Luanda - Na qualidade de cidadão angolano e patriota que sou, ao longo das minhas reflexões, quando olho para o que se passa no nosso País, pergunto‐me: afinal, quem governa Angola?

Fonte: Club-k.net

A resposta a esta pergunta é dada por cada uma das filhas e por cada um dos filhos desta nossa Argamassa comum que nos mantém de pé. A pergunta tem a sua razão de ser porque os homens nunca se autodirigem. São sempre conduzidos por um chefe. Embora leigo em matéria de Direito, sei que todo o Direito Internacional Comparado ou Privado não pune a família, pune o indivíduo que cometeu um determinado erro. Não será justo dizer‐se que todo o MPLA, Partido que sustenta o Governo, é culpado. Não. Estaríamos a cometer erro de análise. Há quem esteja à testa do barco que se vai afundando. Até porque os demais são auxiliares. O tripulante do barco é o responsável de toda a catástrofe que se passa em Angola.

Mas se o barco se vai afundando, os passageiros cientes de que há mecanismos para se saírem ilesos, será que conscientemente vão assumir o suicídio? Não. Até porque os angolanos não são fundamentalistas!

Vejamos alguns factos que se passam no nosso País:

  1. O G E

O Orçamento Geral do Estado (OGE) nunca é distribuído justamente. Invariavelmente 80 % ficam para as estruturas centrais e apenas 20 % para as demais 18 Províncias. Quem assim decide? De que formas se pode evitar a pobreza excessiva com tamanhas assimetrias regionais?

  1. AGRICULTURA

O sector rural é o 2o sector económico mais produtivo logo a seguir ao petrolífero. Porém, no quadro do OGE é‐lhe atribuído um bolo inferior a 1 % !!!

De que formas se combaterão a fome, a pobreza, o desemprego? Como se criará a segurança alimentar? Como se vai promover a Indústria? Como serão descongestionadas as principais cidades? De que formas se aumentarão os padrões de vida e de renda? Como se promoverá a competição no mercado? Que fórmulas para se contrariar a importação de produtos duma forma desnecessária?

Quem é o causador disso tudo?

  1. EDUCAÇÃO

Deve ser a mais fraca do mundo! Hoje um aluno da 12 a classe a palavra " osso " escreve‐a " oço "! Em vez de " sistema " escreve " cistema ".

A tabuada não existe nas escolas por causa do uso de calculadoras. Se alguém perguntar a um aluno quantos são 3 x 3? O mais esperto dos alunos e se for futebolista, vai dizer que é " empate "!!! Com a corrupção galopante, se tiver 4 mil kwanzas, tem nota positiva!

  1. SAÚDE

O estado da nossa Saúde mede‐se pelos " engarrafamentos " em cemitérios de todo o País. Se alguém tiver dúvidas, dirija‐se ao maior cemitério de Angola sito no Benfica (de que se gabam os governantes) e fique das 9 às 15 horas e depois nos traga os dados estatísticos! É incrível !!!

5 AGUA E ENERGIA

A água potável é uma miragem e a energia electrica é para esquecer

  1. DESEMPREGO

Sobe vertiginosamente.

  1. DIREITOS HUMANOS

São violados todos os dias :

‐ assassinatos : Kamulingui, Kassule, Kamuko, Ganga, Tchakussanga, etc;

‐ genocídio: o extermínio da Seita do sr Kalupeteka no Monte Sumy‐Kahala‐Huambo; ‐ detenções ;

‐ prisões arbitrárias;

‐ agressões ;

‐ entre outros.

Tudo direccionado para a violação da Constituição e da Lei.

  1. INTOLERÂNCIA POLÍTICA

A coabitação na diferença é difícil.

A reconciliação nacional não faz parte da sua matriz ideológica. Dizia um mais velho colega : no quadro dos 40 anos de Independência os pronunciamentos vão na lógica da Paz, Unidade e Desenvolvimento, nunca Reconciliação porque na mente deles cabe a Soberania mas nunca a Pátria.

A circular de Dezembro de 2014 virada para os ex‐militares das FALA nas FAA é clara na pretensão de se truncar o processo de reconciliação nacional. Desde a reforma forçada terminando em eliminações físicas.

Aliás, eu tenho recordações tristes ao longo de 6 anos que permaneci em Benguela. Dos 36 quadros mortos alguns deles foram vítimas de envenenamento. Alguém pretenderá procurar por provas. Se não se faz teste do genótipo, fenotipicamente pode‐se tirar ilações. É que a cor da pele fica enegrecida e com uma deterioração célere.

Perante um quadro do género, cabe aos mais esclarecidos, os intelectuais, a tomarem a dianteira para salvarmos a nossa querida Pátria, o nosso património comum. É uma obrigação patriótica recorrermos aos grandes remédios para curarmos a grande doença que afecta a nossa Mãe. É um desafio lançado.

Vitorino Nhany