Carlos Gouveia considera que "não há substância necessária para travar uma guerra contra os media portugueses" e diz que é preciso responsabilizar os políticos angolanos neste processo. O líder do PREA garante que esta situação não só "afecta as relações entre os dois países" como põe em causa "o processo de paz em Angola".

"Quadrilha de abusadores"
Na edição online de ontem, o periódico angolano apelidou a comunicação social portuguesa de "quadrilha de abusadores", dirigindo-se de forma directa aos jornalistas do "império mediático" de Belmiro de Azevedo e de Pinto Balsemão.

A troca de acusações entre os media portugueses e angolanos foi desencadeada pelas declarações do músico e activista Bob Geldof que na passada terça-feira, chamou "criminosos" aos governantes de Angola, durante uma conferência organizada pelo Expresso e pelo Grupo Espírito Santo. As palavras de Geldof geraram uma onda de artigos e comentários sobre as políticas do regime angolano, nomeadamente no 'Público' e no programa do 'Eixo do Mal', da SIC Notícias, os principais alvos do Jornal de Angola. Os jornalistas visados no artigo são qualificados de "idiotas úteis que abusam da liberdade de imprensa".

Atitude "patética"
A direcção do Expresso considerou "patética" a atitude do JA. "É muito difícil explicar a liberdade a quem não é livre", afirmou o director Henrique Monteiro.

Para o director do 'Público', José Manuel Fernandes, "Angola não está habituada ao pluralismo, nem ao direito à crítica". A direcção do da SIC Notícias escusou-se a comentar o artigo, e apenas os participantes do programa 'Eixo do Mal' reagiram aos insultos do JA. José Júdice disse ao 'DN' que só comenta o caso "quando o Jornal de Angola for um jornal"; Clara Ferreira Alves foi mais longe ao afirmar que o governo angolano "não é eleito, não é legítimo, não é democrático"; Daniel Oliveira, por seu lado, salientou que "há insultos que, vindos de onde vêm, sabem a elogios".

O JA também não poupou Mário Soares a quem chamou "salteador", acusando-o de apoiar o ex-líder da UNITA Jonas Savimbi, "o lugar-tenente da quadrilha soarista em Angola". "Para liquidar esses salteadores, os angolanos deram tudo o que podiam", lia-se no artigo.

O texto publicado na página do editorial do diário angolano termina com uma ameaça: "Se o regabofe continua, se calhar um dia destes publicamos as listas com os nomes dos quadrilheiros portugueses que foram capturados no "bunker" de Jonas Savimbi no Andulo", numa clara alusão aos aliados do ex-líder da UNITA, morto em combate em Fevereiro de 2002.

Fonte: Expresso