Huíla - Os resultados provisórios do Censo Geral da população e Habitação apresentados, ao meio deste ano, relativos a província da Huila estão muito aquém da realidade, revelou uma fonte bem posicionada nesse processo. As localidades como Caholo, Kapunda Kavilongo e Tchivemba, afectas aos municípios da Chibia e Chiange, são algumas das áreas onde diz-se terem sido registados o maior número destas ocorrências.

Fonte: O País
Censo.jpg - 41.35 KBDe acordo com a mesma fonte, várias são as comunidades rurais que colocaram-se a margem deste processo de Censo Geral da População devido a um alegado descontentamento da parte das mesmas, resultante do número elevado de crianças em idade escolar e que ainda não possuem o registo de nascimento. As localidades como Caholo, Kapunda Kavilongo e Tchivemba, afectas aos municípios da Chibia e Chiange, são algumas das áreas onde diz-se terem sido registados o maior número destas ocorrências.

Uma situação que, segundo O PAIS apurou, tem estado a tirar o sono a estas populações maioritariamente do grupo etnolinguístico Nhaneka- Humbe, integrando também outros pequenos grupos, tais como: Umbundus, Ganguelas, Tchokués, Vátuas, Kuisis, Koi-sans e de raça mista de origem paterna europeia. Apesar de dedicar-se maioritariamente a agro-pecuária e de auto subsistência, estas comunidades já encaram a formação dos seus filhos como sendo um elemento de capital importância, um processo que passa inicialmente pelo registo de identidade dessas comunidades.

A situação é interpretada pelas comunidades como uma falta de vontade política da parte de quem governa, daí terem decidido deitar por terra este processo, através da não adesão.

“Estamos cansados de pedir para virem registar as nossas crianças. Queremos que elas pelo menos estudem para não ficarem como nós, sem saber escrever” desabafou o pastor de gado que se identificou por Tchapinga, uma atitude contestada por um especialista comunitário que atribui em parte a culpa à falta de maior sensibilização e informação deste processo às comunidades. “Houve pouca informação contextualizada, sobretudo faltou em Línguas Nacionais” reconheceu.

O PAÍS não conseguiu apurar o número estimado de descontentes nestas zonas, mas constatou ser grande. Para se ter uma ideia, a população do Município da Chibia é estimada em 206.506 habitantes, correspondente a uma densidade populacional de 39,10 habitantes/Km quadrado.

Dados estatísticos preliminares da população da Huila

A divulgação recente dos resultados preliminares do Censo Geral da População e Habitação colocaram a Huíla como a segunda província mais habitada do país. De acordo com os dados preliminares, a Huíla soma 2 milhões 354 mil e 398 habitantes, ou seja quase 10 por cento da população de Angola.

Questionado um sociólogo se estes números podem ser reflectidos no desenvolvimento ou ao menos facilitar a planificação, o mesmo esclareceu tratarem-se de dados “preliminares”, que não permitem aferir absolutamente nada.

Os dados provisórios do censo geral da população apontam o município do Lubango como a região mais habitada, seguida dos municípios da Matala, Chibia e Caluquembe. A circunscrição menos habitada e mais distante da capital da Huíla , isto é a cerca de 450 quilómetros, é a do Chipindo com pouco mais de 61 mil habitantes.

Historial do Município da Chibia

Chibia começou a despertar interesses por volta de 1880, mercê da fertilidade dos terrenos do vale do rio Tchipumphunhime, sub-afluente do rio Cunene.

O primeiro grupo teve como suporte os depoimentos do mais velho Manuel Tyekomo, camponês, nascido em 1915, natural de Kapolowila, filho de Biligongo e de Ndjwenga, descendente do Muendja, irmão do rei Mbuta, da Tua-Chibia.

O nome Chibia foi atribuído pelos Colonos portugueses, partindo do nome de um Chefe nativo que se chamava MWENDJA, com o pseudónimo de KETYI IVI (não escuta Conselhos) que se opunha a ocupação colonial. Era irmão do Rei da Tua, de nome MBUTA.

Muendja “ketyi ivi”, termo que os colonos portugueses transformaram para (Chibia) tinha instalado o seu quimbo ao arredor da Mulemba que se situa no actual Parque Infantil da Chibia.

Responsável do Censo na província minimiza a situação

O coordenador provincial do Gabinete Central do Censo do Instituto Nacional de Estatística na Huíla, Sobral Catrapila, minimizou a situação tendo assegurado que isto não afectará as contas finais, uma vez que os números não são expressivos.

Aquele responsável que considerou satisfatórios os dados da operação, decorrida de 16 a 31 de Maio deste ano, indica que Lubango, com 731.575 habitantes, é o mais populoso, representando 31,1 por cento da população da província, seguido pela Matala com 243.939, Chibia 181.431 e Caluquembe 169.420. O município de Caconda vem a seguir com 159.908, Quipungo 146.914, Cacula 128.411, Tchicomba 127.273, Jamba 100.910, Humpata 82.758, Gambos 75.988, Cuvango 75.805, Quilengues 68.682 e Tchipindo 61.385.

Sobral Catrapila disse também que na Huíla existem 30 pessoas por cada quilómetro quadrado, cuja população residente é maioritariamente constituída por mulheres, embora a disparidade não seja substancial, tendo em conta os 52,5 por cento de mulheres e 47,5 homens. Os dados estatísticos da Huíla indicam igualmente que existem na província cerca de 90 homens para cada 100 mulheres. Os municípios de Quilengues e da Humpata apresentam a proporção mais alta da população em áreas rurais, enquanto o Lubango apresenta a proporção mais baixa.