Lisboa - A agência de notação financeira reviu em baixa a perspectiva de evolução da dívida soberana de Angola. O próximo passo pode ser o de descer o "rating" do país.

Fonte: Economico

A agência de notação financeira Fitch desceu a perspectiva de evolução da avaliação da dívida soberana de Angola para negativa, sendo assim provável que desça o "rating" do país nos próximos 12 a 18 meses.


Na avaliação dos peritos desta agência, o "rating" de Angola foi mantido em B+, abaixo da escala de investimento, ou 'lixo', como é tradicionalmente conhecido, mas a previsão de evolução da análise passou de estável para negativa.


"A elevada dependência das receitas petrolíferas por parte de Angola, em combinação com a queda dos preços do petróleo desde a anterior avaliação feita pela Fich, em Setembro de 2015, piorou a análise das condições externas, orçamentais e macroeconómicas do país, aumentando os riscos", escreve a Fitch no relatório em que dá conta da descida do "rating".


Segundo a análise da Fitch, o défice das contas públicas vai chegar aos 4,6% este ano, triplicando-se face à previsão de défice de 1,5% do ano passado.


Igualmente negativa é a perspectiva sobre o peso das receitas petrolíferas face ao PIB: "Projectamos que as receitas do petróleo fiquem à volta dos 10% em 2016 e 2017, descendo de quase 33% entre 2004 e 2014", escrevem os analistas da Fitch.


Apesar da "genericamente forte resposta política das autoridades ao choque petrolífero, que ajudou a moderar a razia nas reservas estrangeiras", os dados preliminares apontam para um corte na despesa pública, relativamente ao PIB, de 15 pontos percentuais em 2015, alicerçados em despesa de capital e nos subsídios, acrescenta a agência de notação financeira.


Os riscos orçamentais, notam, incluem "a incerteza dos preços do petróleo e a capacidade de cortar mais na despesa pública sem permitir um aumento nos atrasos dos pagamentos do Estado, prejudicar o crescimento ou alimentar a insatisfação pública".

A Fitch estima que a dívida pública tenha subido para 47% do PIB no final do ano, "quase 17 pontos percentuais acima do final de 2014, reflectindo a depreciação do kwanza e algumas actividades pré-financiadas", lê-se no relatório.

O documento explica que "apesar da dívida pública angolana estar abaixo da média de 53% dos países classificados com o 'rating' B, a Fitch estima que, devido ao défice orçamental e à depreciação da moeda, suba ainda mais para um pico de quase 60% em 2017".

Para a elaboração do relatório e das previsões macroeconómicas, a Fitch assume que a média dos preços do petróleo será de 35 dólares por barril este ano e 45 em 2017, e parte também do princípio de que "o ambiente político vai manter-se estável, sem alterações significativas à actual elite política".