Visao dos nossos líderes:

Ao serviço do neo-colonialismo

A bem-vinda dos  emigrantes  que agora, e indiscutivelmente, veem o país como o eldorado poderia ser melhor se o papel dos angolanos  nesse processo  não fosse visto como um papel de gente de sexta categoria, onde o produto e o esforço dos mesmos  é  sempre tido como a de menos-valia, até pelos governantes que aí estão, e que tanto merecem adoração, e  idolatria por excesso. Talvez por motivos de negligência, falta de responsabilidade, visão estratégica, seremos, sempre,  em primeiro  lugar, recordados    quando a pátria precisar de sacrifícios, e em último lugar, ou em sexta posição, quando a pátria tiver necessidade de dividir lucros e bem estar social.

 

Quem sabe mesmo, no plantio de couves, na sua colheita, as que não tiverem valor de mercado- as couves  moribundas-  serão distribuídas de forma caritativa aos mendigos. Como é a moda agora, fazer caridade, até  com  aquilo que é publico e alheio,  e  distribuídos  àqueles que quase sempre são discriminados nas filas e nas entrevistas de empregos, tidos como cidadãos de sexta categoria. Já que a estes de tanta miséria e no meio desta crise,  que só  gente bonita tira proveito ( e de cor, diga-se: caucasianos)  e que vem do além Terra,  estarão condenados a comer o pão que o Capitalismo  e a crise tem amassado.  Pior do que o Capitalismo e a crise não existe mais, o pão amassado pelo diabo, com certeza teria  o melhor  gostos para os pobres e os abandonados destas Terras!

 

Na discriminação das profissões de elite e especializadas  onde normalmente se torce o queixo para se empregar o nativo, muitas reclamações surgiram e surgem. Ao ponto de essas mesmas reclamações serem tidas como reclamações de gentes  racistas  e xenófobas e/ou até preguiçosas. A discriminação é tanta que ela pode ser vista  como um dos motivos das desigualdades sociais que vem crescendo no país. A prova disso é que até seguranças, pedreiros, possivelmente até caminhoneiros  estrangeiros  e de preferência vindo da Europa, e em especial de Portugal, serão ou estão sendo contratados.

 

Com relação aos seguranças a coisa chega a ser mais ridícula. Num país  em que a bem pouco tempo saiu da guerra, acredita-se que no mínimo entre dez homens, sete sabem empunhar uma arma, ou mesmo, prestaram serviços militares. Recordo que na época da guerra até pessoas com certas  deficiências  físicas  eram apanhado nas rusgas para enfrentar o exército, e cumpriam serviços militares. Sem contar que temos os problemas dos ex-combatentes que clamam por empregos dignos e por uma vida melhor pelo qual eles, com certeza, andaram lutando. Hoje nem essa gente serve para serem seguranças, ou mesmo para a reconstrução nacional. Abandonar as pessoas por qualquer motivo que seja é discriminação, é crime, principalmente, quando essas pessoas são os verdadeiros proprietários do objeto em disputa: as riquezas desse país.

 

A visão que nossos líderes por aí, se ainda, e assim, e por coragem se consideram, têm sobre  os recursos humanos nacionais; visão pejorativa é  escancarada, maldosa, oportunista  e ao serviço do neo-colonialismo. Esse neo-colonialismo  que não deixou de invocar a bandeira do racismo e  da humilhação; do racismo e da humilhação  que agora vem como um produto da reconstrução nacional, que necessariamente todos temos que nos submeter em nome de um Capitalismo que deve triunfar em nome  de uma minoria, e com a voz desta, que acredita ser intocável. Uma minoria arrogante e prepotente, e ainda, sentindo-se vitoriosa, e até supostamente legitimada.

 

Para não dizerem que sou um crítico em potencial, sem ideias sugestivas; um critico crônico e moribundo como aquelas couves  estragadas  que iram parar nas mesas dos pobres. A sugestão é: já que Angola está na moda, pelo menos para os portugueses e até alguns europeus e brasileiros, por que  não elaborar um plano de Governo e Estado  ambicioso  e pretensioso? Que consistiria em ir atrás  dos  “melhores” cérebros  dessas regiões- em vez de seguranças e pedreiros-, entre esses cérebros, estão as centenas ou até mesmo milhares de professores que o país precisa; professores em todos os  níveis. Ir atrás de serviços que gerem informação e Know How  para o país, e que essa informação e Know How recaia diretamente na vida de milhões de Angolanos. Por que, por exemplo, não usar a própria diáspora, que por certo têm experiência e competência para tal, para fazer lobby e atrair cérebros estrangeiros que pudessem prestar serviços ao país.

 

 A diáspora ao longo desse tempo tem feito amizades, sabe usar Angola como um baluarte para sustentar o seu orgulho de Angolanos  e Africanos que somos. Sabe até  como ajudar  e  invocar iniciativas. Por que quando as empresas contratam não vão atrás dessa gente,  e o estado não exige que essas empresas vão atrás dos mesmos. Além disso, quando supostamente tentam fazer  o critério sempre é discriminatório, usando-se todos os argumentos possíveis de não escolha. Falo da diáspora, igualmente, discriminada encoberta  na sua cor e  identidade de serem  negros  e  angolanos, como se isso fosse um crime. E que no fundo em qualquer país da Europa ou no Ocidente Capitalista, desenvolvido e democrático- mas tão miserável- são os que mais sofrem com as crises.


* Nelo de Carvalho
Fonte:
WWW.blog.comunidades.net/nelo