Lisboa - De forma a convencer os seus quadros internos, o regime angolano tem promovido a versão segundo as quais o grupo de jovens activistas acusados de planearem um “golpe de Estado” contra o Presidente José Eduardo dos Santos estavam a ser manipulados por embaixadas estrangeiras, em Luanda, e que iriam beneficiar de um financiamento de 100 milhões de dólares de forças do ocidente.

 Fonte: Club-k.net

Alegam que foram informados por um agente infiltrado

O regime tem transmitido ainda que estes dados foram obtidos por um agente identificado por “Dongala” que se encontrava infiltrado no seio dos jovens e que teria supostamente ouvido e gravado  tais intenções dos detidos no passado dia 16 de Junho.

 

No áudio gravado pelo suposto agente “Dongala” e que as autoridades apresentaram como prova do suposto plano de derrube a  JES, ouve-se também declarações do professor Universitario Domingos da Cruz defendendo que as ditaduras deveriam ser derrubadas mas que não podiam ser por via de golpes de Estado.

 

No dia 25 do corrente, o PGR, general João Maria de Sousa, foi ao parlamento apresentar a  gravação do agente "Dongala" aos deputados na qual apresentou  como evidencia de que os jovens estariam a preparar uma insurreição popular e rebelião contra o Presidente José Eduardo dos Santos.

Autoridades desistem de plano de colocar armas em casa dos jovens

 

No seguimento do anuncio da detenção dos jovens, o regime tencionava no momento das buscas e apreensões colocar três armas de fogos, em casa daqueles, para implica-los e  apresentar como prova de que queriam eliminar o Presidente José Eduardo dos Santos. O plano foi posto de lado, movidos por receios de que a população ou comunidade internacional colocasse duvidas na consistência desta  versão.

 

Plano B, em substituição da versão de posse de armas de fogo

 

Para dar consistência a tese do “Golpe de Estado”, as autoridades decidiram apresentar um jovem da força aérea Osvaldo Caholo, realçando as suas origens militares. Osvaldo Caholo não faz parte do grupo de manifestantes e nunca foi visto a participar na palestra sobre derrubes de ditaduras e luta pacifica pela Democracia.

 

De acordo com informações devidamente apuradas, Osvaldo Caholo cruzou certa vez com o jovem Nito Alves, num acto em Cacuaco que visou homenagear uma cidadã, Ermelinda Freitas, pelos seus feitos em prol daquele município.   Aproveitando-se deste dado,  o aparelho de segurança   decidiu prende-lo em separado  para insinuar que havia um militar entre os jovens mentores da  ocorrência do suposto “golpe de Estado” contra JES.

 

Caholo foi preso na manha do dia 24, quando eram, 7h20m. Os agentes da polícia bateram a porta de sua casa, simulando ser um vizinho que precisava de ajuda. Quando o mesmo saiu, vários agentes da DNIC prenderam-no, algemaram-no e levaram-no. Cerca de 40 minutos depois regressaram a casa onde se encontrava sua esposa e seu filho recém nascido e efectuaram uma revista levando livros, 2 computadores portáteis da família e 3 telefones, sendo dois da respectiva esposa.

 

PGR inicia interrogatórios

 

Os restantes jovens detidos começaram a ser ouvidos no dia 23, por sete procuradores, numa sessão que se estendeu até meia noite. Entretanto, a grande maioria das perguntas foram no sentido de conhecer quais são as intenções politicas dos visados, que ideias têm para o país após o derrube do presidente e que conexões têm com pessoas e entidades, já que foram presos na casa do Professor Alberto Neto que liderou o PDA – Partido da oposição. Os procuradores encaminharam com urgência o resultado dos seus inquéritos ao Procurador Geral da República.

 

Porque levantamento do tema de golpe de Estado ?

 

De acordo com versões de “insiders”, a detenção dos jovens activistas foi calculada para abafar o caso “Kalupeteka”. Há informações dando conta da existência  de  um grupo de lobbie estrangeiro  que estaria a fazer pressão as Nações Unidas no sentido de encaminhar o assunto para um Tribunal Internacional onde o Presidente José Eduardo dos Santos, seria politicamente responsabilizado pelas execuções ocorridas nas montanhas de Monte Sumé, uma vez que ele é o comandante-em-chefe das FAA, e as tropas, em Angola,  não podem efectuar realizações militares sem a sua previa autorização.  

 

Está a ser apresentado como evidencia do massacre em Monte Sumi, imagens captadas por via satélites que terão sido fornecidas por serviços secretos estrangeiros. Nas referidas imagens alega-se que através de novas tecnologias foram identificadas lugares entulhados com ossadas de seres humanos, que poderão pertencer a centenas de crentes da Igreja Luz do Mundo que se encontram desaparecidos desde Abril passado, data que ocorreram as execuções contra os religiosos.    

 

O levantamento do tema  do “Golpe de Estado”, segundo explicações, foi calculado a provocar dois efeitos. O primeiro seria de desviar as atenções sobre o caso “Kalupeteka” e do empréstimo da China que estava a gerar forte contestação popular contra o regime. O segundo objectivo serveria para causar sentimento de solidariedade  ao Presidente JES que perante a versão do suposto “Golpe de Estado”, seria visto como vitima de perseguição do ocidente e de embaixadas estrangeiras em Luanda.