Lisboa - O Presidente José Eduardo dos Santos é identificado em meios militares do regime como a entidade que há dois anos, “travou”, diretamente uma proposta do general Manuel Heldér Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, destinada a assinar um contrato de aquisição do histórico porta-aviões espanhol “Príncipe das Astúrias”, por 30 milhões de dólares.

Fonte: Club-k.net

Reparação custaria 400 milhões de dólares

O “Príncipe das Astúrias”, já retirado da frota da Marinha Espanhola, faz parte de um catálogo de navios de guerra abatidos ao activo (os surplus), para os quais o Ministério da Defesa, constituído em depositário dos mesmos, cuida de encontrar compradores.

 

De acordo com registros, tratou-se de um negócio que agiram como lobistas um empresário espanhol, de nome Hermosilla, e que contou com os “bons ofícios políticos” de José Bono, ex-ministro da Defesa e antigo presidente das cortes espanholas. Da parte angolana, fez as “pontes” o embaixador em Espanha, Victor Lima que por vez, contactou  o general “Kopelipa” que  efectuou duas viagens a Espanha para se reunir com as autoridades espanholas.

 

Na segunda deslocação   aquele país europeu, o general “Kopelipa”, viajou com uma delegação militar constituída pelo CEMGFAA, general Geraldo Nunda e o então chefe de Estado Maior da Marinha de Guerra (EMMG), Almirante Augusto da Silva Cunha “Gugu” realizando uma reunião com os interlocutores espanhóis que teve lugar na embaixada angolana em Madrid.

 

Regressados a Luanda, o general “Kopelipa”, que se aplicou na concretização da ideia da compra do navio, submeteu as vantagens da proposta ao Presidente José Eduardo dos Santos para avaliação e decisão final.

 

Segundo apurações, antes de tomar qualquer decisão, o Presidente JES, deu a volta ao general  e solicitou a Marinha de Guerra Angolana (MGA), um outro parecer sobre o  porta – aviões. No relatório produzido por técnicos da MGA, estes deram um parecer negativo argumentando que se estava diante  de um material obsoleto (sucata) e que cujas munições, já não se produziam, no mercado internacional.

 

O relatório dos técnicos militares angolanos sustentou ainda que se tratava de um “mau negocio” uma vez que a sua reparação iria custar aos cofres de Estado angolano cerca de 400 milhões de dólares, que seria 11 vezes mais que o preço que o porta-avião estava a ser comprado, a 30 milhões de dólares.

 

Ao tudo, a assinatura do contrato iria custar cerca de 2 bilhões de dólares, com a inclusão da aquisição de navios patrulhas L-27 Izarro, P-26 Chilreu, F-32 Diana, e de desembarque de carro de combate L-42 Pizarro

 

O Presidente JES foi também alertado que Angola não dispunha de aviões para aterragem naquele porta- avião espanhol. Na sequencia do parecer que lhe foi dado, o Chefe de Estado angolano mandou parar o negócio.

 

“Kopelipa” retalia Almirante “Gugu” ?

 

Em meios com apurado conhecimento do assunto, suspeitam que a não recondução do Chefe de Estado da Marinha, Almirante Augusto da Silva Cunha “Gugu” e a sua subsequente substituição pelo seu adjunto seja reflexo de uma retaliação  de altas patentes da Casa Militar da PR, por ele ter apresentado, ao Presidente  um relatório com parecer  “desfavorável” para a compra do porta-aviões espanhol “Príncipe das Astúrias”.

“Gugu” é citado na linguagem terra-a-terra, em Luanda,   como tendo “estragado” um negócio bilionário que estava a ser liderado pelo general “Kopelipa”.

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