Luanda - A indústria de bebidas já se ressente da escassez de divisas que se regista desde o último trimestre do ano passado. Muitas empresas não conseguem pagar aos fornecedores e, por isso, a matéria-prima começa a faltar.

Fonte: Nova Gazeta

De acordo com o presidente da Associação das Indústria de Bebidas de Angola (AIBA), Manuel Sumbula, durante algum tempo, os industriais de bebida recebiam a matéria-prima em forma de ‘kilapi’ aos fornecedores na perspectiva de pagar em tempo recorde.

Entretanto, o arrastar da situação faz com que estes já não aceitem fornecer a crédito, com receios de não planear quando chega o dinheiro.A Refriango, por exemplo, é das principais a assumir as dificuldades e tomou medidas de ajuste: encerrou duas linhas de produção, o que implicou a redução da produção.

Para este ano, a empresa tinha previsto o arranque de mais uma linha de produção e o recrutamento de cerca de 900 pessoas, mas os planos foram cancelados, revelou o presidente executivo, Carlos Santos, que admite estar a ver a situação da escassez de divisas “com muita preocupação”.

No entanto, aguarda por dias melhores, sob pena de poder ser obrigado a tomar “medidas extremas”, admitindo até despedimentos: “se não houver matéria-prima “não haverá trabalho e não havendo trabalho não teremos como manter os trabalhadores”. Contudo, Carlos Santos espera que “a situação não chegue a esse ponto porque estamos aqui para servir o mercado e promover o emprego”.

Apesar das dificuldades, o abastecimento, quer para o mercado interno quer para os dez países de África e até Portugal, para onde a Refriango exporta os produtos, continua assegurado graças ao ‘stock’ existente.
Carlos Santos apela a que se resolva o problema da escassez de divisas e afirma “não entender” que o banco central venda divisas aos bancos comerciais e estes não consigam atender aos pedidos de pagamento. Dá como exemplo, um pedido de pagamento solicitado em Novembro, mas que até ao momento ainda não foi efectuado.

Manuel Sumbula, administrador da Coca-Cola, defende a inclusão das indústrias de bebidas nas prioridades da venda de divisas. Para tal, na qualidade de presidente da Associação das Indústrias de Bebidas de Angola, tem mantido encontros com os ministérios da Indústria e do Comércio e já solicitou um encontro com o governador do BNA.

“Nos encontros que tivemos com os ministérios notamos que há um trabalho que está a ser feito, mas a necessidade de se encontrar uma solução é urgente porque há fabricas que ponderam encerrar”, afirmou.