Lisboa - Os dados que o Ministro do interior Ângelo Veiga Tavares, apresentou esta semana em conferencia de imprensa, em Luanda, deu lugar a antigas suspeitas de que o mesmo faça parte de uma corrente do regime que nos últimos tempos tem fornecido informações deturpadas ao Presidente José Eduardo dos Santos (JES).
Fonte: Club-k.net
Na referida conferência, o executivo angolano pronunciou-se pela primeira vez dos motivos pela qual expulsaram em 2014, uma cidadã europeia que trabalhava num projecto financiado pela União Europeia.
Segundo o governante, “no ano passado convidamos, uma cidadã europeia a abandonar o nosso país, porquanto nos encontros que esta cidadão realizava com este grupo, dava indicações clara que nestas manifestações que realizam deveriam convocar confrontos com a polícia com fim de existirem mortes.”
“Davam cifras, entre 20 a 25 mortos. Por isso que alguns casos a polícia prefere que não atinge um nível de confronto para não atingir este fim”, rematou o ministro Ângelo Veiga Tavares.
De que cidadã se trata e qual a consistência das palavras do ministro?
De acordo com informações em posse do Club-K, trata-se da cidadã Italiana Maria Concerta Tirzi “Ketty” que coordenava um projecto financiado pela União Europeia (UE) denominado PAANE II - Programa de Apoio a Atores Não Estatais. A mesma viu o seu visto de trabalho, com a duração de um ano, cancelado por decisão do Ministério do Interior, conforme documento em anexo.
No inicio de 2014, o grupo de Luaty Beirão recebeu um e-mail de “Ketty” Tirzi, a fim de apresentar um cidadão brasileiro Marcelo Santos que estava de passagem por Angola como consultor da PAANE. Marcelo Santos estava a fazer um doutoramento que investiga a força das novas mídias e em particular Redes Sociais como ferramentas de articulação e mobilização social, estudando os casos do Chile (2011) e Brasil (copa, 2013), razão pela qual manifestou interesse de se entrevistar com o grupo de Beirão. O encontro foi publico tendo acontecido em frente a sede da Direção Nacional Investigação Ação Penal, órgão da PGR, no bairro Vila Alice, em Luanda.
Os jovens expuseram sobre a divulgação de um documentário em formato DVD por eles gravados intitulado “geração da mudança”, na qual “Ketty” Tirzi ajudou –lhes com um contacto junto da embaixada da Alemanha em Luanda, onde os mesmos foram recebidos no âmbito da divulgação do trabalho. Os jovens enviaram também o DVD a varias embaixadas, associações e angolanos no exterior que se manifestavam interessados no documentário.
“Ketty” Tirzi aconselhou-o a criar uma ponte intergeracional com a geração de angolanos mais velhos que dirigem ONG no país, que denotavam limitações gritantes no que toca aos uso das novas tecnologias.
Semanas depois a cidadã italiana recebeu por SMS do governo de Angola, uma comunicando o cancelamento do sei visto de trabalho. “Tem 72 horas para abandonar o país”.
De acordo com registros em nenhum momento, o dialogo de “Ketty” Tirzi com os jovens activistas foi baseado em instruções de realização de manifestação ou de provocar a morte de 25 cidadãos conforme insinuações do Ministro do interior Ângelo Veiga Tavares, esta semana. Mortes de manifestantes, aconteceram em Maio de 2012, e estas foram provocadas por agentes do ministério controlado por Veiga Tavares ao assassinarem os activistas Isaias Cassule e Alves Kamulingue.
Pelo que se verifica é o Ministério tutelado por Veiga Tavares que tem praticas de tirar a vida de cidadão, com as mortes dos dois activistas, em 2012, e não o grupo de Beirão 2014, que se encontrou abertamente com a cidadã italiana.
Porque fornecer informações deturpadas ao PR?
Segundo conclusões, geralmente os dirigentes angolanos incorrem a este procedimento como forma de se insinuarem junto do PR, ou para tirar dividendos financeiros.
Em Setembro de 2013, sectores da secreta militar informaram ao PR que Isaías Samakuva havia preparado homens para voltar a guerrilha e lutar contra o governo a partir do Cazenga. O PR, depois de ter sido convencido que a informação era supostamente verdadeira disponibilizou 5 milhões de dólares para abortarem a operação de rebeldia de Samakuva. Veio a se saber depois que a informação prestada ao estadista era falsa, e o dinheiro foi repartido entre os generais da secreta militar que tiveram a ideia de extorquir o Chefe de Estado.
Em 2013, o Chefe de Estado teria escutado que o neto de um dos seus generais Roberto Leal Monteiro teria participado na morte de um jovem universitário em Luanda, Jorge Valeiro Coelho da Cruz. O PR pediu aos órgãos competentes que investigassem com verdade. Porem de forma a mostrar trabalho ao Chefe de Estado, a DNIC apresentou falsos bandidos que se dedicavam ao roubo de viaturas em Luanda, como se fossem os autores pela morte do universitário. A DNIC alegou ainda que os supostos falsos bandidos agiram a mando da namorada do falecido, Jéssica Coelho. Volvidos três anos, o motorista da rapariga acusada disse diante a um juiz que fez acusações a mando da DNIC e sob tortura.