Luanda - Os bancos comerciais não devem ser muito dependentes das operações cambiais, defende Mário Barber, presidente do Conselho de Administração do BAI.

Fonte: OPais

O gestor é da opinião que as instituições bancárias deviam apostar em outros serviços, como a banca electrónica e numa gestão mais eficiente, de forma a compensar as perdas cambiais resultantes do baixo volume de divisas que têm sido disponibilizadas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) nos últimos meses.

“Não há dúvidas que houve, nos últimos meses, dificuldades ao nível do fornecimento de divisas ao mercado, que tem a ver com o facto de o preço do petróleo ter baixado, mas os bancos não podem só viver de operações cambiais”, afirma o bancário.

Mário Barber fez estas declarações ao SEMANÁRIO ECONÓMICO, à margem de uma conferência realizada na semana passada para saudar o 18º aniversário daquela instituição bancária, que abordou a “Governação Corporativa na Banca”.

“Temos de pensar também em outros tipos de serviços, porque a taxa de penetração da banca ainda é baixa, há muita gente que ainda não usufrui dos serviços bancários ”, frisou.

BAI quer mais solidez em 2015

“Para o BAI a solidez é fundamental. Andamos à procura de resultados, para podermos remunerar os nossos accionista e pagar impostos, mas trabalhamos fundamentalmente para obtermos resultados sólidos, que garantam confiança nos clientes, que demonstram serviços de qualidade, e se for possível, que sejam eternos”, afirmou. Mário Barber disse igualmente que em 2015 a instituição vai disponibilizar serviços bancários através do aplicativo mobile banking para celular, tecnologia que vai permitir aos clientes efectuarem operações a partir de telemóveis.

“Caso BESA” faz repensar actuação do BNA


O “Caso BESA” é motivo para se repensar a actuação do BNA, enquanto órgão regulador e supervisor do sistema bancário nacional, no entender do presidente do Conselho de Administração do Banco português Caixa Geral de Depósitos, Álvaro do Nascimento durante o debate sobre a “Governação Corporativa na Banca”, realizado pela Academia BAI, em que foi o prelector principal.

Na sua intervenção, o também professor de Finanças da faculdade de Economia da Universidade Católica Portuguesa, explicou que o risco sistémicos veio trazer novas exigências a nível da gestão bancária. Para Álvaro do Nascimento, hoje é indispensável para um banco a existência de um órgão de acompanhamento de riscos globais ao mais alto nível da gestão de topo.

“Os bancos são obrigados a manter um vasto conjunto de órgãos e de procedimentos, em complementaridade com as melhores práticas que também existem nas empresas não financeiras”, disse. Referindo-se ao mercado angolano, sublinhou que igualmente que o “Caso Besa” deve servir de lição para as demais instituições repensarem a importância da Governação Corporativa e da gestão de risco.

“A falência dos grandes bancos e a ameaça do contágio ao resto da economia a nível mundial vieram alertar os reguladores dos mercados para a necessidade de obter uma visão mais integrada das instituições bancárias”, concluiu.