USA - O embaixador itinerante angolano Luvualu de Carvalho disse hoje, em Washington, que os filhos do Presidente José Eduardo dos Santos têm o direito de ocupar cargos de responsabilidade, tal como os filhos de George Bush.


Fonte: Lusa

Luvualu de Carvalho participou na conferência "Perspetivas sobre a Transparência, Direitos Humanos e Sociedade Civil em Angola", organizada na capital norte-americana pelo National Endowment for Democracy (NED) e que reuniu também o subsecretário adjunto para os Assuntos Africanos; o embaixador Princeton Lyman, conselheiro do presidente dos Estados Unidos e o jornalista e ativista angolano Rafael Marques.


Anteriormente, Rafael Marques, autor do livro "Diamantes de Sangue", tinha acusado o Presidente José Eduardo dos Santos de "nepotismo", referindo-se aos contratos da empresária Isabel dos Santos e ao "inexperiente José Filomeno dos Santos, o filho de 36 anos do Presidente, que trata do Fundo Soberano de Angola como se fosse o seu recreio".


"Eu não penso que o facto de uma pessoa ser filho de um Presidente o faz menos do que os outros. O que faz o filho de um Presidente em qualquer parte do mundo? Estuda e fica em casa? O filho do Presidente George Bush foi Presidente (George W. Bush) e ninguém lhe disse que não podia ser Presidente", referiu o diplomata angolano.


Luvualu de Carvalho acrescentou que em França o filho do então Presidente francês, Nicholas Sarkozy, com 23 anos, foi nomeado CEO de La Defence (o maior centro económico de França) durante cinco anos.


"Ninguém fez escândalos. Ele foi nomeado porque tinha capacidade. É um ser humano. Não deve ter oportunidade só porque é filho do Presidente?", questionou o embaixador, referindo-se também aos vários cargos desempenhados por membros da família do ex-Presidente norte-americano John Kennedy.


"Angola não é o país de um só homem. É de 24 milhões de pessoas que vivem lá", concluiu o embaixador itinerante na conferência sobre Angola.


Do ponto de vista económico, o diplomata disse ainda que Angola não está em crise, alertando que a diversificação da economia, que depende do petróleo, demora tempo.


"Angola não está em crise. Sejamos claros, Estamos a deixar a crise. Se tínhamos o preço do barril a 100 dólares e agora está a 35 dólares significa que perdemos 65 por cento. Temos dificuldades para conseguir exportar produtos. Nos últimos 35 a 40 anos Angola viveu do petróleo. Vamos dar passos no sentido de diversificar a economia, mas a diversificação não se faz em dois ou três anos", referiu o embaixador itinerante.


Dirigindo-se a Rafael Marques, afirmou que o governo, depois do final da guerra civil (2002), investiu no país.


"Rafael, o governo construiu novas cidades, construiu novas estradas, novos hospitais. Não podemos dizer que o governo fez nos últimos 13 anos foi nada. Fizeram-se esforços para que fossem garantidas condições de vida aos angolanos", sublinhou Luvualu de Carvalho acrescentando que existe um problema de comunicação sobre as mensagens que são transmitidas para o estrangeiro.


"Temos tido alguns problemas ao não saber passar a mensagem do governo no exterior de Angola. Temos vozes como as do Rafael Marques que faz um bom trabalho mas também temos de vos fornecer informação sobre o que o governo anda a fazer. Eu nunca ouvi o Rafael falar dos sete milhões de estudantes com acesso ao sistema de ensino. Nunca ouvi o Rafael falar dos 10 milhões de angolanos que têm acesso à saúde, garantida pelo governo", disse ainda o embaixador itinerante da República de Angola.