Lisboa - A vereadora do PS na Câmara do Porto Carla Miranda criticou hoje o princípio subjacente à decisão de atribuir a medalha de Mérito Grau Ouro ao colecionador de arte Sindika Dokolo, que votou favoravelmente.

Fonte: TSF

ImageO executivo portuense aprovou hoje por unanimidade, em reunião de câmara privada, atribuir esta medalha de ouro ao colecionador de arte, marido de Isabel dos Santos, que vai apresentar na cidade uma exposição de arte contemporânea.

A vereadora do PS votou favoravelmente esta proposta, mas ainda hoje vai apresentar uma declaração de voto, porque tem «dúvidas se será suficiente para receber esta medalha apenas vir ao Porto divulgar o seu património».

Em declarações à Lusa, Carla Miranda afirmou que avisou esta manhã o executivo de que esta «foi a última vez que votou favoravelmente» a atribuição de uma medalha a alguma personalidade que «apenas toma contacto com a cidade».

«Existe um regulamento para atribuição de medalhas e para as de mérito é bem claro: ela deve ser dada a quem tenha praticado atos com assinaláveis benefícios para a cidade. Precisaríamos de mais benefícios para a cidade e para a população para lhe atribuir esta medalha», disse.

Em declarações aos jornalistas no final da reunião de câmara, o vereador da CDU, Pedro Carvalho, considerou que esta atribuição «se justifica e faz sentido», mas entende que «tem de haver parcimónia para justificar depois o dia de atribuição das medalhas», em cerimónia própria.

Carla Miranda disse não estar em causa o colecionador e a exposição que vai trazer à cidade, apenas o princípio da atribuição da medalha a Sindika Dokolo, lembrando que considerou «um devaneio do senhor presidente Rui Moreira» a atribuição, em setembro, da medalha de honra da cidade a Oliver Stone.

Sindika Dokolo nasceu no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo, e foi educado pelos pais na Bélgica e em França, tendo começado aos 15 anos a constituir uma coleção de obras de arte, por iniciativa do pai, refere a proposta da autarquia.

«Em Luanda, constituiu a Fundação Sindika Dokolo, a fim de promover as artes e festivais de cultura em Angola e noutros países, com o objetivo de criar um centro de arte contemporânea que reúna não apenas peças de arte contemporânea africana, mas que, além disso, providencie as condições e atividades necessárias para integrar os artistas africanos nos círculos internacionais do mundo da arte», acrescenta.