Luanda - Assistimos todos os dias nos Órgãos de comunicação social públicos, a frase “diversificação da economia”. É óbvio que o país vive momentos de grande reflexão sobre que rumo deverá tomar a economia nacional, Face a queda do preço do Barril do petróleo nos mercados internacionais, o que afectou sem dúvidas o mercado Angolano.

Fonte: Club-k.net

E o dilema da diversificação da economia angolana

O primeiro paço a ser tomado consiste em reconhecer que cometeram- se erros. O Executivo precisa reconhecer que levou o país numa realidade ilusória ao pensar que a elevada dependência no sector petrolífero e nas actividades de Importações poderia solidificar a economia Nacional. O Executivo Angolano desde então ignorou as PME (Pequenas e Medias Empresas), que são decisivas para a estruturação empresarial. As PME desempenham um papel importante na economia de qualquer país, pelo seu dinamismo bastante superior ao das grandes empresas e contribuem em grande medida para o crescimento do rendimento nacional e na geração de milhares de postos de emprego. As estatísticas actuais apontam que nos países emergentes as PME são responsáveis pela geração de 40 a 47% de postos de trabalho e contribuem com 25 e 30% para o produto interno bruto (PIB). Por isso, estas unidades económicas devem ser vistas do ponto de vista macro e micro pois, contribuem para o aumento de prestação de serviço com valor acrescido e na cobertura de actividades económicas fora do segmento de negócios das grandes empresas.

Aliado a isso, posso afirmar que o modelo de empreendedorismo Angolano é ainda muito informal, assente em actividades de importação com baixa incorporação nacional. Por esta razão, a taxa de sucesso da iniciação empresarial em Angola é de 4% ao final do primeiro ano, segundo pesquisas. Pelo que, apesar de algumas iniciativas nomeadamente a legislação especifica de apoio e estimulo as MPME nacionais – Lei 30/11 de 13 de Setembro (PDMPMEs); o surgimento do Guiché Único; do Programa Angola Investe; INAPEM (Instituto Nacional de apoio as Micro, Pequenas e Médias Empresas); do BUE (Balcão Único do Empreendedor) etc. O país se confronta ainda com um défice de participação empresarial, devido a adopção de políticas desajustadas e desestimulantes a iniciativa e criatividade empresarial dos cidadãos Angolanos, pelos seguintes factores: dificuldade de acesso ao crédito por parte dos reais empresários Angolanos, associado a fortes exigências de garantias por parte dos credores assim como o fraco incentivo a produção nacional, dando primazia aos investidores estrangeiros que assentam a sua actividade económica a base das importações. “O Estado Angolano nos últimos tempos tem levado a cabo acções que visem reduzir as importações com o objectivo de estimular a economia nacional”. Isto foi dito por certos governantes, na perspectiva de passar a impressão de que se está a trilhar caminhos para uma economia auto sustentável. No entanto estes governantes esqueceram-se de um pormenor, sabemos todos de antemão que o país carece de

matéria-prima capas de promover a auto sustentabilidade de um produto. De realçar que há toda uma necessidade de se reformular estratégias concretas de modos a que haja fiabilidade nas intenções de reformas económicas porque enquanto o país não for auto dependente do ponto de vista da aquisição de matérias-primas para garantir uma produtividade sustentável, vai continuar e por muito tempo dependente das Importações. O que vai relegar sem dúvidas a economia nacional para o segundo plana.

A fuga ao fisco constitui também um dos indicadores negativos da economia Nacional. O Estado precisa ter o controlo das unidades económicas para permitir a captação de receitas reais que podem contribuir para o OGE. No entanto e para o êxito do mesmo, em primeiro lugar terá que levar a cabo um combate cerrado a corrupção instalada. Porém fica a pergunta, será que os governantes deste país são capazes de lutar contra a corrupção por eles institucionalizada-?

Aliado a isso, as forcas produtivas nacionais, devem estar organizadas e estruturadas de tal maneira que permita aos agentes económicos gizar estratégias consentâneas a satisfação das suas necessidades, onde a maior responsabilidade cabe ao estado. É também importante referir que a pauta aduaneira em vigor no país merece uma avaliação; não só para salvaguardar os elementos basilares mas também para garantir a sua aplicação sem especulação.

Num breve estudo Comparado interessa referir o seguinte:

O Dr. W. Edwards Deming, Estatístico e Consultor das Empresas Americanas, a quem se atribuiu a paternidade do prémio Deming, a maior Oraria que uma Empresa Japonesa pode receber por qualidade e desempenho, um premio criado em reconhecimento pelo grande contributo do Dr. Deming a recuperação da economia do Japão no pós guerra. Em todas as empresas Americanas onde foi consultor, apelou constantemente a uma mudança de atitude, a uma transformação, face o declínio de que era alvo a indústria Ocidental (o que ficou confirmado anos depois, com a crise económica mundial, ao meu entender), apontando 5 Doenças fatais da Administração “ Management five deadly Diseases”. Das quais trago para este texto 3 que no meu ponto de vista Coincidem com aquilo a que usando as mesmas palavras posso considerar as doenças fatais da Governação Angolana. Nomeadamente:

1. Falta de Objectivo Constante. O que significa; pensar a curto prazo. Durante muitos anos o barril do petróleo se manteve acima de 100 USD Americanos, com uma previsão Orçamental no OGE não superior a 80 USD O barril. O que significa ouve sempre um excedente que numa visão a médio e longo prazo, estaria agora a cobrir este défice preenchendo assim a diferença no OGE 2015. Pelo que dispensar-se-ia a prematura revisão orçamental do mesmo. Esta Falta

 

de definição e metas a médio e longo prazo, Hoje faz com que a balança pese mais do lado do cidadão comum que vê a sua vida dificultada a todos os níveis. O que vem sem dúvidas confirmar a incompetência Governativa do MPLA, que durante estes anos todos foi induzindo em erro os cidadãos sobre uma suposta estabilidade económica do país que nunca existiu. E aliás, não existirá enquanto estiverem no poder porque não tem nada mais a dar. Quem não soube gerir o país durante 39 anos de Governação não vai conseguir agora faltando apenas aproximadamente 2 anos, já que 2017 deve ser o limite para esta governação desastrosa de José Eduardo dos Santos.

2. Ênfase nos lucros imediatos. Consiste em dar primazia aos dividendos; custe o que custar, não importa as consequências futuras importa sim os rendimentos imediatos, as comissões. Grande capacidade de criatividade mas tudo numa perspectiva de lucros imediatos a todo o custo, esta acção é devastadora para um planeamento a longo prazo e para se manter no mercado de forma estável. Os especialistas afirmam que esta acção não pode coexistir com estabilidade. Os Governantes Angolanos optaram por dar primazia nesta vertente de lucros imediatos usando de forma inadequada as receitas provenientes do petróleo durante muitos anos, ignorando completamente outros segmentos da economia Nacional, pois o lucro imediato acelera o enriquecimento ilícito Através da delapidação do erário público. É importante que o cidadão saiba esta realidade e faca uma análise coerente de que país quer ver amanha; sobretudo a Juventude que tem responsabilidades acrescidas para com o futuro da Nação. O MPLA E José Eduardo dos Santos, assessorados por técnicos, economistas que fazem parte da esfera governamental muitos deles se dizem de dimensão internacional, arrastaram o país para uma situação inexplicável. O que está em causa aqui não é a queda do preço do petróleo apenas. Até porque, com a queda do preço do barril o ideal seria reduzir a exploração e captar receitas noutras áreas de produção. Deste modo estar-se- ia a pensar nas gerações vindouras já que se trata de um bem não renovável. O que está em causa é a forma irresponsável como foram utilizadas as receitas daí resultantes, pertencentes a todos nós e sem explicação plausível.

O Executivo Angolano não está em altura de traçar políticas capazes de dar resposta ao fenómeno do desemprego. Ora vejamos, ao invés de promover o emprego para permitir que os cidadãos atravessem esta faze crítica da melhor forma possível, faz exatamente o contrário. As políticas de contenção aplicadas, do ponto de vista económico vêm agravar ainda mais a problemática do Desemprego. O desemprego não é inevitável é sinónimo de uma má governação; de uma governação fracassada. Angola não é o único país afectado pela queda do preço do petróleo; Por isso, não Justifica a forma

 

propagandística a que se leva a cabo na imprensa pública. Não se pode conceber a diversificação como instrumento fiável do desenvolvimento económico, enquanto não se fizer um diagnóstico real do que se deve diversificar e que medidas se devem tomar para garantir a sua sustentabilidade. Sem este diagnóstico a diversificação de que tanto se fala, não passará de mera publicidade enganosa, promovida pela imprensa para cobrir as gafes do Executivo.

3. A Mobilidade na Administração/Governação. O famoso jogo de cadeiras, típico da Governação Angolana, constitui um dos elementos preocupantes; pois, retarda o desenvolvimento económico do país. Assistimos com frequência governantes, exonerados de um cargo por incompetência e nomeados automaticamente para outros cargos muitas das vezes fora do alcance das suas capacidades intelectuais, dado o seu pendor técnico, alguns chegam mesmo a assumir funções sem conhecimento prévio da tarefa que lhes é incumbida, isto tem levado a um ciclo vicioso de incompetência cujas consequências convertem-se na má prestação de serviço.

Estas e outras razoes levam-me a seguinte conclusão: É importante que os académicos, a sociedade em geral, reflictam seriamente sobre o futuro do Pais. Pois o ciclo político que Angola vive, baseado na vontade e em benefício de quem governa, por si só representa uma ameaça a verdadeira estabilidade, de que a economia Angolana precisa.

“Agostinho Kamuango”