São Paulo - O juiz federal brasileiro Sérgio Moro decretou ontem (quinta-feira, 03/03) a prisão preventiva do publicitário João Santana e da mulher dele, Mônica Santana. O casal já cumpria prisão temporária nos calabouços da Polícia Federal em Curitiba, desde a semana passada, quando foram presos na Operação Acarajé, da Polícia Federal (PF) do Brasil.

Fonte: RA/AG0
Os dois confessaram à polícia que haviam recebido por debaixo da mesa milhões de dólares do MPLA para pagar a campanha de 2012. Além dos USD 20 milhões das contas oficiais, a Pólis, empresa dos dois, teria recebido pelo menos mais USD 20 milhões não inscritos nas contas. Ou mais, tendo em conta que João Santana referiu à polícia que da campanha em Angola a sua empresa recebeu USD 50 milhões.

Agora, para decretar a prisão preventiva, o juiz Sérgio Moro disse que a prisão de Santana é necessária para preservar as investigações porque ele tentou destruir arquivos electrónicos. “A conduta tomada por João Santana, de, em cognição sumária, promover a eliminação de arquivos electrónicos, ou seja, destruir provas, indica risco à investigação ou à instrução caso seja colocado em liberdade”, decidiu Moro.

Segundo a PF, há indícios, apontados em folhas de cálculo, de que o publicitário João Santana recebeu 4 milhões de reais (USD 1 milhão) da empreiteira Odebrecht no Brasil e os documentos apreendidos divergem da versão apresentada pelo casal nos depoimentos prestados na semana passada. A suspeita é que o dinheiro tenha origem no esquema de desvios na Petrobras, a empresa petrolífera estatal brasileira.

O casal foi detido na terça-feira acusado de ter recebido USD 7,5 milhões em contas não declaradas, a partir de outras contas controladas pela Odebrecht e pelo lóbista polaco radicado no Brasil Zwi Sckornicki.

De acordo com a PF, no dia em que operação foi deflagrada, João Santana apagou a sua conta no sistema de armazenamento em nuvem chamado Dropbox. Santana e a mulher entregaram-se às autoridades no dia seguinte à operação, na terça-feira, 23, porque estavam na República Dominicana, onde participavam da campanha presidencial.

“Considerando a data da providência, a medida tinha a finalidade provável de impedir o acesso das autoridades policiais ao conteúdo armazenado em nuvem junto àquele endereço electrónico, já que a interceptação ou quebra de sigilo telemático é recurso usualmente empregado nas investigações policiais modernas. Em termos actuais, apagar os arquivos em nuvem equivale a destruir documentos que podem interessar à investigação”, argumentou Moro.

De acordo com a defesa do publicitário enviada ao juiz Sérgio Moro, as suspeitas da PF sobre suposta destruição de provas são insinuações.

“Voltemos às duas premissas – ocultação de provas e ciência prévia da operação. São meras especulações, como todas as outras, mas neste caso tão pífias que se contradizem entre si. Se for verdade que os peticionários já sabiam da operação, por que diabos João Santana deixaria para encerrar sua conta no Dropbox já no próprio dia da operação e não nos dias anteriores?”, questiona a defesa.