Dr. Martin Luther King, Jr. nasceu a 15 de Janeiro de 1929.  Para a sua filosofia de vida bebeu do puro nectar dos ensinamentos de Jesus e mais tarde incorporou também a filosofia de actuação do líder indiano Mahatma Ghandi (líder do movimento não-violento que lutou contra o sistema apartheid na África do Sul e na Índia, levando à independência desta última e ao lançamento das bases para a resistência não-violenta no primeiro).

Para a FpD, Martin Luther King é uma inspiração. Tivemos a oportunidade de consultar alguns apontamento sobre a filosofia de não-violência, apontamentos que agora expomos (muitos na íntegra) e divulgamos à sociedade angolana.

Recordamos que o Presidente Eleito Barack Obama sempre deixou claro a sua grande admiração e sentimento de influência - por parte da vida e obra do Reverendo King - na sua pessoa. Para muitos analistas, Obama é nada mais nada menos que o fruto das boas sementes que a não-violência de King semearam muitos anos antes nos Estados Unidos da América. A América não teria um Presidente Eleito como Obama se não fosse pelo trabalho que Dr King teve anos antes. Para muitos, a eleição de Obama, constitui mais uma prova de que a não-violência resulta.

A NÃO-VIOLÊNCIA EM KING

O Reverendo King ficou tocado profundamente pelo conceito (indiano) de satyagraha, que significa "a força da verdade ou força do amor". Ele comprendeu que a doutrina Cristã do amor operando pelos métodos da não-violência do movimento de Ghandi era a mais poderosa arma disponível para os povos oprimidos na sua luta pela liberdade.

Apresentamos os 6(seis) pontos da filosofia de não-violência de Reverendo Martin Luther King:

1 - Embora a não-violência possa ser percebida como cobardia, a não-violência não é cobardia. De facto, a não-violência é um método de resistência. De acordo com o Dr King, um cidadão não-violento é tão activo e forte como um cidadão violento. Embora não seja agressivo fisicamente "a sua mente e emoções estão sempre activas, constantemente em busca de presuadir o oponente de que este está enganado". A não-violência é a acção dos corajosos, dos fortes. Uma forma superior de luta: a resistência, a não-cooperação não-violenta.

2 - O propósito da resistência não-violenta não é o de humilhar ou esmagar o seu oponente, mas antes o de ganhar a sua amizade e compreensão. Provocar um despertar. O uso de boicotes, greves, protestos, acções de não-cooperação e outros métodos, são "meios para despertar um sentido de vergonha moral no oponente". Por que a vergonha é uma componente importante para a boa vivência humana: é a vergonha que nos impede de cometer todo o tipo de disparates, roubos, mentiras, atitudes arrogantes ou pedantes e violações de todo o tipo. O resultado da não-violência era portanto a redenção, a reconciliação, a paz, a irmandade, a fraternidade; ao invés do rancor, caos e problemas que nasciam da resistência violenta.

O sentido de vergonha é importante pois embora seja natural que as pessoas por vezes cometam erros - o que é inevitável - a ausência de vergonha leva a que a pessoa não corrija a sua postura. É perigoso não termos um sentido de vergonha, significa que nos faltam os mínimos de valores morais. Não se quer um sentimento de culpa mas antes o sentimento de vergonha o qual leva à acção medicinal de mudança de postura. É portanto importante alimentar boas acções, acções positivas, acções que geram bem-estar geral e não acções que levam à vergonha.

3 - A batalha é contra as forças do mal e não contra indivíduos. A batalha é contra as ideias que provocam o mal e não contra a vida(das pessoas). A tensão não é entre raças(ou Etnias, ou tribos, ou nações), credos, visões políticas, classes sociais ou pessoas; a tensão é "entre a justiça e a injustiça, é entre as forças da luz e as forças das trevas". Existe a necessidade de se despertar aqueles que se deixam levar pelas forças do mal. Portanto a tensão existe apenas entre o bem e o mal, entre a verdade e a mentira, e não entre as pessoas. As pessoas devem apenas descobrir ou re-descobrir a sua união cósmica de companheirismo.

4 - A resistência não-violenta requer a percepção e a aceitação de que na batalha haverá sofrimento. A pessoa deve receber/absorver a violência do outro sem retaliar com violência e se necessário fôr, ir para a cadeia. O objectivo é importante, a retaliação violenta é uma distracção ao objectivo, por isso a violência deve ser abolida. King ensinava que a aceitação do sofrimento (por parte do resistente não-violento) leva a uma imensa desgarga emocional no violento e que do processo é criada uma "tremenda capacidade de ser educado e se transformar" (no violento). Esse processo gera uma poderosa ferramenta que leva à mudança de mentalidade no oponente(violento), ele muda da postura violenta para uma postura de fraternidade e união, em paz.

5 - King explicou que "o universo está do lado da justiça", está do lado do bem.
Na mesma perspectiva as pessoas possuem "uma ligação de companheirismo cósmica" com as outras pessoas e com Deus, e Deus está do lado da verdade. Por esses motivos o activista não-violento tem fé de que a justiça virá. Ela virá porque é a ordem natural das coisas.

6 - O ponto central para o método da resistência não-violenta: não só a violência física é posta de lado mas também a "violência interna do espírito" é posta de lado. São postas de lado todas as posturas que destroem o elevar da humanidade, a saber: resentimento, ódio, desejo de vingança, tortura, definir alguém como inimigo, falta de sensibilidade para com a dor do outro, a intolerância, a filosofia do "vale tudo", a arrogância, a falta de humildade, o corromper, a falta de ética e moral, enfim, as posturas negativas e as emoções negativas em geral. Todas as componentes que criam "violência interna no espírito" são ausentes da mente do resistente da não-violência e em seu lugar está apenas o amor.

Cabe pois a cada um de nós estudar estes pontos, estudar a vida e obra de Martin Luther King e perceber o porquê de tão grande influência em Obama e inclusivé em Nelson Mandela. E o porquê de todo o "movimento Obama" ser tão forte e atraente como o é. É importante elevarmos a não-violência em Angola e é importante associarmos isso à elevação da nossa ética e moral.

As palavras não são o mais importante, o mais importante é o seu significado. Não se pode usar boas palavras num jogo vazio, agindo contra palavras como "paz", "democracia", ou contra o ideal "direitos humanos". É a acção quem fala mais alto do que as palavras.
Façamos de todas as nossas acções boas acções, acções de bem. Usemos palavras de bem mas acima de tudo ajamos em concordância com as palavras de bem que proferimos. Façamos o nosso país mudar para melhor.

«Sê a mudança que queres ver acontecer.»
- Mahatma Ghandi

«Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver numa nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.

Eu tenho hoje um sonho!»
- Reverendissimo Dr. Martin Luther King, no seu famoso discurso "I Have a dream", 1963

«Eu peço-vos que acreditem. Não só na minha capacidade de trazer verdadeira mudança (...) eu peço-vos que acreditem na vossa capacidade.»
- Presidente Eleito dos Estados Unidos da América, Barack Obama

«Não será presunçoso da nossa parte se incluirmos[nesta apresentação], entre os nossos antecessores, o nome de outro grande vencedor do Prémio Nobel da Paz, o falecido Afro-Americano, o político/activista e internacionalista, Reverendo Martin Luther King Jr.

Também ele lutou e morreu no esforço de realizar uma contribuição para a justa solução das mesmas grandes questões que nós tivemos que enfrentar enquanto Sul-africanos.

Falamos aqui do desafio das dicotomias da guerra e da paz, da violência e da não-violência, do racismo e da dignidade humana, da opressão e da repressão e da liberdade e dos direitos humanos, da pobreza e do fim da mesma.

Estamos hoje aqui nada mais como representantes de milhões do nosso povo que ousaram levantar-se contra um sistema social cuja verdadeira essência é a guerra, a violência, o racismo, a opressão, a repressão e o empobrecer de todo um povo.»
- Dr. Nelson Mandela, discurso de aceitação do Prémio Nobel da Paz, 1993.

«(...) aproveita para fazeres a tua viagem interior e reúne todas as tuas forças para te disponibilizares para aprenderes a fazer da mudança uma contante da tua vida. Paz, tolerância, amor, aprendizagem e mudança é o que te desejo (...).»
- Palmira Africano, dirigente da FpD in mensagem de Natal, 2008.

Sejamos um bom exemplo a seguir, façamos o bem, sejamos sinceros, sejamos honestos; é hora de agir, trilhamos o percurso de grandes heróis da humanidade. Angola é você. O futuro de Angola depende da nossa boa acção. Vamos juntos na paz pela paz!

Fonte: www.fpd-angola.com