Luanda - Os custos da Sonangol com pessoal, como em salários e prémios, cresceram em 2015 globalmente 6%, apesar das fortes quebras nas receitas, justificando a concessionária petrolífera angolana com a desvalorização do kwanza devido à crise.

Fonte: Lusa

Os dados resultam de uma análise ao relatório e contas consolidado de 2015 da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), que indica que a petrolífera pagou no último ano, só em salários, 71.650 milhões de kwanzas (389 milhões de euros, à taxa de câmbio atual), um aumento de 16% face ao mesmo período de 2014.


No mesmo documento, a empresa refere que o aumento registado na rubrica de custos com o pessoal "está influenciado pelo efeito cambial da desvalorização do kwanza face ao dólar norte-americano", que em 2015 rondou os 30%.

 

A empresa também reconhece que tinha no ativo, em 2015, um total de 8.279 trabalhadores, menos 2% face ao ano anterior.

 

A petrolífera angolana foi gerida até junho passado por Francisco de Lemos José Maria, tendo então sido nomeada a empresária Isabel dos Santos para presidente do conselho de administração da Sonangol, no âmbito do processo de reestruturação da maior empresa de Angola.

 

Em 2015, um ano em que as receitas com a exportação de petróleo caíram fortemente, os custos com o pessoal representaram nas contas da Sonangol 135.030 milhões de kwanzas (735 milhões de euros). Um valor que contrasta com os 127.507 milhões de kwanzas (693 milhões de euros) de 2014, ano em que o barril de crude esteve acima dos 100 dólares, contra os cerca de 45 dólares atuais.

 

Entre estes custos, além da componente de salários, a Sonangol gastou 28.480 milhões de kwanzas com prémios e remunerações adicionais (mais 11,5% face a 2014), e 11.521 milhões de kwanzas com festas de confraternização e ação social (mais 45,9%).

 

No sentido contrário, a empresa cortou a fundo nos custos com tratamentos médicos (-44,3%), para 2.649 milhões de kwanzas (14,4 milhões de euros) e na formação (-76,4%), que se ficou nos 2.757 milhões de kwanzas (15 milhões de euros) em 2015.

 

A Sonangol adotou em 2015 um conjunto de medidas de austeridade que incluíam a revisão de todos os contratos da empresa e cortes em algumas regalias, argumentando então que o preço do petróleo tornou os instrumentos de gestão "irrealistas".

 

No "Guião para Redução e Contenção de Custos no triénio 2015-2017", um autêntico manual de austeridade, assumia-se a urgência em rever a atividade da petrolífera em linha com a nova "conjuntura e capacidade efetiva da Sonangol".

 

O guião, obrigava, entre outras medidas, ao congelamento dos salários dos funcionários e a revisão da pertinência de todos os contratos de trabalho, bem como o "cancelamento de toda a formação de curta duração, seminários, 'workshops' e 'brainstormings' no exterior do país".

 

O guião de poupança previa inclusive a entrega de um "montante anual de cinco mil dólares (4.500 euros) aos membros das comissões executivas das subsidiárias e diretores da Sonangol para despesas de representação", mas avisava que "não serão contabilizadas e liquidadas pela Sonangol EP e Subsidiárias despesas de representação, tais como restauração, recriação, 'entertainment' e outras da mesma natureza"