Lisboa – O actual governador provincial do Huambo, Kundi Paihama é citado em meios competentes como estando na lista de devedores da alta hierarquia do MPLA, que beneficiaram créditos milionários mas que o Banco Espírito Santos de Angola (BESA), perdeu os rastos. Paihama terá usado os fundos para abertura do seu próprio banco privado, em parceria com um sócio português, António Ferreira.
Fonte: Club-k.net
Alegou que o sócio português robou-lhe o dinheiro
De acordo com uma cronologia da ocorrência, há cerca de 6 anos, o general Kundi Paihama admitiu publicamente (via Rádio LAC) que chegou a recorrer ao “Camarada Chefe” para beneficiar de um crédito bancário, já farto das curvas e contracurvas do gestor do banco. Não tardou muito, este governante assumiu, no inicio de 2010, durante uma visita a cidade Huambo, a titularidade do Banco Angolano de Comércio e Negócios (BANC), igualmente representado na província de Benguela.
Na sequencia de diligências do BESA, com vista a arrecadar, de forma faseada, os dinheiros emprestados, o general Kundi Paihama recusou devolver apontando o sócio português, como a figura a quem deveriam cobrar justificando que este lhe teria desviado 25 milhões de dólares enquanto administrador único e Presidente do Conselho de Administração das suas empresas (Finingest, Plurijogos e Gesti-Grupo).
António Ferreira, vulgo “Tony”, tem participações e/ou cargos sociais em negócios de K. Paihama tais como o BANC-Banco Angolano de Negócios e Comércio; Finangest, hotelaria e jogo; Gestimóvel, construção e imobiliário; Geogeste, mineração, com interesses nos granitos negros da Huíla e diamantes.
Por consequência das recusas de Paihama, o BESA, penhorou as acções do sócio português gerando reações controversas, uma vez que as participações de “Tony” Ferreira constituíam um activo particular, enquanto que para o empréstimo destinou-se a abertura de um banco, conforme estava expresso no próprio contrato de empréstimo.
Enquanto que o sócio português ficou envolto de uma ação de bloqueio de valores e ações que detinha, o general Kundi Paihama, por outro lado, acabou por ficar com o banco BANC, que o tem como sócio maioritário.
Divergências com o sócio
Paihama por seu turno abriu um processo judicial contra o seu antigo sócio acusando-o de desvio de 25 milhões de dólares. Porem, António Ferreira que se encontrava em Portugal e com receio de regressar a Angola, fez sair uma nota dizendo “o general Kundi Paihama e o seu grupo de seguidores sabem das irregularidades que praticaram e num acto que só posso considerar de desespero decidiram intentar uma acção contra mim. Só posso interpretar essa iniciativa como uma reacção face à queixa-crime que apresentei, que é um crime público e que expõe de forma clara e inequívoca o seu modus operandis, ultrapassando todos os limites de razoabilidade.”
"Desde 2009 que tenho sido impedido de me fazer representar nas assembleias gerais da Gesti-Grupo. (...) Desde 2009 que não tenho acesso a remunerações nem a dividendos que me são devidos, nem a informação das sociedades do grupo que criei e desenvolvi", escreveu, acrescentando: "E tenho-a solicitado, com frequência, quer à gestão, quer à fiscalização das sociedades".
O empresário diz ainda ter sido "alvo de pressões e ameaças ilegítimas várias", com o objetivo de o "afastar" do Gesti-Grupo. Segundo o comunicado, António Ferreira diz ter iniciado negócios em Angola há duas décadas e ter travado conhecimento com Kundi Paihama nessa altura.
Reconciliação das partes
No inicio de 2014, o então ministro dos Antigos Combatentes Kundi Paihama e o ex- sócio português António Ferreira chegaram a um entendimento, encorajado por responsáveis do regime, pondo fim ao período de hostilização mútua que deram lugar a intimidações judiciais. No entendimento que ambos estabeleceram, terá contado com a admissão mútua de culpas. António Ferreira que é casado com a fadista Mariza, passou a viajar a Angola, sem receio de perseguições do seu ex-amigo.
Por outro lado, tanto Paihama como o sócio Ferreira, não poderão ser incomodados pelo BESA, uma vez que o Presidente José Eduardo dos Santos emitiu uma garantia soberana salvando todos os devedores da cúpula do regime que contraíram créditos milionários sem garantias, neste banco comercial privado.