Lisboa - Waldemiro da Piedade, o Jovem identificado pela imprensa angolana como o autor dos vídeos clandestinos usados pela secreta angolana para incriminar os presos políticos quebrou silêncio para poder dar a sua versão.

Fonte: Club-k.net

Por intermédio de uma carta cuja  autoria lhe é atribuída, o  “ex-revú” diz-se injuriado revelando que têm sofrido ameaças contra a sua integridade física, sem no entanto especificar se as intimidações tem partido da Secreta do regime ou da DNIC, órgãos notabilizados pela execução de outros dois activistas, Alves Camulingue e Isaias Cassule.


AO Exmo Sr. Paulo Alves, editor do Club-K

L U AN D A


Na sequência de um artigo publicado pelo site club¬k no mês de Dezembro de 2015, no qual a minha integridade e bom nome foi gravemente ferido; Nos termos do artigo 65 da Lei de imprensa, apresento por esta via o meu direito de resposta para efeito de publicação e reposição da verdade dos factos:


Valdemiro da Piedade, membro e combatente do Movimento Revolucionário por consciência, estando a assistir o meu contributo em prol da luta e da causa a que me dediquei durante longos anos, junto de manos que tenho como irmãos, depois de uma profunda reflexão, motivada pelo desanimo que assolou a minha alma com a carta onde os manos dos 15+2, a semelhança do Club K, de forma deliberada acusaram¬me de traidor, em respeito aos pedidos que tenho recebido de muitos manos que, mesmo nesta hora difícil, não me abandonaram, apraz¬me apresentar “as minhas verdades”, contra essas acusações maléficas:


Reitero de viva voz que nada fiz e sou inocente de tudo quanto me acusam. Assisti calúnias e difamações do género contra os manos Mandela, Pedrowski, Mário Faustino e Adolfo Campos nas redes sociais, imprensa e apesar de não entender bem as razões profundas destas publicações, desconfiava de que certamente, o regime estivesse por detrás destas tramas. Já no meu caso, infelizmente, não posso dizer o mesmo, porque suspeito de certos elementos que fingem estarem ao lado da nossa causa. Os ditos apoiantes e companheiros sempre souberam fingir muito bem, quando na verdade nunca estiveram e nem estão ao nosso lado manos. No fundo, aproveitam¬se de nós para conseguirem matérias para aumentarem a audiência dos seus sites e venderem mais jornais.


Gostaria de lembrar que a minha luta em nome do movimento, nunca foi fácil, muito menos tem se caracterizado com exposições mediáticas e desnecessárias para chamar atenção dos lambe bota do Executivo que estão sempre a espreita para darem o bote ao primeiro corrupto. Evitei excessivas e desnecessárias exposições para não cair no radar das negociatas, como tem sido prática de alguns manos, tal como eu e muitos de nós sabemos e os conhecemos. Dentro do movimento, nunca recusei abraçar e apoiar os manos, ao ponto da minha viatura que consegui com muito sacrífico ter sido danificada, naquele fatídico dia 20 de Junho de 2015. Nunca cheguei a colocar os meus pés lá, por causa do acidente que tive neste dia:


A minha viatura no referido dia sofreu um grave acidente nas imediações da FTU, que até agora não consigo reparar os danos! Logo é impossível que estivesse em qualquer cortejo policial conforme queria fazer crer o Club K em conluio com Koque Mukuta e mais, seria muita burrice ou ingenuidade minha se realmente fosse um infiltrado e cometesse tantos erros, conforme denuncia o artigo do club K, ao ponto de acompanhar a caravana policial com o meu próprio carro, logo depois da detenção dos manos! Isto não faz sentido. Assim como as malditas gravações que insistem atribuir¬me a autoria.


Gostaria também de deixar bem claro aos companheiros que nunca filmei ninguém, nunca gravei ninguém. Vocês sabem que nunca fui de fotografar os outros e os mais atentos no grupo sabem que sempre fui contra a excessiva exposição fotográfica que era feita nos nossos encontros.


Quanto a outra suspeita que o Club K e o jornalista Koque, querem impingir¬ me por causa do chapéu, nem sei o que dizer. Mas saibam que o meu nome de gozação em casa, era exactamente “menino chapéu”, porque nunca tirava o chapéu da cabeça, faça chuva ou sol, noite ou dia. Para além de que realmente me dava relativa privacidade contra alguns manos que sem uma explicação clara e motivo justificado, passavam o tempo todo a fazer fotos aos outros, como se estivéssemos em sessões de desfile de moda, porquê?


Já não me posso calar manos e nem devo mais, tenho sofrido bastante com estas calúnias e constantes ameaças contra a minha integridade física pelo que se ocorrer algo contra a minha pessoa já indiquei a minha família a quem devem pedir contas. Saibam também que correr¬se¬á o risco de tudo se fazer para culpabilizar o movimento para aproveitamento político. Com certeza verá nisto uma soberba oportunidade para mais uma vez acusarem¬nos de arruaceiros ou mesmo de violentos! Haja união entre nós. Não me posso calar mais e lamento profundamente um jornalista como Koque Mukuta, na ânsia de ganhar visualização, protagonismo em publicar matérias recheadas de inverdades sem antes partir para o contraditório, muito menos importar¬se com os estragos “indeléveis” contra o bom nome dos outros, resultante das calúnias e difamações, violando o princípio do contraditório. Este tipo de jornalismo é de selvajaria, sem qualquer ética e mais, em nada difere com o praticado pelo Jornal de Angola.


Eu que nunca fui e nem sequer conheço a casa de Osvaldo Caholo, o Coque e companhia, de forma milagrosa e divina descobriram que fui eu quem a indicou a polícia! Nunca, ouviram bem, nunca fi¬lo e nunca faria, até porque eu não conheço a casa de Caholo e nunca participei em nenhum almoço la.

Saibam que a questão de conhecermos as casas uns dos outros sempre foi um dilema no movimento. Ninguém quer ser o primeiro a fazê¬lo e cada um tem não mais do que três manos a quem considera de extrema confiança e os demais não passam de companheiros de luta. Mesmo os manos Beiman, Emiliano, Pedrowski, Adolfo, Alex Chabalala, Quintas e MC Life, nunca mostraram as suas casas a todos, mas sim apenas a um pequeno grupo restrito. Porquê?

Que fique claro que os únicos manos cujas casas conheço, são Nito Alves, Graciano e Laurinda, porque no primeiro caso era lá onde nos reuníamos ao passo que no caso da Laurinda, foi o próprio Nito que havia me pedido boleia para socorrermos a namorada por volta das 23H00 porque estava a sentir¬se mal. Portanto não conheço a casa de mais ninguém.


Club K, o meu perfil no facebook nunca teve foto e a acusação de que a mesma foi removida de propósito, não passa de um absurdo. Quanto as alegações de nunca ter sido detido, santo Deus, ainda no dia 29 Junho de 2015, fui detido, espancado e raptado na manifestação e só fui solto dia 31 de Junho, os manos Adolfo Campos, Feridão, Laurinda, MC Life e Mandela que comigo estiveram são testemunhas deste facto. A final o verdadeiro revu ou activista tem que ser espancado, preso ou sofrer qualquer tipo de aberração? Quantas vezes o mano Pedrowski foi detido? Quantas vezes o Beiman e tantos outros manos foram detidos?


Quanto a lista de presença se todo o mundo conhece Valdemiro da Piedade não é possível no acto da assinatura escrever José da Piedade e vezes consecutivas, não estariam a chamar as pessoas que produziram as atas de burros, isto não bate certo. Finalmente, saibam que trabalho sim por conta própria, eu sou eletricista e com muito orgulho.

Luanda, 24 Dezembro de 2015

Atenciosamente: Valdemiro da Piedade