Luanda- 1 - Não sou da UNITA, mas faço-me convidado deste debate exacerbado pelas declarações do Presidente Samakuva em Portugal, simplesmente por me encontrar debaixo da mesma chuva, quer dizer implicado directa ou indirectamente na mesma luta política, primeiro e aqui sim, pela Liberdade de Expressão na variante global de LIBERDADE no sentido epistemológico, mesmo se for extritamente político, num Estado que na realidade nada tem de Republicano e de Direito.

Fonte: Club-k.net

Não deem lições de patriotismo quando temos de fazer face aos assassinatos políticos

2 - Penso que não é novidade para milhares de pessoas que tenho assessorado o Presidente da CASA-CE Abel Chivukuvuku nas mais variadas vertentes, mas isso não me furta o direito e o dever de, com a maior humildade e precaução, me solidarizar com algo que farta vez também se esbateu contra a CASA-CE a começar pelo seu líder, nem me impede de tecer opiniões servindo-me dos cânones da deontologia jornalística.

3 - Começo por dizer que, intelectualmente falando, e para minimizar os termos, é no mínimo injusto as descargas eléctricas lançadas por analistas ou comentaristas circuitadas contra o Presidente Samakuva por ter se debruçado sobre Angola nas tribunas internacionais. Não estou errado que se fosse para adular o Presidente da República, para defender o peculato, o branqueamento de dinheiros, os desvios dos fundos públicos, os meios da comunicação nacionais teriam retomado em estampa.

Porém, se tivessemos um poucoxinho de vergonha nas ventas, saberiamos que a honestidade intelectual exige a todos os analistas a libertarem-se da demagogia e da hipocrisia de procurar agradar o Padre quando sabemos que, não estamos certos, não temos razão, estamos contra a nossa própria consciência e servimos uma causa injusta, para não dizer impopular. Pois, para se ser comentarista tem de ser analista e apologista da verdade, jornalistas,  doutores ou não, formados a propósito ou conhecedores empíricos do sujeito.

4 - Todos aqueles que se insurgem contra o Presidente da UNITA por usar os meios de comunicação internacionais para desabafar ou falar a verdade, sabem perfeitamente que se os líderes da oposição assim procedem, não é porque se tornaram apátridas ou deixaram de ser patriotas_ aqui também exonero o termo nacionalista porque em nenhum momento construimos uma Nação em Angola.

5 - Não cito nomes, mas se realmente estas criaturas entusiastas fossem versadas nos termos éticos ou deontológicos a exercer cabalmente em público esta função quão delicada de comentarista ou analista, e com as razões por mim acima evocadas, teriam somente convidado o Presidente Samakuva a um debate, agora sim nos plateaux da TPA 1 e/ 2, para que ele apresentasse em directo seus argumentos do porquê que foi vender Angola lá fora ou se fosse julgado nos termos da Liberdade de Expressão e do Debate Contraditório que não existe, nunca existiu o famoso (artigo 47) no nosso país, supostamente democrático.

6 - Samakuva não se exilou. Se realmente fossem sérios e aqui sim patriotas, os críticos de Samakuva nos mesmos meios e nas mesmas vias (TPA/ RNA) que criticam, deveriam pegar por retalhos as suas declarações e com um Marcador  fluo Vermelho sublinhar o Falso e com um Verde a Verdade dita por Samakuva. Só depois e numa sondagem o deveriamos penitenciar e crucificar. Eu seria o primeiro a fazê-lo se notasse um deslize avulso, como o fiz quando a UNITA incredulamente VETOU A PROPOSTA DA CASA-CE quanto ao CNE na Assembleia Nacional fazendo assim “raivosamente” o jogo do adversário comum.

7 - Se realmente estivessem a fazer o uso integral das suas faculdades, sobretudo morais, pois mentais, isso tenho eu a certeza de que as têm, só são forçados a apunhalarem-se por mesquinhez de absurdidade conjuntural e de bens materiais, como dizia, os ditos comentaristas e analistas teriam a coragem, mais uma vez evoco, patriótica, de primeiro arrumar a casa, criticando a falta de espaço, oportunidade e de Liberdade da oposição, dos pacatos cidadãos e não só, reclamarem pelo pedaço de pão, a gota de água; por um emprego, falta de energia eléctrica para conservar os alimentos, iluminar a noite escura e evitar os repetidos incêndios provocados pelas velas, ou sofregar por melhores condições de vida de que mais de 70% carece e que não exige lupa para se perceber que Angola vai mal, pelos motivos não só enaltecidos pelo Presidente da UNITA.

8 - Nós, digo bem, o Presidente da CASA-CE, Abel Chivukuvuku tem palmilhado Angola até no impossível dos lugares onde esteja o Angolano e aqui escrevo angolano com (A), pois é ele quem mais sofre e menos tem o direito de gritar. Muitos dos supostos analistas pediram sem conhecimento de causa para que o Samakuva viesse falar diante desta gente miserável, pedinte, humilhada (angolanos). Ipso facto, o Presidente Chivukuvuku já visitou as capitais, municípios, comunas e aldeias, até penetrou na fogueira de cada cidadão, passa o exagero, das províncias do Kuanza Sul, do Uíge, de Malange, do Bié, de Benguela, da Lunda Norte e recentemente do Namibe, onde o Governador Rui Falcão nas vestes de Comissário Político do Partido evadiu-se do perfil que o categorizam como servidor público superior e cometeu uma série de excessos repugnantes. O Presidente da CASA-CE não o faz em tempo de Campanha Eleitoral como tem sido apanágio de muitos. É no quadro do seu Programa 15/ 15, quer dizer: Partilha a vida dos angolanos, 15 dias em Luanda, 15 dias numa das províncias, porquanto, em Luanda já não resta quase um Município que Chivukuvuku não tenha ido, não tenha visto, não tenha ouvido os queixumes, o clamor deste povo desesperado, abandonado e não tenha com ele partilhado seu sofrimento. Ou seja, com as patentes de: “VER; OUVIR e PARTILHAR”.

9 - Os analistas e comentaristas sabem-no perfeitamente que na hora de conferenciar com as autoridades de direito e competentes a tomarem nota dos recados recolhidos do povo, as portas fecham-se e, levanta-se uma onda de intimidação. Quando se propõem fazê-lo para mascarar a democracia e vender ao mundo a fachada da Liberdade de Expressão, claro fictícia, a terrível Tesoura da Censura entra em acção talhando aquilo que condena o Executivo, quero dizer o Presidente da República, e manipulam o resto do conteúdo para dar a entender que o dirigente da oposição está de acordo com a mediocridade governamental.

10 - Nas províncias, a oposição não existe, não porque ela é transparente ou inerte, mas porque os mídia do MPLA têm recomendações, ou melhor, ordens para omitir suas realizações e fazer crer ao povo que a oposição não faz nada.

11 - Ora, por isto e outras mais, os dirigentes políticos da oposição, seguramente mais patriotas do que muitos visionários, são forçados sempre no mesmo âmbito do patriotismo e defesa dos interesses de seu povo, gritar a partir das montanhas do exterior verdadeiramente democrático, para ver se as suas vozes ecoam em Refracção da Onda Electromagnética aqui no interior da nossa querida Angola, muito mais nossa do que de muitos mais que a arvoram em público, mas a maltratam e a adornam de chagas que não param de sangrar.

12 - A Verdade é uma: se os políticos da oposição se expressam sem parcimónias no exterior do país, é tão somente porque são proibidos de o fazer nos meios de comunicação social nacionais que deveriam ser estatais. Portanto, por estarem privados de o fazer no interior, aqui também pode envolver um certo medo ou no mínimo receio de ser morto, como tenho dito, fisicamente perdendo a vida por bandidos encomendados como é frequente, ou ser intimidado como aconteceu recentemente com o Doutor Kaley da UNITA quando este se deslocava para um Debate Televiso e em directo na TV Zimbo (Debate sobre as Autarquias), ou morrer socialmente, quer dizer: privado de direitos materiais de que qualquer cidadão merece num Estado de Direito, desde que cumpra com as obrigações administrativas exigidas a qualquer ZÉ Povinho.

13 - Deixemos de fazer o papel de vítimas quando somos os predadores e carrascos; deixemos de exigir sobriedade e politesse ou boa conduta aos outros, quando os mestres e professores por mais galáticos sejam, se comportam radicalmente ao contrário. Apesar de ocultado, o pouco que sobeja cá para fora induz-nos pensar que os deputados da oposição são aterrorizados no Hemiciclo da Assembleia Nacional, quando é suposto pensar-se que ali mereceriam o maior dos respeitos. Temos conhecimento como têm sido incendiários os termos aplicados pelos deputados do MPLA quando são tocados no seu orgulho de donos de Angola “A Nação de Agostinho Neto na Pátria de José Eduardo dos Santos”, tratando os magnânimos colegas de terroristas entre aspas, traidores e outras coisas vilenas neste tempo em que mais de dez anos se passaram de paz e o predicado ressonante é Reconciliar (Reconciliação).

14 - Para o MPLA só é Angolano aquele que se comporta como cordeiro obediente ou aquele que se vende como está a acontecer com muitos concidadãos. Só é Angolano o militante do MPLA, o resto é escória inútil e desprezível, o que é deveras lamentável.

15 - Aqui deixamos o desafio: mostrem que somos civilizados em democracia, convidem o Presidente Samakuva para uma confrontação em directo para que se explique, logo a sua chegada, mas sem consequências de represálias. E se assim for, podeis crer que jamais alguém sairá para bradar calúnias verdadeiras no Deserto, nem tão pouco tereis vós medo de noticiar a quem tem o direito de saber (Nós Povo), por exemplo, sobre o heroismo dos confrades africanos de Burkina-Faso, contra o autoritarismo de Blaise Compaoré, que é semelhante aos demais pela África Negra.

Perdoem-me o propósito

Proteja-me Deus dos Homens de “Boa Vontade”!

Félix MIRANDA