Luanda - A recuperação em curso da indústria de diamantes em Angola e os planos para reforçar o seu efeito multiplicador na economia deverão ajudar a compensar a descida do preço do petróleo, principal fonte de receitas do país.

Fonte: Macauhub

Dados do Ministério das Finanças de Angola indicam que as receitas com os diamantes, incluindo impostos e “royalties”, atingiram 6,5 mil milhões de dólares entre Janeiro e Setembro, em linha com o total do ano passado, e ainda com um trimestre inteiro até ao final do ano.

Angola, que em Janeiro de 2015 assume a presidência do Processo Kimberley, dá mostras de pretender dinamizar a indústria de diamantes, nomeadamente na área da lapidação e outras a jusante, iniciativa aplaudida pela Economist Intelligence Unit.

“Actividades de valor acrescentado no sector dos diamantes podem ter um impacto positivo em termos de emprego e diversificação económica”, afirma a EIU num dos mais recentes relatórios sobre Angola, embora salientando que se tratam de iniciativas em fase de lançamento.

Angola retomou recentemente a lapidação de diamantes, na unidade de Luanda e projecta a construção de uma segunda unidade no Lobito, província de Benguela.

Para a Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama) o principal objectivo é criar uma nova indústria de lapidação de pedras preciosas e de produção de jóias desenhadas localmente, envolvendo “designers” e artistas angolanos.

As iniciativas das autoridades passam também pela regularização do sector mineiro informal, o chamado “garimpo”, através de licenças de operação e de cooperativas de garimpeiros, nomeadamente na província do Bié.

A recente quebra do preço do petróleo nos mercados internacionais tem causado preocupação em Angola, dado que o país depende em grande medida desta matéria-prima para as suas exportações e para a obtenção de divisas, dois vectores que a recuperação do sector dos diamantes permite compensar.

Angola está entre os cinco maiores produtores de diamantes do mundo em valor e entre os dez maiores em quantidade.

A venda de diamantes extraídos em Angola cresceu 18% no primeiro semestre, ao preço médio de 155 dólares por quilate, e a produção de diamantes atingiu 4,26 milhões de quilates, o que correspondeu a um crescimento de 4% em relação ao período homólogo, de acordo com a Endiama.

Um total de sete projectos, com destaque para Catoca, Cuango e Chitotolo, contribuíram para o aumento da produção de diamantes.

Emirados Árabes Unidos, Hong Kong e Israel foram os principais destinos dos diamantes extraídos em Angola.

Também a contribuir para o dinamismo do sector estão os trabalhos de prospecção, em particular dos depósitos do Lulo, que dentro de 2 anos pode tornar-se na maior mina no país, suplantando a da Catoca.

Em Junho passado, um relatório da consultora Canaccord Genuity Group Inc. afirmava que, mesmo num estado inicial, os trabalhos de prospecção eram “imensamente encorajantes” e que a Lucapa Diamond Co., empresa australiana que é a maior accionista da concessão do Lulo, salientava o elevado valor das pedras preciosas ali encontradas.

Segundo a empresa, o valor médio das pedras obtidas no Lulo ascende a 6533 dólares, enquanto as da Catoca, quarta maior mina de quimberlitos do mundo, ronda 100 dólares.

A jazida do Lulo situa-se a apenas 150 quilómetros da Catoca e tem cerca de quatro vezes o tamanho desta, que em 2012 proporcionou receitas de perto de 600 milhões de dólares.