Luanda - Para alguém como eu, que enquanto adolescente em 1974, teve a primeira bandeira tanto do MPLA como da UNITA nas mãos e convivia com pioneiros da FNLA, acreditando na verdadeira união dos Movimentos, como cantou David Zé, entristece‐me ver e ouvir, políticos medíocres, pára‐quedistas e de ocasião que se creêm mais MPLA do que o próprio partido, como alguns da “linhagem” do deputado João Pinto ou até mesmo de “mais velhos” como é o caso do kota Onofre dos Santos, justificarem o injustificável e, pior ainda, sempre na perspectiva e na mira de alegrar o “chefe”, ou seja o “Ordem Superior”. Será tanto clientelismo, serventilismo, cegueira intelectual, omissão deliberada doentia ou a soberba ânsia de intimidar os que convosco não comungam ou alinham?

Fonte: Club-k.net

Após a proclamação da Independência, instaurou­se a I República caracterizada por um regime não democrático, pela existência de um único partido político (sistema monopartidário, classificação de Giovanni Sartori apud António José Fernandes – Introdução à Ciência Política. 3a edição. Porto Editora. Porto: 2010, p.201), supressão na constituição formal dos direitos liberdades e alguns direitos garantias a favor do Estado poder (autoritarismo classificação de Lipset e Rokkan – party systems and voter alignments. Free press. New York: 1967, p.68), bem como a instituição de um sistema de economia centralizada (vide o preâmbulo da Lei constitucional de 1975).

A Lei constitucional de 1975 foi sofrendo sucessivas revisões (vide as revisões de 1976, 1977, 1978 e 198

Ora vejamos. Começaria pelo jovem e inspirado deputado João Pinto: "a alteração dos símbolos nacionais e da Constituição não constam na agenda política do MPLA” ou “É um limite constitucional que em momentos de recessão económica ou em estado de crise, não pode se alterar a Constituição”.

Como académico e vice‐presidente da bancada do “maioritário” que é, não acharia que, como compatriotas que somos, merecemos um pouquinho mais de consideração, respeito e responsabilidade naquilo que públicamente falamos? Muitos, tal como eu, que por ingenuidade e imaturidade que nos foi imposta pelos tempos, épocas e circunstâncias, serão de opinião que, do então célebre e glorioso slogan “O MPLA é o povo e o povo é o MPLA”, nada mais resta senão tristes malambas. É igual e sobejamente sabido que, o MPLA, faz‐se valer da sua bandeira, o hino nacional, cujas côres e letras se confundem e se prostituem nas côres da bandeira que forçosamente nos foi imposta em 1975 como sendo bandeira da República, e em símbolos nacionais disseminados em tudo quanto é instituíção do estado e não só.

Concomitantemente, a imprensa pública, nomeadamente a RNA, a TPA, a ANGOP e o Jornal de ANGOLA e como se não bastasse até o ANGONOTÌCIAS, outrora “privado” também veio engordar a lista de instrumentos partidário para desinformar e intoxicar os angolanos. Assim então fica como? Não se chama isso concorrência política desleal? Depois vem alguém, como o Sr. Raúl Diniz, que sempre até o achei lúcido, perguntar se: Alguém viu por por aí a UNITA?

Meus irmãos sejamos honestos e isentos de emoções ou ilusões: que oposição pôde fazer frente com um partido que governa num sistema e ao estilo completamente absolutista para não dizer totalitarista, autoritarista e ditatorial? Não é caso para dizer que, se ainda respiramos o oxigénio que respiramos, é mesmo graças a UNITA, a CASA‐CE e o PRS? Não seria melhor o Sr. Diniz se tivesse perguntando: Onde andam a sociedade e a coragem civís – alguém as viu por aí?

Quanto ao senhor Onofre dos Santos, deus lhe perdoe sua sinistra passagem pela CNE aquando das primeiras eleições de 1992 assim como perdoe a Sra Margareth Anstee, então Representante Especial em Angola do Secretário Geral das Nações Unidas. Este senhor seria o último a intrometer‐ se ou em emitir quaisquer que sejam opiniões públicas sobre eleições, leis eleitorais, côres de bandeiras e tudo mais em Angola, pois milhões de angolanos ainda não digeriram as consequências de sua sinistralidade política e até mesmo social á luz das eleições já mencionada.

Senão vejamos, “A UNITA só pode dizer uma coisa: o MPLA ganhou 70% mas fê‐lo com fraude. Se a UNITA vier com este argumento para tentar trocar a bandeira e o hino, perde a partida, porque não há ninguém que possa admitir isso como um pressuposto” e como se estivesse professando acrescenta: “para fazer a campanha de que o MPLA serve‐se da bandeira e do hino para ter maioria, usando estes argumentos, eu receio que a resposta vai ser um autêntico muro das lamentações no parlamento”. O “profeta” Onofre dos Santos continua: “Em primeiro lugar, eu não sei se separando as eleições eles[oposição] acham que podem ganhar alguma[eleição]. Se algum destes partidos achar que o facto de as eleições serem conjuntas ou separadas terá qualquer efeito sobre os resultados eleitorais, não creio que está pretensão terá algum futuro”.

Meus compatriotas e irmãos, como alguém já escreveu recentemente neste espaço, “ é preciso ter peito” para aturar tamanhos absurdos e, pâsme‐se, pronunciamentos de alguém que se diz juíz e constitucionalista. Sinto pena e confesso doer‐me literalmente o coração, ver que nossos jovens estudantes de direito e não só, tenham que “engolir” tanto absurdo que não sei quanto tempo levarão para os digerir.

Entretanto e para concluir apelo ao Sr. Onofre dos Santos que vá persuadir seu “Ordem Superior”, já que estou mesmo convencido de que terá sido ordenado superiormente para trazer tanta babuzeira ao público, para que ele se deixe eleger pela via directa, ou seja que ele mande o seu “glorioso” partido desaprovar a “fórmula mágica” por ele inventada, ou seja a constituíção atípica, que simplesmente demonstrou mais uma vez que o MPLA, não consegue existir sem manipulações e concorrência leal.

Enquanto isso, que os deuses continuem a abençoar vossa longevidade governamental mas que satanás não descanse. Tenho dito!