A crise financeira mundial permite antever «um ano difícil» para a maioria das famílias angolanas, disse Samakuva na sua mensagem de fim-de-ano, transmitida hoje em directo pela Rádio Despertar, afecta à UNITA.

«Os poucos empregos que vão surgir irão beneficiar mais os estrangeiros, pagos em dólares, do que os angolanos», afirmou o líder da UNITA no seu discurso.

Segundo o político, devido à crise financeira mundial, vários Governos procuram fontes alternativas de energia face à baixa do preço do petróleo, aumentando a procura do gás natural e o aumento dos custos de construção de novas refinarias.

«Como o nosso país ainda importa mais de 70 por cento da gasolina e do gás que consome, isto significa que em 2009 os preços destes produtos poderão também subir», alertou Samakuva, acrescentando que, no próximo ano, Angola vai precisar de mais petróleo para pagar aos credores a quem prometeu pagar em crude.

O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, admitiu segunda-feira na sua mensagem de fim-de-ano que a descida do preço do petróleo e dos diamantes exigirá do Governo acções que visam o reajustamento do Orçamento Geral do Estado e de algumas metas do Plano Nacional para 2009.

De acordo com Samakuva, a administração pública «pesada», composta por 1700 estruturas orgânicas «muitas delas sobrepostas», vai custar ao povo mais de 10 milhões de dólares (cerca de sete milhões de euros ao câmbio actual).

O presidente da UNITA referiu-se ao aumento da despesa pública, às políticas do Governo angolano e à corrupção para prever «um esforço maior e talvez terrível em 2009» para o povo angolano.

No entanto, apesar do quadro que espera «de certo modo sombrio», os angolanos, sustentou, nada têm a temer.

«Estou convencido que no dia em que os magistrados deste país defenderem a dignidade da magistratura, sem temerem os homens, Angola terá o seu Estado democrático de direito», disse.

O resultado das eleições legislativas de 05 de Setembro deste ano, onde a UNITA obteve um resultado de 10,39 por cento contra 81,64 do MPLA, foi, segundo Samakuva, «um golpe duro ao processo democrático», que vem estabelecer em Angola «um regime absolutista, mascarado de democracia».

«Creio eu, não é isso que os angolanos querem. Eles querem a democracia real e a justiça social que produzem a paz social», acrescentando que a UNITA em 2009 vai continuar a defender um regime democrático, onde «as desigualdades são contidas e os desequilíbrios reduzidos e eliminados».

Fonte: Diário Digital / Lusa