Luanda - Milocas Pereira, jornalista guineense, desapareceu há 4 anos em Angola, e não há qualquer pista acerca do seu paradeiro. A família acredita que haja motivações políticas por detrás do desaparecimento.


Fonte: DW

Em julho de 2012, a jornalista bissau-guineense Ana Emília Pereira, mais conhecida por Milocas Pereira, foi dada como desaparecida em Luanda.

 

Os familiares acreditam que o seu desaparecimento tenha motivações politicas, já que Milocas Pereira era frequentemente convidada pela imprensa angolana a comentar as crises político-militares na Guiné Bissau, sobretudo aquando do golpe de Estado contra o governo de Carlos Gomes Júnior (12 de abril de 2012). Golpe que culminou com a retirada das tropas da MISSANG (Missão militar angolana na Guiné-Bissau).


Um mês antes do seu misterioso desaparecimento, a jornalista que lecionava jornalismo na Universidade Independente de Angola, foi agredida por desconhecidos e, na sequência dessa agressão, teria manifestado a algumas pessoas que lhe são próximas a sua intenção de deixar Angola, país onde tinha fixado residência desde 2004.


Uma procura incessante sem respostas


Muitos se interrogam se Milocas Pereira teria sido vítima dos serviços secretos externos da Guiné Bissau, ou então, se terá sido vítima das autoridades angolanas em virtude de eventualmente ter proferido alguma declaração que tenha "aborrecido" o regime de Luanda.


O certo é que, entre os familiares de Milocas Pereira muitos receiam comentar o assunto com medo de represálias, embora mantenham a esperança que se venha fazer luz sobre o seu desaparecimento.

Familiares e amigos já a procuraram por Angola, passando pela Guiné Bissau, até em Portugal, seguindo pistas na busca de respostas sobre o desaparecimento da jornalista.

Em entrevista a DW África, a irmã de Milocas Pereira, Teresa Pereira, falou sobre as dificuldades que tem tido na procura de respostas sobre como andam as investigações.”Só em Portugal é que não fizemos diligencias oficias.

Na Guiné Bissau fizemos junto do governo na altura em 2012 e 2013. Em 2014 renovou-se. As ligas de direitos humanos e de organização da sociedade civil, estão constantemente a apelar as autoridades angolanas que tomem em mão esta investigação “

A última vez que recebeu informação sobre o eventual paradeiro da sua irmã, foi em 2014, quando surgiram rumores do aparecimento de alguns cadáveres de cidadãos da Guiné-Bissau numa das cadeias de Luanda. Teresa Pereira diz que pressionou para fazer o reconhecimento do corpo, mas os investigadores da Policia Nacional negaram-lhe o pedido.


“Contactei a Policia de Angola pedi que me deixassem ver o tal cadáver porque me diziam que era da minha irmã e porque se fosse eu teria que identificar e teriam que me dar o corpo. A Policia disse que não era ela, disse que iria investigar sobre a origem desses rumores e até hoje não me disse nada”.


A Policia Nacional de Angola continua sem dar respostas. E as autoridades da Guiné-Bissau quase nada têm feito junto das autoridades angolanas para o esclarecimento do caso. Para Teresa Pereira, resta apenas esperar para que se faça luz sobre o desaparecimento da sua irmã.
O porta-voz da Policia Nacional em Luanda, Mateus Rodrigues, contatado pela DW negou-se a prestar qualquer esclarecimento sobre o assunto.