Luanda - Catorze anos se passaram desde que a cidade universitária da Universidade Agostinho Neto foi projectada para ser construída em 2000 hectares e durante este tempo, foram construídas infraestruturas em pouco menos de 4 hectares ou seja cerca de cinco naves e o edifício da biblioteca central. Ou seja o sonho de concentrar num local só todas as unidades orgânicas tornando-as mais funcionais, maximizando a eficiência dos recursos humanos e materiais e a exploração todo o potencial a ela inerente está adiado.

Fonte: Club-k.net

Esta Cidade Universitária que foi projectada no ano 2000 para uma população total de 17.000 estudantes e reactualizado em 2008 para um universo estudantil de 40.000 estudantes assemelha-se a uma criança que por falta de suplementos nutritivos suficientes raia o nanismo se tivermos em conta o ambiciosos projecto inicial, os seus objectivos e o que se fez até agora.

Nas vésperas da comemoração do 39º aniversário desde que o nosso patrono e primeiro Reitor, o Dr. António Agostinho Neto proclamou a independência nacional, e logo de seguida gizou com a ajuda de outros revolucionários um plano geral de formação de quadros, com a ajuda de países socialistas como a antiga URSS, Cuba, Bulgária, Polonia, Checoslováquia Hungria, Jugoslávia e outros, com o objectivo de minimizar a carência de quadros provocada pelo êxodo massivo de técnicos portugueses para Portugal, a intenção de transformar de facto a UAN em um centro de formação e investigação científica de excelência continua titubeante e não se vislumbra na ação de quem de direito a real intenção de se transformar este projecto numa prioridade estratégica.

As unidades orgânicas continuam dispersas e nesta lógica de construção, se forem construídos 4 hectares por ano, precisaríamos de cerca de 500 anos para preencher com infraestruturas da cidade universitária os 2000 hectares a disposição.

Esta realidade nua e crua revela de facto o grau de prioridade que se atribui a construção desta importantíssima cidade e os posicionamentos dúbios quando se fala da importância que se atribui ou se deve atribuir a formação de quadros superiores capazes de responder as necessidades de desenvolvimento do país nesta fase crucial e no futuro.

Não é compreensível e muito menos crível que responsáveis pelo ensino superior público no nosso País assumam um comportamento passivo em relação a este fenómeno que viabiliza uma dependência a quadros e técnicos provenientes do estrangeiro, ao clientelismo e a pouca valorização dos quadros nacionais.

Temos acompanhado com muita atenção fenómenos em que empresas de direito angolano priorizam a admissão de quadros estrangeiros em detrimento dos nacionais e verificamos com preocupação que os nossos quadros formados no País e nas nossas universidades são preteridos a favor de pessoas provenientes de fora o que entra em contradição com os ideais defendidos até ao fim pelos pais da nossa independência em que desponta o Dr António Agostino Neto, primeiro Presidente da Republica e patrono da nossa universidade. É nosso entendimento que uma maneira de honrar a memória deste grande herói da nossa pátria, seria erguer com todo o vigor e celeridade a cidade universitária que ostenta o seu nome.

António Agostinho Neto sempre afirmou que: “Só educando a nossa juventude poderemos continuar a nossa revolução no futuro. Falando propriamente dos problemas da juventude, nós todos estamos conscientes de que ela é o futuro. Nós temos de cuidar da nossa juventude. Temos de orientar bem a nossa juventude educá-la bem. Se não a educarmos bem, se nós não tivermos atenção á orientação que é seguida, em diversos sectores, nós não poderemos continuar a nossa revolução no futuro. E, portanto, temos de cuidar dessa geração, que vai ocupar as funções de direcção, em vários níveis.

Não se transforma a consciência do homem de um momento para o outro. É necessário explicar, é necessário transformar a base material. É preciso que nós sejamos completamente convencidos com todos os instrumentos nas mãos para podermos fazer essa transformação lenta da consciência do povo e do nosso país.”

Portanto criar condições materiais e técnicas para se elevar o nível de conhecimentos técnico científicos da nossa juventude deve ser mais do que um desafio, um obrigação porquanto estamos a cumprir um dos objectivos pelos quais muitos heróis lutaram pela nossa independência e regaram com o seu sangue a terra sagrada de angola brotando o gérmen da liberdade que hoje disfrutamos. A conclusão da cidade universitária do Camama será um grande tributo a memoria do presidente Agostinho Neto e a todos os heróis de Angola.

Porque "Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo Freire) e tudo isso será mais fácil criando infraestruturas a altura do desafio de construção e reconstrução do nosso país onde a cidade universitária do camama pertencente a UAN deve ser uma prioridade e um símbolo que represente o orgulho nacional.