Luanda - As revoluções que hodiernamente ganharam enfase com a conhecida primavera árabe remontam de um passado longínquo. Daí que, para nós, não se está diante de algo extraordinariamente novo, aliás, os antecedentes históricos confirmam isso mesmo.

Fonte: Club-k.net

Antes de elencar tais antecedentes, permitam-nos avançar-vos algumas ideias do que venha a ser uma revolução:

Revolução “é uma palavra com origem no latim revolutione, que significa acto ou efeito de revolver ou revolucionar.”

Porém, o termo pode ter vários significados aplicados a áreas diferentes, podendo ser sinônimo de “revolta ou de um movimento giratório”.

Uma revolução é “uma mudança radical dentro de uma sociedade, que ocorre a nível político, econômico, cultural e social, onde é estabelecida uma nova ordem, que é instituída pelas forças políticas e sociais vencedoras”.

No sentido figurado, uma revolução pode ser o sinal de uma transformação profunda. Como exemplo, deixamos: - Depois de ter sofrido uma paragem cardíaca, o seu estilo de vida sofreu uma revolução.

No entanto, o termo viria a ganhar maior protagonismo com a Revolução Francesa ocorrida, segundo narram os históriadores, entre 1789 a 1799 e que serviu para terminar o Antigo Regime consagrando a "Igualdade, Fraternidade e Liberdade", enquanto lema da mesma.

Esta revolução teve como motivação a infelicidade social causada por razões econômicas e diplomáticas, como más colheitas, aumento demográfico, deterioração da condição social. Repita-se: Infelecidade social...

Na época, e como se narra, o povo francês verificava que a França ficava para trás em comparação com outros países em avanço, como a Inglaterra. A sociedade iluminista e burguesa verificou o sucesso da revolução americana, o que motivou o derrube do regime absolutista. Naquela altura, com medo de perder os seus privilégios, a nobreza tentou defender-se, impedindo que os ministros de Luís XVI pudessem tomar medidas para melhorar a situação econômica vivida.

No dia 14 de Julho de 1789, quando o povo soube que o rei pretendia dissolver a Assembleia, houve o assalto e destruição de Bastilha, prisão do Estado e símbolo da repressão do Regime absoluto. O Rei tentou fugir do país, mas foi detido e obrigado a aprovar a constituição criada recentemente. Mais tarde, em Janeiro de 1793, a Assembleia votou a execução do rei Luís XVI, decisão que fez com que a Grã-Bretanha, Espanha e Holanda declarassem guerra à França.

Mas, o Mundo não só registou a Revolução Francesa, pois, se seguiram as de Cuba que, de resto, foi um conflito armado onde o líder Fulgêncio Batista foi removido do poder em 1959, graças à intervenção do movimento revolucionista liderado por Fidel Castro, hoje na reforma e sucedido pelo irmão mais novo;

De seguida, a revolução russa de 1905 caracterizada por um conjunto de motins e rebeliões contra o Czarismo, que estava enfraquecido depois da derrota da Rússia na guerra contra o Japão. Esta revolução teve início depois das mortes do Domingo Vermelho, que serviram para unir a oposição. A rebelião ganhou mais força depois da rebelião que ocorreu no couraçado Potemkin e da greve geral com o objetivo de chegar ao poder. Apesar disso, as forças czaristas destruíram facilmente o movimento de revolta.

As revoluções de de 1930 enquanto movimento revolucionário no Brasil, tirou do poder o presidente da República Washington Luís Prestes, e entregando o poder a Getúlio Vargas.

A China também já registou revolução e das mais importantes, tendo acontecido entre 1949 e 1962, sob a liderança de Mao Tse-tung, quando o comunismo chegou ao poder e foram tomadas medidas como a nacionalização de empresas estrangeiras, coletivização das terras e passou a existir um controle do Estado sobre a economia.

Uma das marcas desse período na China foi a Revolução Cultural, um processo que teve início em 1963 que pretendia usar a cultura para instaurar uma revolução permanente. Foram iniciadas várias transformações baseadas no "Livro Vermelho" com fundamentação na autocrítica do sistema.

A Revolução inglesa foi uma guerra civil, que ocorreu entre 1641 e 1649, que culminou na execução do Rei Carlos I, dando início à República de Cromwell. Além disso, também é classificado como revolução inglesa o processo pacífico que causou a queda de Jaime II Stuart e ascensão ao trono de Guilherme III de Orange.

Em fim, a história das revoluções, como já dissemos, vem de longe e sempre ligadas às pécimas condições de vida, falta de confiança para com as autoridades instituidas e o destanciamento entre pobres e ricos resultante de políticas de favorecimento de uns em detrimento de outros, normalmente, a maioria.

No meio disso tudo, não deixaram de surgir correntes e defesas enquadradas naquilo a que hoje chamamos por “ideologias revolucionárias”. No entanto, este cenário social, caracterizado pelo crescimento das riquezas e das misérias, mostrou-se profícuo ao surgimento de ideologias e movimentos que defendiam o estabelecimento de relações sociais em bases mais igualitárias, atenuando ou mesmo extinguindo as distâncias econômicas entre os indivíduos.

Revolucionários, tais ideais percebiam no capitalismo e na acirrada disputa pela propriedade privada os principais fatores de aprofundamento dessas desigualdades, devendo ser, portanto, frontalmente combatidos.

Por cá, ou seja, entre nós e nos nossos dias, falar de revolução parece, ainda, novidade. Aliás, ao se pretender aliar a este fenómeno a ideia de guerra, de facto, deixa a mentalidade através da qual a questão das revoluções é exclusiva a Angola e com pessoas identificadas como sendo as únicas a levar acabo tal prática. - Errado.

A título exemplificativo, falamos do auto denominado “Movimento Revolucionário” que agora, pelo que nos consta, demarca-se da denominação, tradicional aqui e acolá, por causa da colagem que se fez ao aspecto guerra.

Porém, apreciados os meandros deste movimento de jovens, pode concluir-se que tem semelhanças com o que ocorreu nas revoluções acima, pois, a pobreza, a gestão danosa da coisa pública, corrupção, o não respeito das Leis vigentes que invocam, em quase todos os seus actos, une-os aos primeiros movimentos de mudança que o Mundo já conheceu.

Assim, em nosso entender, é desperdício total, pensar-se que estes são inimigos deste ou daquele porquanto os mesmos ideais tiveram, têm e terão lugar com este ou aquela formação política ou mesmo regime político democraticamente ou não eleito.

Neste ponto de vista, o que se aconselha é olhar para o referido movimento como realidade hodierna evitável mas que para o nosso caso já estamos noutro estagio, pelo que devemos, em simultâneo, adoptar políticas capazes de mostrar um novo dia e que seja capaz de contemplar todos, incluindo eles que lutam para conseguir trabalho, entrar e frequentar aulas numa Escola com qualidade, ter o que comer e dar de comer.

Em suma, um processo inclusivo imediato, pois, não se pode pedir tempo, graduação na resolução de problemas da maioria quando para um pequeno grupo de indivíduos os mesmos problemas resolvem-nos já.

Aliás, o que motivou as revoluções Francesa, Chinesa, Industrial, Brasileira, Inglesa e outras como se disse acima, se resumo na igualdade de oportunidades, o que, em nosso entender, é resolúvel. Logo, nos parece ser mais fácil, prudente e construtivo caminhar para este sentido do que obstruir iniciativas que, a princípio, se sabe que é ininterrupta.

As ideologias revolucionistas não estão na mente de uma única pessoa. Estão na de muitos. O que difere é a forma de manifestação. Uns manifestam-nas hoje e outros amanhã. Mas é errado pensar que obstruindo este ou aquele o espírito de critica aos nossos actos acaba. Mentira. Aliás, se assim fosse, a China, Brasil, França Inglaterra, que testemunharam os primeiros protestos de rua, hoje não mais teriam, pois, os seus mentores, na época, já pareceram.