Agora é a vez da SHOPRITE

Até hoje, algumas companhias petrolíferas estrangeiras continuam a resistir à determinação oficial de colocar quadros angolanos em lugares de chefi a. Em quase todas as empresas estrangeiras, os quadros nacionais ganham menos que os expatriados, não obstante fazerem o mesmo trabalho.

 

Agora, a SHOPRITE, cadeia de supermercados sul-africana, acha também que os angolanos não merecem ser tratados com deferência. Domingo passado, por exemplo, colocou uma única balança para atender as centenas de pessoas que foram às compras na sua loja principal, à Avenida Deolinda Rodrigues. Naquele dia, quem foi à SHOPRITE comprar meia dúzia de cenouras ou de batata rena não esperou menos de 15 minutos até ser atendido na única balança que funcionava.  «A outra balança está avariada», respondia, sorridente, o pobre empregado aos protestos dos muitos clientes.

 

Os estrangeiros dispensam esse tratamento desprezível aos angolanos porque têm o implícito beneplácito das autoridades deste país. Isto mesmo: os governantes deste país são responsáveis por isso. Se, por exemplo, eles cultivassem o bom e saudável hábito de ir às compras sozinhos ou em companhia dos cônjuges - por certo que tomariam providências face ao desprezo com que os estrangeiros tratam os angolanos.


Na Europa, na América e noutras partes do mundo, onde os governantes não perdem a face ou ficam diminuídos por irem às compras, o cidadão é tratado com toda a deferência.

 

Aqui não! Apesar dos milhões de dólares que arrecadam num abrir e fechar de olhos, os estrangeiros convenceram-se que o cidadão angolano é para ser tratado abaixo de cão.

 

Apesar de dirigirem um país com um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano, os governantes angolanos andam permanentemente com os narizes empinados, convencidos de que não se podem misturar com os cidadãos comuns sob pena de apanharem lepra.

 

Fonte: Semanario Angolense