Luanda - O Papa Bento XVI lembrou hoje, em Luanda, que as riquezas “materiais e espirituais” de Angola” devem ser mais bem distribuídas pelos seus habitantes e que o país deve usar o seu poder para ajudar a construir uma África mais solidária.

Bento XVI foi recebido por José Eduardo dos Santos

Bento XVI foi recebido ao fim da manhã no aeroporto 4 de Fevereiro pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e começou uma viagem de três dias a Angola – a segunda de um Papa a este país africano – encorajando a continuação do processo de pacificação e reconstrução do país, mas sublinhando as desigualdades sociais e pedindo mais esforços na luta contra a pobreza.

“Não podemos esquecer que há tantos pobres em Angola que reclamam o respeito pelos seus direitos. Não nos podemos esquecer dos que vivem abaixo do limiar da pobreza. Não os desiludam”, disse Bento XVI, exprimindo-se em português. “Angola deve partilhar as suas riquezas materiais e espirituais em benefício de todos”, afirmou.

Dois terços dos angolanos vivem com menos de dois dólares por dia, num país que é um dos maiores produtores de petróleo de África.

O Papa falou ainda da riqueza de Angola para se referir ao papel do país na África Austral. “A vossa terra é rica, a vossa terra é forte”, disse Bento XVI, acrescentando: “usem o vosso património para construir uma sociedade mais solidária em África”.

Bento XVI fez ainda um apelo diálogo e à participação da sociedade civil na reconstrução do país, após anos de guerra civil, lembrando que o seu país, a Alemanha, também conheceu “a guerra e a divisão entre irmãos”. “O diálogo entre os homens permite ultrapassar todas as formas de conflito e de tensões e fazer de cada nação e de cada pátria um lar de paz e de fraternidade”.

O Presidente angolano deu as boas vindas ao Papa num discurso em que focou o processo de paz e de reconciliação no país, elogiando o papel da Igreja católica “na promoção dos valores morais e cívicos num tecido social destruído pela guerra”.

“A reconstrução de Angola passa pela reabilitação do homem angolano na sua plenitude”, disse José Eduardo dos Santos.

O Papa lembrou ainda a visita de João Paulo II, em 1992, e evocou os 500 anos da cristianização de Angola, referindo que nesta viagem vinha ao encontro de “uma das mais antigas comunidades católicas da África subequatorial”.

Fonte: Publico