Luanda - O que está a acontecer com o portal “Club-K”, que se autodenomina “espaço informativo angolano ao serviço de Angola”, é muito grave. Ninguém pode ficar indiferente à matança da credibilidade do Estado angolano, de pessoas e instituições angolanas, que se faz nesse espaço sem lei na Internet.

Fonte:  Jornal de Angola

Club-K: Um terreno sem justiça e nem lei  

O assassinato do bom-nome e da honra de pessoas e instituições angolanas é diário, numa impunidade que começa a ter conivência e até estímulo dos que caluniam, injuriam, desonram.

Ninguém sabe quem são os donos desse “Club-K”. O portal não fornece esses dados exigidos por lei. As informações ali publicadas são fruto do roubo descarado e ilegal. As notícias e cartoons roubados ao Jornal de Angola são publicados como se de propriedade dos ladrões fossem.

Não existe respeito pelos direitos autorais. A maior parte das matérias publicadas no “Club-K” tem como origem Portugal e África do Sul. Mas, estranho que organismos públicos nacionais começassem a  incluir esse portal  sem lei entre os destinatários dos seus comunicados.

Os animadores do portal “Club-K” fazem-se passar por jornalistas, mas não são. Traficantes como eles, não deve haver melhor. A Internet está povoada desses autênticos matadouros da honra e do bom-nome de cidadãos indefesos e os matadores apresentam-se como jornalistas.

O “Club-K” é uma fonte permanente de intriga, insulto rasteiro, calúnia deliberada, ataques à honra de figuras e instituições públicas ou quem caia na desgraça dos donos cobardes e criminosos que lhes pagam. Numa espécie de humor negro, os seus mentores dizem que dão “notícias imparciais”.

Artur  Queiroz é um dos maiores repórteres do mundo

Nestas coisas nada melhor do que dar mais exemplos. Eu já fui várias vezes notícia nessa terra da impunidade e os caluniadores nunca se dignaram ouvir-me. Por isso, podem ser tudo, menos imparciais. Publicaram a história pessoal do jornalista Artur  Queiroz, um dos maiores repórteres do mundo, sem se preocuparem saber se ela é verdadeira.

Citam nomes de outros traficantes apenas para chancelar mentiras e injúrias contra um profissional do jornalismo angolano que desenvolve a sua actividade jornalística no Jornal de Angola. É fácil confirmar tudo o que quiserem sobre mim ou sobre ele. Não o fazem porque quem lhes paga aposta mesmo na mentira insidiosa, na calúnia e na injúria, violando todas as regras éticas, a Lei e a Constituição da República.

A dimensão do crime impune que se pratica no “Club-K” é tão grande que não poupa sequer o uso de imagens de crianças, de órgãos genitais, de ameaças de morte e atentados que só são tolerados no nosso país por quem pensa que Angola é um país “especial” que está imune às redes terroristas e do tráfico de toda a espécie.

Só para conhecimento dos mais distraídos, é preciso denunciar que já decorre na Internet, ao que parece com sucesso, um “casting” de prostitutas angolanas, promovido por traficantes internacionais.

O “Club-K” está dentro desse mundo do terrorismo mediático e criminoso internacional. Os seus “colaboradores” colocam as “notícias” online e depois crivam as suas vítimas de facadas, com comentários inventados ou encomendados, em nome da liberdade de expressão. Ora, os julgamentos populares nada têm a ver com o jornalismo. A demagogia e o populismo nada têm a ver com a livre expressão do pensamento. Pelo contrário, são armas e argumentos para matar a liberdade e afogar a democracia em lixo mediático.

Os portais só podem existir com um registo e licença emitida por serviços oficiais idóneos. Nenhum órgão pode circular se não tiver um director, uma administração e, se for privado, a distribuição do capital. Se estas regras forem cumpridas, pelo menos as vítimas dos assassinatos de carácter e das calúnias têm de quem se queixar.

No “Club-K” e outras máquinas de roubar a honra alheia não existe nada. Ninguém sabe quem é responsável pelos conteúdos. É certo que alguns jornalistas aparecem nesses matadouros da honra e bom-nome.  A confusão atinge assim o estágio supremo e fica instalado o caos mediático, que é um sério concorrente ao lixo que se acumula fetidamente no sistema.

Se sou difamado e injuriado, quero saber quem me está a agredir. E, sobretudo, quero poder decidir se recorro à Justiça, para que os agressores sejam responsabilizados. Nada feito. Ninguém sabe quem está por trás da mais insidiosa máquina de assassinar que dá pelo nome de “Club-K” que faz lembrar os tempos da propaganda hostil e é bem aproveitada pela corrente savimbista da UNITA.

Por uma questão de princípios, jamais defenderei que esses antros do banditismo sejam encerrados. Sempre defendi que o jornalismo se afirma pela qualidade e no combate político vence o mais justo e honrado. Mas exijo dos reguladores, auto-reguladores e poderes públicos que acabem com a legitimação da ilegalidade e a impunidade de quem faz da intriga, da mentira, da calúnia e da injúria um modo de vida.

O Conselho de Comunicação Social, que aprova todos os meses uma deliberação sobre o desempenho da imprensa, nunca se debruçou sobre o assunto. Os cidadãos honrados não podem ser uma espécie de alvos desses indivíduos que disparam sadicamente e na maior das impunidades. Uma ferida no corpo cura-se. Uma ferida na honra é para sempre. Acompanha o lesado, mesmo depois da morte.

Os responsáveis dos matadouros da dignidade de pessoas tão diversas como o Presidente da República ou um simples jornalista, têm de dar a cara. As vítimas têm o direito de se defender. O que hoje está a acontecer é a lei da selva e se ninguém tomar medidas um dia destes acordamos submersos na falsa realidade construída por saudosistas do colonialismo e do apartheid, de Lisboa a Pretória.

Se de nada serve a lei, para quê mais legislação? Para aumentarem a impunidade, os caluniadores  foram até às Nações Unidas, em Genebra, propor que os crimes de abuso de liberdade de imprensa sejam descriminalizados e punidos apenas com multa. É o fim.

Roubar a honra e o bom-nome, lançar sobre um cidadão o anátema de corrupto, torturador e assassino passaria a ser punido da mesma maneira que um condutor apanhado em excesso de velocidade. Se isso vai para a frente, o Homem deixa de ser uma dignidade infinita, único e irrepetível. A partir daí, regressamos à escravatura mas não sabemos quem nos escraviza. Nem Kafka era capaz de compor um quadro mais absurdo.

 

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