Marrocos – O aumento da repressão desmedida por parte da Polícia Nacional e as diversas arbitrariedades dos órgãos de Justiça, nos processos judiciais das diferentes vozes contestatárias ao regime, constituem a prova de que o livre exercício das liberdades públicas e a transparência na gestão das instituições do Estado, são os maiores inimigos, que o regime actual Angolano teme e, arduamente combate.

Fonte: Club-k.net

Num mundo banhado pelas chamas da revolução, como neste em que vivemos, a Elite composta pelos dirigentes angolanos, deviam compreender, que o princípio da boa governação, e, a consideração da Aspiração Nacional em primeiro plano, seriam uma condição si ne qua non para qualquer regime que quisesse manter‐se no poder, por mais um poucochinho de tempo, ou ter a sorte de, devolvê‐lo ao povo de forma pacifica ; evitando assim, a repetição de episódios das novelas, que qualquer pacato cidadão angolano, se recusaria a rever.

O que é certo, é que depois da Primavera Árabe, nenhum dos déspotas africanos, poderá se assentar sobre os tronos das Monarquias Presidencialistas (regimes fabricados em seus laboratórios privados), com total segurança – impunidade e longevidade no Poder, já tiveram o seu palco nos regimes ditatoriais e totalitários do passado, onde os seus lideres eram ovacionados, elevados como seres revestidos de glórias que pertencem única e exclusivamente à Deus : A história registrou para o nosso aprendizado, o final que cada um destes psicopatas tiranos teveram.

Como se não bastasse, no plano nacional, a posição que o governo Angolano tem adoptado perante a situação de insatisfação que vive a maioria da população (atropelamento dos direitos humanos e das bases fundamentais do Estado de Direito) revela‐se não ser a mais prudente, alertando conforme vemos, que, se não houver maior prudência em ambas as partes ( o executivo e a maioria insatisfeita), experimentaremos o que está mais do que previsível : Uma primavera à maneira angolana, podendo contrariar a afirmação do antigo chefe da secreta Angolana, Sebastião Martins, que afirmou estar completamente descartada, um tal episódio em Angola.

Actualmente, o aumento da repressão desmedida por parte da Polícia Nacional e as diversas arbitrariedades dos órgãos de Justiça, nos processos judiciais das diferentes vozes contestatárias do regime, constituem a prova de que o livre exercício das liberdades públicas e a transparência na gestão das instituições do Estado, são os maiores inimigos, que o regime actual Angolano teme e, arduamente combate.

Defendo o princípio pelo qual, o governo devia esforçar‐se para providenciar as condições necessárias, para um Eventual Diálogo Nacional, com os membros da Sociedade Civil e os diferentes Partidos Políticos da Oposição, em vez de soltar o chicote e causar hematomas na pele de jovens, cujos os ideais foram enraizados no espírito, local onde a força das balas por mais velozes que sejam, não os podem danos causar.

A verdadeira Reconciliação Nacional deve acontecer agora, ou será tarde demais; Temos que eliminar todas as possibilidades de um novo 27 de Maio em Angola, como lembrou o camarada Presidente; combater os desaparecimentos forçados de cidadãos nacionais ; evitar novos exílios ; O povo sofrido de Angola, já não quer mártires em tempos de paz ; o sangue de Kassule e Alves Camulingue bastam ; a forma como foi ceifada a vida do Eng. Ganga ; a morte dos fiéis da ceita de Kalupeteca ; a condenação do ativista de Cabinda ; os roubos do erário público ; a partidarização da Administração Pública ; e por último, o julgamento político dos 15+1.

Todas estas práticas, têm sido a prova de que o regime insiste, em não ouvir o próprio povo, que decidiu começar uma luta pacifica, demonstrando como dono do verdadeiro poder, a vontande de participar activamente nas principais decisões que envolvem a vida pública do país, lutando pela democratização das suas Instituições, tornando‐se parceiro activo do Estado e, não mais um mero espectador ;

Mas em silêncio mortal, o regime tenta por todos os meios possíveis, eternizar a confiscação do Poder e as Liberdades de seus próprios cidadãos (alegando tacitamente ser crime, gritar ausência de pão e presença de muita má governação, consubstanciada no alto índice de corrupção por parte da Elite governante e seus sequazes... chega de investir na Ascensão do Fascismo, promovendo o fim do governo do Povo). Liberdade esta, cuja a proteção e a criação de condições para o seu devido exercício pelo cidadão, é um dever essencial, uma condição fundamental, imposta a todo Estado que se firma e se afirma, como Democrático e de Direito.

Falasse de uma jovem democracia, mas ela só existe no papel, porque na realidade, o comportamento do Executivo, prova que em Angola estamos perante um regime Patocrático ou Ponerologo e, não Democrático como muitos bajús, sem vergonha, andam por ai a defender.

Como seria um Regime Patocrático assente na Ponerologia?

O psiquiatra e pesquisador polonês, Andrzej Łobaczewski, ajuda‐nos a compreender a questão: Ele estudou por longos períodos, como os psicopatas influenciam no avanço da injustiça social e no poder político. Usou dados da psicologia, sociologia, filosofia e história, para abordar fenômenos como guerras agressivas, limpeza étnica, genocídio e terrorismo de Estado, fazendo o uso da ponerologia que segundo ele, seria a ciência que estuda a natureza do mal, adaptada a propósitos políticos, para estudar as causas de períodos de injustiças, colocando o psicopata no Centro.

Psicopatas estes, que segundo ele, poderiam estar trasvestidos em vários extratos sociais, incluindo, a classe que domina o poder político. Ou seja, um sistema de governo cuja a direcção, seria assegurada por uma minoria psicopata, que assumiria o controlo dos seus cidadãos normais, tornando‐os política, Socioeconómica e militarmente cativos de seus desígnios macabros e malignos.

Em seus estudos, este cientista social, enumera algumas características, que podem revelar‐se úteis na identificação de um tal regime:

 Corrupção generalizada: Extrema desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres.

 Meios de comunicação controlados, dominados pela propaganda.

 Empobrecimento dos valores morais, artísticos e, uma estrutura social baseada no auto interesse, ao invés de altruísmo.

 Fanatismo ideológico : Muitas vezes uma forma corrompida de uma ideologia válidavviável que é pervertida em uma forma patológica, tendo pouca semelhança com a substância do original.

 Intolerância e suspeita de qualquer um que é diferente, ou que não concorda com o estado, fortalecendo o controle extremamente centralizado.

 Actividades secretas dentro do governo, e vigilância da população em geral.

 Governo paranoico e pela força.

 Legislação excessiva, arbitrária, injusta e inflexível; o poder de decisão é reduzido ou removido da vida dos cidadãos comuns.

 Uma atitude de hipocrisia e de desprezo demonstrado pelas ações da classe dominante para com os ideais que afirmam seguir, e para com os cidadãos que dizem representar.

 Supressão ou restrição das liberdades Publicas. Ex: debate público, manifestação, protesto. E a constante violação dos direitos humanos básicos, como por exemplo: restrição ou negação das necessidades básicas da vida, como comida, água, abrigo; detenção sem acusação; tortura e abuso; trabalho escravo.

Para terminar: Estaríamos em uma Patocracia disfarçada de Democracia ? Seriam os nossos dirigentes, autênticos psicopatas escondidos em ternos por detrás dos belos discursos e da diplomácia?

VALTER SEBASTIAO

Jurista

Mestrando em Direitos Humanos e liberdades publicas