Luanda - Harmonia é uma palavra de origem grega, que significa ajustamento a ordem dos elementos cósmicos, um encaixe, proporção ou articulação. Assim, na linguagem mais lata, fala‐se da harmonia cósmica ou mesmo da harmonia musical.

Fonte: Club-k.net

Meus caros, em Angola não se nota esta harmonia, e porque? Platão um dos grandes filósofos gregos, que eu admiro, salientava que a tarefa principal do homem político, é como a do tecelão, dado caber‐lhe transformar a tensão em harmonia.

Desafio o leitor a provar o contrário dentro do contexto actual do nosso país. Muitos de nós, como animais políticos e tecnocraticamente atentos, não vemos nenhum tecelão, mas nenhum mesmo, no atual Executivo angolano, a preconizar de longe ou de perto, harmonia para o tecido social e económico de Angola.


Quando observadores atentos tentam, com utópica ou mesmo com racionalidade, contemplar uma Nação que constituiria uma harmonia entre liberdade, autoridade e o poder, certos parâmetros antecedem: Primeiro, deve existir a conjugação direta do povo na decisão politica (Libertas) , Segundo: os órgãos políticos ( autoritas) devem conservar a memoria coletiva da fundação da Nação dento do poder legislativo e não partidario, neste caso podendo ser o Senado ou o Parlamento, Terceiro: Deve existir (Protestas), pelo poder executivo dos magistrados da nação, quando suas instituições são politizadas pelo Executivo.


Se o cenário acima tivesse acontecido, teríamos já nestes 40 anos depois da independência, a unidade na diversidade, diversidade de funções concorrendo para uma harmonia imposta por um fim unitário, ou seja a união de todos, a concórdia firme e duradoura entre irmãos.


Por outras palavras, unidade na multiplicidade, ou a polis, devia ser harmonia na diversidade, onde notaríamos que aqueles que se opõem, cooperam, e é da luta dos contrários de onde seria derivado a mais bela harmonia. Mas isto não é visível no contexto actual. Senão vejamos:


Será que os problemas de hoje, acutilantes que são, que Angola enfrenta desde 2013, são somente da índole económica? A máxima que o tempo não apaga, diz que muitos dos problemas que Angola enfrenta hoje, não podem ser resolvidos com políticas monetárias ou mesmo a tão falada diversificação da economia. O problema de Angola não e económico, mas sim político.


Esta conjuntura, politicamente criada por líderes que na língua inglesa seriam chamados de lummoxes, fez com que, 40 anos depois da independência, o país tivesse uma população de mais de 70% hoje a viver com menos de dois dólares por dia. Estes são meus irmãos (as), sobrinhos (as), netos(as), primos(as), etc. Adicionemos o facto de que a cesta básica para uma semana, custa hoje em Angola USD150 dólares para o martirizado angolano, enquanto isto, o lixo criado pelos ricos em Luanda convive com os carros luxuosos que só em Angola são encontrados em ambulância.


O leitor acha que ainda não chegou a plenitude dos tempo, para uma primavera que teria o beneplácito dos Nacionalistas Holden Roberto, Jonas Savimbi e Agostinho Neto? Acredito eu que estes homens de valor, não lutaram pelo estado actual da Nação, que a meu ver, parece‐se com um país que caminha a passos largos rumo a ser a primeira colonia da China em Africa. Falemos da eficiência dos agentes económicos no nosso país. Estes comparados aos seus congéneres dos países vizinhos como a Namíbia e a Zâmbia, a competição é zero. Estes países, conforme vemos no supermercado Shoprite, metem seus produtos em Angola semanalmente. Os agricultores ai, tem acesso ao crédito bonificado.


Aqui o banco viciado do BDA, não consegue oferecer aos nossos agricultores e cooperativas, nem credito nem um período de reembolso de pelo menos 30 anos. Mesmo com legislação vigente, sem padrinho, não há credito que sai do BDA para o agricultor angolano. Quando sai, ele na maioria das vezes tem que esperar dois anos. Vamos esquecer os BUES e o Angola Investe, porque estes foram projectos e iniciativas criados pelo MINEC para o titular da pasta encher o bolso. Resultados tangíveis, e auditado destes Projectos não existem, diga‐se a verdade ohhhh.


Como economista, devo incluir nesta simples reflecção, tópicos relevantes no contexto e no cenário micro e macro económico do país. Começo por dizer que a quebra do preço do petróleo, nunca será e nunca deve ser a desculpa para a crise financeira que Angola enfrenta hoje. Até porque a Zâmbia e a Namíbia que não tem o ouro negro, suas finanças estão em ordem.


Para destapar o véu sobre a crise financeira, e a falta de divisas é preciso que haja coragem de todos nós como Actores Sociais. Nada será mais patriótico, do que despedir este governo antes de 2017. Se isso não acontecer, o país vai morrer a fome e você também. A indústria, esta sim, por ca não a temos. Importamos tudo da China, Portugal, Brasil e Africa do Sul. Na lógica da sociedade civil, e muito mais dos partidos políticos, é urgente criar‐se empregos na indústria e produzir alguma coisa (Made in Angola). Mas para o Executivo falhado, no seu programa de desenvolvimento 2012‐ 2017, muitas destas tarefas, só poderão ser ativadas em 2016, para que em 2017, o eleitorado, seja mais uma vez iludido a votar no MPLA. Desta vez esta logica não vai funcionar porque o povo já esta passado. As ofertas de bens materiais e a cerveja Cuca, Bela, Eka pela AJAPRZ não vão pegar.

Em 2012, muitos de nós, votamos no MPLA, porque parecia transmitir esperança a mim e a grande maioria de angolanos. Hoje, o Presidente José Eduardo dos Santos, ratifica (seu governo) a todos angolanos, em como ele falhou como Chefe da família angolana. Suas férias na Espanha, sua falta de cabelos, suas roupas ou sua vida sexual, não me interessam muito.


Mas uma coisa é certa, o nosso Chefe, não mostrou‐se forte para colocar ordem na casa. Como um pai permissivo, não castigou os filhos e filhas (biológicos e ministros também) rebeldes e ladrões do erário publico. O pior de tudo, é que o barril de petróleo, rondou acima dos USD 100 dólares, entre 2010 ate fins de 2013. Estima‐se que mais de 302 mil milhões de dólares, foram arrecadados desde 2012, mas o nosso Chefe não economizou nada. Pergunto, quem precisa de um Chefe assim para mais 5 anos. Você e eu merecemos melhor.


Estou em Angola a 8 anos depois de passar 20 anos na diáspora divididos entre Brasil, UK e EUA, considero/me o angolano conhecedor desta e outras realidades politico/económicas. Conheço angolanos como eu, formados, tecnocratas de verdade e politicamente visionários, tanto na sociedade civil e na vasta oposição angolana (isto porque não queremos mais o MPLA) que podem governar, dirigir esta Nação, e acima de tudo, tirar este país do labirinto actual.

O Chefe, hoje, age como um Pai traído pela esposa, e que ainda insiste numa relação conjugal que já esta falida. Ele faz de contas que tudo está bem, e por cima, defende seu executivo, composto por um bando de mercenários, como que se estes tivessem ainda a solução da crise. Ele os convida e alguns já regressaram a posições chaves como o BNA e conselheiros do Chefe.


Assim podemos vaticinar que na dança de cadeiras que se aproxima antes do final do ano, os que mais roubaram, serão recompensados com novos postos. Alguns, passarão de governadores falidos como os do Huambo, Cuanza Sul, etc., a Conselheiros. Outros do MINTRANS, para casa Civil do Chefe, enfim um autêntico teatro com todos ingredientes para a catástrofe, numa só panela. E os que não delapidaram muito ou nada, serão exonerados.


Importa aqui enfatizar em vos alta: os Carrascos deste povo, os acima referidos, durante estes anos todos de independência, (40 anos), uma coisa fizeram: penalizaram os empresários nacionais, os trabalhadores angolanos do sector publico e privado (agora com um novo lixo de tal Lei Geral de Trabalho).

Quem já perdoou as subidas constantes dos preços de energia, água e combustível e que ainda irão subir nos próximos dias. O que dizer dos aumentos dos impostos e a nova pauta aduaneira? Ainda mais, este Executivo, desperdiçou o nosso dinheiro com obras mal feitas, como as famosas centralidades que parecem mais plataformas feita de caixas de fósforos, de que uma arquitetura moderna para os próximos 100 anos. Isto é um crime económico que deverá ser julgado um dia.

Portanto, ter medo de se fazer uma nova revolução em Angola, claro, sem armas de fogo, seria mesmo como abdicarmos da nossa cidadania, que para mim é acima de tudo um dever de consciência. As represálias sempre sancionadas pelo Chefe da Família Angolana, e dos atuais donos do pais a que ficaremos sujeitos por querermos o fim desta ditadura, e os males acima mencionados, e que estão a desgraçar o nosso presente, e o futuro dos nossos filhos, já estão em andamento. Refiro aqui aos 15 + 1 jovens, que atualmente tem suas liberdades privadas, porque o Chefe não gosta de miúdos insolentes, que leem livros que não são provenientes da União dos Escritores Angolanos.


Com tudo isso, ainda tenho a plena convicção de que, desta vez, a consciência dos Angolanos não será traída nem pela sombra da Cidade Alta nem pelo medo da PIR. Para este momento, você está a ser chamado, para Angola, vale qualquer sacrifício. Nota única. Antes que alguém diga que esta matéria municia um “ Coup d`Etat ou um Putsch, Staatsstreich” de estado, devo dizer que a quebra dos paradigmas conhecidos, tanto na Revolução Francesa e na doutrina iluminista, são classicamente conhecidas por revolução. Para nós, a mudança que se avizinha, será conhecida como a revolução de Outubro ou Novembro ou mesmo qualquer outro mês ainda este ano. Nada de golpe de estado. Mas como se fosse condição fundamental, essa revolução só poderá acontecer quando apadrinhada por todos angolanos, com uma intensa participação popular da sociedade ou das massas, sem armas de fogo ou apoio militar.

Finalmente, vamos aqui deixar cristalino: nem todo processo de deposição de um governo ou regime, e necessariamente um Golpe de Estado. Existem no mundo afora, os referendos de revogação de mandatos ( Callback), ou votações parlamentares de impedimento de um governante ( Impeachent) que são previstos constitucionalmente em muitos países. Será que, os nobres Deputados da nossa Casa das Leis e o Ministério Publico, poderão ainda neste ano parlamentar brindar‐nos esta tao almejada revolução? Esperemos todos para ver.