Lisboa - A agência de notação financeira Moody's considerou hoje que o setor privado em Angola pode enfrentar dificuldades no financiamento bancário por causa da necessidade de liquidez do Estado e das empresas públicas, decorrente da descida das receitas estatais.

Fonte: Lusa

Numa análise aprofundada ao setor financeiro na África subsaariana, enviada hoje aos investidores, a agência de 'rating' norte-americana lembra que "Angola vai ter um défice orçamental de 3,5%, o que compara com um excedente entre 2010 e 2013" e prevê que "os empréstimos bancários aos governos exportadores de petróleo arriscam-se a 'secar' os empréstimos ao setor privado e podem também levar ao aumento do risco de crédito nas emissões de obrigações".

No documento, a Moody's explica que face ao aumento das emissões de obrigações como instrumento de financiamento dos Estados para compensar a descida nas receitas fiscais provenientes do petróleo, "as autoridades enfrentam riscos adicionais relativamente aos movimentos desordeiros de capital que podem comprometer ainda mais a sua capacidade para lidar com os desequilíbrios orçamentais".

Na análise que faz ao setor bancário da África subsaariana, a agência de notação financeira norte-americana sublinha ainda que o panorama não é homogéneo, sendo mais problemático nos países exportadores de petróleo, como a Nigéria e Angola, a braços com significativas descidas nas receitas fiscais provenientes deste setor.

A análise aprofundada ao setor, explica a Moody's, insere-se na estratégia de aumento da monitorização da banca africana, motivada essencialmente pelo aumento do interesse dos investidores na banca da África subsaariana, nomeadamente Nigéria e Angola.

"Como os investidores estão cada vez mais interessados nos bancos da África subsaariana, a Moody's também está a aumentar a monitorização dos maiores sistemas bancários da região, incluindo os da Nigéria, Angola, Gana e Quénia", lê-se na análise.

A Moody's considera que os bancos da África subsaariana vão expandir-se a um ritmo significativo, alicerçados no aumento da população com acesso à banca e no crescimento económico robusto da região, mas esta perspetiva positiva está, ainda assim, carregada de "muitas e variadas" ameaças.

A África subsaariana deve registar um crescimento de 4,5% do PIB este ano e 5,1% em 2016, de acordo com as projeções do Banco Mundial, ao passo que a penetração da banca na população cresceu de 24%, em 2011, para 34% atualmente, o que mostra "o potencial para a atividade bancária crescer exponencialmente".