Brasil - O egoísmo português é a manifestação de uma cultura que sempre caracterizou a uma nação em posição de império com ambições de superioridade e o instinto arrogante de pessoas que sempre viveram levando o nariz empinado em todas as direções, quando atrás desse nariz, o que existe mesmo, é uma miséria de dar dó.
Não é a toa que a emigração portuguesa por todo mundo se justifica: egoísmo, oportunismo, vandalismo, apropriação indevida daquilo que não lhe pertence e fuga desesperada do inferno datentesco em que dezenas de gerações de portugueses andaram expostos desde que esse país emergiu como nação, há 700 anos. Tudo isso está longe da tal civilidade lusitana que supostamente os mesmo andaram espalhando pelo mundo, não sei a pedido de quem, e a troco de quê!? A ambição portuguesa é o retrato da miséria de um povo de apólidas que perdeu a referência dos limites fronteriso da sua pátria nos últimos 700 anos. E desgraçados daqueles que por destino, praga, sorte, azares, causas andaram se cruzando nas suas trajetórias históricas. Esse é o caso do infeliz povo Angolano. Que hoje desprotegido de quem devia dar proteção, transformou-se, mas uma vez, em produto de mercado destes.
Agora que o soba vai viajar em missão de fraternidade econômica, que na sua bagagem não falte a mensagem de civilidade que a era da globalização requer. Esperamos que na missão não esteja mais em causa a venda e compra dos nossos interesses como cidadãos e nação, como andaram fazendo os antigos sobas das várias etnias que se encontram dentro do perímetro que limita esse país. Esperamos que os negrões e pretões, aqui, não continuem, simplesmente, a fonte de produção de riqueza para aquela nação, mesmo depois de mais de trinta anos de independência. E que ser civilizado- esperamos que o conteúdo dessa bagagem seja essa-, é acima de tudo, dividir e compartir o que se tem com o próximo, ainda mais quando esse próximo é o próprio produtor da riqueza. Que a visão escravocrata e larapia do empresário português seja denunciada e desmascarada. E que a eles se lhes diga, que os seres humanos são os únicos animais que têm capacidade de compartir aquilo que têm com os outros, fora disso é tudo bicho vindo da selva.
E tem mais, a mensagem levada pode incluir um certo pragmatismo, já que se chegou a conclusão que é do nosso lado que está o trunfo, ou seja, estamos dando as cartas. Então poderíamos ser mas direto, e na lógica capitalista das relações, quem sabe mais agressivos com aquilo que é nosso e nos pertence. Pode ser mesmo com medidas protecionistas nacionais, que tenham dois objetivos: salvar a dignidade dos angolanos e que estes tenham participação econômica direta nesses conglomerados de empresas que aí estão na pele de urubus e arrancando pedaços de cada um de nós como verdadeiras aves de rapina. Isto serve para qualquer uma das empresas, principalmente aquelas que vem do extremo oeste da península, podemos até dizer, se for o caso, que não temos nada a perder ao tomar tais medidas drásticas, ao contrário só temos a ganhar; é largar ou deixar! Melhor assim do que esperar que a xenofobia um dia por necessidade e razão- e irritação- tenha que bater às nossas portas feitas de paciência desgastada.
A quem diz por aí que com os lucros obtidos na economia angolana, os portugueses de tão frios noutra hora, voltaram a fazer sexo e a ter orgasmo, voltaram mesmo a ver o crescimento dos cabelos em suas calvícies. Não queremos acabar com a festa de ninguém, só não concordamos que a mesma seja custeada pelos bolsos dos milhões dos trabalhadores desse país. Ou com a fuga de riquezas que deveriam contribuir para o desenvolvimento desta nação chamada de Angola.
A invasão econômica portuguesa em Angola já não pode ser bem-vinda quando a mesma pode ser tida como uma das principais causas de desigualdade social no território Angolano. Pondo até em perigo a soberania de um país, tido noutro hora como exemplo de independência e de contestação pelos direitos e a dignidade dos povos do continente. Essa invasão que além de gerar o descontento e a desconfiança põe em causa a simples solidariedade que deveria existir entre essas duas nações como motivo de suas identidades culturais traçadas pelo destino histórico. Está invasão não só espelha a nova forma de colonialismo – o neocolonialismo-, mas nela está contida, visivelmente, as formas do racismo covarde e traiçoeiro que hoje se apresenta de jeito solidário e amistoso. Tão repugnante quanto aquele imposto pela violência, a arrogância e a prepotência colonial que conhecemos aos longos dos 500 anos.
Para os surdos e os mudos do nosso sistema político não é o badalar dos sinos de uma igreja situada no centro de um pacata cidade de província que trará o último aviso do perigo que essa intervenção econômica vem sendo feita. É a irritação e a decepção de um povo incompreendido.
* Nelo de Carvalho
Fonte: WWW.blog.comunidades.net/nelo