Camberra - Uma investigação jornalística sobre a empresa do Mónaco Unaoil denuncia a corrupção no setor do petróleo e gás em África, nomeadamente nos lusófonos Angola e Guiné Equatorial, havendo já ações judiciais no Reino Unido, Austrália e Estados Unidos.

Fonte: Lusa

Conduzida pelos grupos de comunicação Fairfax Media e Huffington Post, a investigação jornalística revela as ligações entre a empresa monegasca e uma consultora australiana com escritórios em Kuala Lumpur, a Leighton Offshore, revelando "dezenas de milhares" de emails internos que comprovam a entrega de subornos a altas figuras angolanas e equato-guineenses.

A investigação começa em 2013, quando a histórica construtora automóvel Rolls Royce enviou uma comunicação à Unaoil despedindo-a de ser a representante da marca em Angola.

Foi "a primeira vez que a empresa monegasca tinha sido despedida devido a preocupações sobre corrupção", segundo a notícia, que cita o email da Rolls Royce à Unaoil, no qual explicam que devem "parar se de apresentar como um intermediário comercial oficial da Rolls Royce em Angola".

O impulso final para esta decisão terão sido as denúncias por órgãos de comunicação social do envolvimento da Unaoil num negócio corrupto entre a Leighton Holdings e altos funcionários do regime iraquiano, que rapidamente chegaram a outros clientes da Unaoil e tinham o potencial de minar a credibilidade da histórica marca automóvel britânica.

A notícia publicada pelos australianos Huffington Post e The Age afirma que "a divulgação do conteúdo de dezenas de milhares dos emails da Unaoil arrasa a alegação de que são uma companhia séria, e expõe o mais escândalo de corrupção na hisória do setor do gás e petróleo mundial".

Em Angola, a investigação jornalística aponta o dedo a Francisco Gonçalves, atual vice-presidente da Sonangol Sinopec International (uma subsidiária internacional da companhia petrolífera estatal de Angola) e elencam um contrato de 1.125 milhões de dólares, em junho de 2010, "baseado na nossa relação e uma transação comercial", segundo um email da Unaoil.

Na Guiné Equatorial, outro dos exemplos da atuação da empresa em África, a par da Argélia, Tunísia, Congo, Nigéria e África do Sul, a investigação jornalística afirma que o Presidente Teodoro Obiang recebeu diretamente 2 milhões de dólares em 2003 para garantir um contrato para a Marathon Oil, uma petrolífera norte-americana entretanto investigada pela justiça dos Estados Unidos.