O ministro da Comunicação Social, Manuel Rabelais
O ministro da Comunicação Social, Manuel Rabelais
Luanda -  Não estive presente na última reunião que o Ministro da tutela, Manuel Rabelais, promoveu com os responsáveis de todos os órgãos de comunicação social (públicos e privados) mais as associações sobreviventes.

Desconfio que devem ter sentido a minha falta, embora ninguém me tenha convidado. Mas como neste momento até tenho uma certa alergia por responsabilidades que ultrapassem as minhas cada vez mais modestas capacidades de dirigir pessoas e bens, foi melhor que se tivessem esquecido de mim, enquanto aguardo pela criação do já proposto (por mim neste blog) Alto Conselho dos Anciãos da Comunicação Social (ACACS), onde certamente terei assento por mérito próprio, embora todos os dias renove e rejuvenesça as minhas ideias com vários exercícios mentais a ver se consigo evitar o pior que é o Alzeihmer, antes de bazar definitivamente.

Estou particularmente entusiasmado com um dikota que passou cerca de trinta anos na mukueba a dizer cobras e lagartos disto e agora no seu regresso triunfal transformado em revisor de provas, anda por aí, num tal de "postal diário", que pode ser lido no nosso “pravda”, a dizer que a malta da banda cheira mal.

Se isto não é abuso, então o que é que será?

Ao que me disseram algumas das fontes jornalísticas presentes no encontro, foi uma reunião algo surpreendente pelo grau de abertura com se abordaram algumas questões mais sensíveis para a vida do sector, tendo havido mesmo um certo lavar de roupa suja.

De facto há já bastante tempo que o nosso Manel (o nosso aqui é mesmo sem aspas) não se reunia com o pessoal todo, sem as barreiras do passado que continuam bem presentes, depois de ter marcado o arranque do seu consulado com uma perspectiva de trabalho diferente, sem dúvida muito mais abrangente e inclusiva do que a do seu antecessor.

Em abono da verdade o “falecido” foi apenas o Ministro da Comunicação Social do Governo.
Mais grave do que isso, chegou a querer ser mesmo (contra a sua vontade) o Ministro do Cacete para os Privados.

Mas isso já pertence ao passado, embora seja sempre bom fazer estas incursões pontuais pelo pretérito mais do que imperfeito da nossa história, pois a memória, de uma forma geral, não é bem o forte dos políticos, particularmente dos nossos, alguns dos quais se calhar até já se “esqueceram” que em Angola houve uma ditadura monopartidária sem liberdade de imprensa.
O reparo ao facto do Ministro nunca mais ter promovido uma sessão do género (brainstorming) traduz uma preocupação e uma crítica.

Antes de mais, brainstorming é uma técnica que devia ser mais utilizada pelo governo nos seus contactos com os cidadãos visando a solução de problemas concretos.
Genericamente este método inventado por Alex Osborn nos Estados Unidos, propõe que um grupo de pessoas não muito numeroso se reúna de vez em quando e utilize as diferenças dos seus pensamentos e ideias para que se possa chegar a um denominador comum eficaz e com qualidade, gerando assim ideias inovadoras que levem o projecto adiante.
O brainstorming é, pois, uma ferramenta (devidamente organizada) de grande utilidade se quisermos gerir processos complexos com respeito pela diferença e em nome do interesse nacional.

Percebe-se porque é que ela é tão pouco utilizada pelo Governo no seu conjunto, com as excepções, muito poucas, que se conhecem.

O Executivo prefere fazer grandes, mediáticas mas pouco produtivas conferências. (A Conferência sobre a habitação exemplifica bem deste tipo de "solução".)De facto já começávamos a ficar preocupados com tanta ausência e com tanto silêncio da parte de quem ( o nosso Manel) anunciou logo no inicio da sua gestão que as coisas iam ser diferentes, naturalmente, para melhor.

Pior do que estavam, sobretudo em matéria de diálogo, também já seria muito difícil, embora não fosse de todo impossível em obediência ao principio de Murphy, segundo o qual nada está tão mal que não possa ficar pior. Angola tem sido um bom campo de verificação deste postulado catastrófico.

Depois do brainstorming promovido esta semana, ficamos a aguardar pelos seus resultados e pela realização da próxima sessão com a esperança que não sejamos convocados dentro de mais uns anos e só depois de voltar a acontecer mais alguma crise.
Pelos vistos em tempo de crise a gente entende-se melhor particularmente com o Governo, pois há já algum tempo que os privados não recebiam um convite tão directo para integrarem a sua artilharia de campanha.

Depois de manifestada a preocupação passemos a crítica que é breve e que já é recorrente e que tem a ver com a lei de imprensa e com a concretização de alguns compromissos que continuam a aguardar pela sua regulamentação. Um deles é a definição do sistema de incentivos ao desenvolvimento da imprensa.

Em tempo de concorrência reforçada, com os grandes a investirem fortemente, os pequenos têm naturalmente de ser protegidos em nome da letra e do espírito da nossa lei. Neste mercado a lei da concorrência não tem necessariamente que resultar na exclusão dos menos fortes financeiramente.

A Lei de Imprensa é expressamente é anti-monopólio e anti-oligopólio. Há que agir em conformidade com ela, sendo o Estado o principal interessado neste desiderato.

Fonte: http://www.morrodamaianga.blogspot.com/