Carlos LopesLuanda - Em 2-02-2002 morria em combate o líder carismático da U.N.I.T.A, o Dr. Jonas Malheiro Savimbi.Passaram-se sete anos desde a sua morte, e os angolanos questionam-se em relação as mudanças, que o poder político em Angola, implantou na melhoria das suas vidas.

Nos primeiros anos, o partido da situação justificou a sua ineficácia governativa com o pesado fardo da guerra e as suas consequências, apelando para a paciência dos cidadãos, no que diz respeito a reconstrução nacional e a necessidade de captar os elevados meios financeiros para tal objectivo.

Não foi preciso muito tempo, e com os biliões de dólares vindo da China, o aumento da produção do petróleo e a alta dos preços do barril de petróleo no mercado internacional, com a produção diamantífera num crescimento surpreendente, o governo projectava grandes obras e anunciava ao povo, que finalmente o país caminhava para o desenvolvimento, usando os valores macro económico com sabedoria e como bandeira internacional, impressionando o mundo com o PIB a dois dígitos.  

Foi assim, que em Setembro de 2008, O MPLA ganhava as eleições com larga vantagem, «acantonando» o maior partido da oposição na Assembleia Nacional.

Eis que, no início de 2009, os cidadãos começam a ouvir e a ler notícias preocupantes em relação a desaceleração da economia, a entrada de mais um bilião de dólares da China para a reconstrução nacional, a diminuição de receitas petrolíferas e a consequente alteração do OGE e do Plano, atendendo que o preço do petróleo não podia ser à 50 USD/ barril, mas sem sabermos qual foi o novo preço fixado.  As reservas de divisas também baixaram, sem saber-se quanto…, que há problemas na produção diamantífera, ao ponto do governo ter que intervir directamente no sector e finalmente o Senhor Presidente da República, convoca o Conselho de Estado para falar sobre a influência da crise internacional na economia angolana (pena foi que não colocasse na agenda as eleições presidenciais para o corrente ano).

A perspectiva, é que o Governo Angolano vai investir na produção fora da área petrolífera, na agricultura, pescas, indústria, no comércio geral, numa época de «vacas magras», apoiando com linhas de crédito o empresariado nacional, para diminuir a importação e aumentar nesses sectores a exportação. Enquanto isso, no âmbito de uma transparência recomendável, incentiva-se os concursos públicos em detrimento das adjudicações directas ruinosas e pouco se fala, aonde foram aplicados os fundos de petróleo, na época alta e quanto é que terá perdido a Sonangol nos investimentos no estrangeiro, como foi a compra das acções do BCP e porque é que vai ficar com a posição deste banco no projecto da Baía de Luanda, que sempre se disse, ser um investimento totalmente privado e de rentabilidade assegurada pelos privados, ou seja, porque razão não temos uma empresa de bandeira como a Sonangol, a investir em Angola na diversificação da produção, com parceiros Angolanos, mas antes a «esbanjar» biliões de dólares por aí!

O legado que o Dr. Savimbi deixou aos Angolanos, foi no essencial a possibilidade que o cidadão teria em questionar quem governa, mal ou bem, no intuito de melhorar a vida dos angolanos. Com a morte em combate do Dr. Savimbi, os angolanos pela via política e eleitoral, por sufrágio directo e universal, elegem os deputados propostos pelos partidos, o Presidente e os autarcas, que melhor defendam os seus interesses e assegurem um estado de direito e democrático. O Dr. Savimbi era um revolucionário idealista que acreditava na sua luta por uma Angola para os Angolanos! A divulgação das ideias, o pluralismo e o respeito pelas minorias, são valores a serem defendidos por todos aqueles que não se deixam subjugar por maiorias eleitorais, num quadro em que a sociedade civil tem que crescer e amadurecer, para ser o substrato da democracia e do estado de direitos em Angola. 

O ideal, seria que os eleitores votassem num candidato de consenso nas próximas eleições presidenciais, transformando uma derrota numa vitória nacional. Desta forma, cumpria-se mais um indicador do legado do Dr. Savimbi aos Angolanos.

* Carlos Lopes
Fonte:
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