entender que algo de errado existe, quando uns ostentam milhões em contas bancárias e o resto do mundo ou da população angolana, ou mesmo os súditos não tem nem sequer água potável em suas casas que poderiam salvar as milhares ou milhões de crianças que morrem anualmente de diarréias. A simplicidades passa longe dos príncipes ou dos monarcas, a simplicidade é virtude de gente comum. É o que caracteriza os nobres de verdade, aqueles que um dia sem medir sacrifícios abandonaram suas casas, famílias em missões salvadoras. É basta abrir um bom livro de história narrando fatos de verdade e Julio Quaresma terá a oportunidade de descobrir quem é que pertence a nobreza!
* Nelo de Carvalho / Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Fonte: WWW.blog.comunidades.net/nelo