À

SUA EXCIA CAMARADA PRESIDENTE DA REPÚBLICA ENGº JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

ASSUNTO: Exposição Aberta Sobre Possível Desistência da EMIRATES ao Acordo de Parceria com a TAAG

 

Caiu como uma bomba a informação posta a circular em círculos restritos da hierarquia ao mais alto nível da TAAG, segundo a qual a EMIRATES terá desistido do acordo de Gestão que os ligava a Empresa Publica, TAAG- Linhas Aéreas de Angola, companhia de bandeira angolana.

 

Circula a informação que os responsáveis da EMIRATES terão convocado a Administração da TAAG, tendo-lhes comunicado que a parceria entre TAAG-EMIRATES, tinha sido rompida e que se os seus representantes (administradores executivos da TAAG) quisessem continuar na liderança da Gestão da mesma, poderiam continuar, mas sem a cobertura do vinculo jurídico laboral com a EMIRATES.


Após regresso a Luanda,os Gestores Executivos, reuniram-se para analisar o assunto, tendo os mesmos chegado a decisão unánime de continuarem na liderança da gestão da TAAG, à sua conta e risco, alegando terem simpatizado com o país, suas condições de trabalho e estarem dispostos a ajudar a TAAG a superar a actual crise. Porem o estranho é que até a presente data não houve algum pronunciamento público por parte de quem de direito sobre o assunto. O silêncio que se faz sentir em volta do referido assunto, é o reflexo perfeito do sigilo que gira no tão propalado acordo(falta de transparência).


Há ser verdade estamos perante um fracasso de entre os vários projectos concebidos pelo celebre gestor da actualidade, o Sr. Ministro Augusto Tomás. O que estará por detrás deste recuo inesperado da EMIRATES?

Será a crise econômica e financeira que Angola e o mundo vivem que terá inviabilizado a injecção de capital financeiro previsto no acordo por parte do Governo de angola?

Será que havia um verdadeiro e genuíno interesse da EMIRATES ajudar a TAAG a crescer?

Será que escolhemos bem o verdadeiro amigo para este projecto? Não será que teremos dado`` um passo maior que à nossa perna``?

Essas são apenas algumas das muitas perguntas que o assunto pode suscitar.

Camarada Presidente importa afirmar, que esta notícia não surpreende os mais atentos ao dossier EMIRATES/TAAG, porque desde a data da celebração do acordo, a EMIRATES nunca exerceu alguma influência na gestão da TAAG, a sua presença sempre foi consubstanciada na injecção de quadros na condição de Reformados, recrutados no mercado Britânico, de Sri-Lanka, Belga, Francês e Congo Democrático, que por sua vez, estes recorrem a outros mercados com predominância do mercado português, sem os quais acredita-se, não saberiam por onde começar, realce para os colaboradores expatriados que dominam a Direcção de Finanças da TAAG,Sra. Custódia Gabriela Pereira Bastos e Paulo Alexandre Vilarinho Barros, controlador financeiro e Gestor de Tesouraria, respectivamente, estando os mesmos em exercício de actividade laboral em Angola sem o respectivo visto de trabalho.


Camarada Presidente, na verdade diga-se que passado quase 1(um) ano desde a nomeação do Conselho de Administração, a TAAG em termos de organização, não mudou, continua a ser a mesma, até porque os actuais gestores não tinham nada para introduzir no sistema com vista a contribuir para a sua melhoria, tanto é que por ocasião do seu empossamento e visita às áreas operacionais da companhia, o PCA, Sr. Peter Hill e seu elenco, foram honestos em reconhecer e afirmar que consideraram a TAAG uma companhia organizada, com infraestruturas e meios técnicos adequados, processos bem caracterizados, e recursos humanos profissionalmente bem dotados nos mais variados níveis técnicos.

Perante estes factos, deduzimos que a EMIRATES nunca esteve interessada em fazer parceria com a TAAG,tudo o que lhes interessava era obter as frequências diárias para Luanda e apoderar-se das rotas da TAAG para a Àsia, America e Medio-Oriente, sendo esta ultima já um dado consumado, com a retirada de Dubai da grelha de programação de voos da TAAG.


Os rumores que gravitam em torno do excelente trabalho feito no campo financeiro, que tem haver ao estanque dos derrames, cortes nas despesas para efeitos de contenção de gastos, não tem sido visível aos olhos da maioria dos funcionários, porque esta administração pauta por uma gestão centralizada, fechada e não participativa como se esperava, há rumores que alguns deles estão a aproveitar-se da Companhia para se potenciarem profissionalmente, é o caso do Administrador Patrick Rotsaert que tem-se deslocado varias vezes de Luanda para assistir realização de simulador de aviões da TAAG. Esse Administrador Executivo, é conhecido pela sua arrogância, uma vez que tem efectuado suspensão de quadros angolanos que detenham conhecimentos apurados de Gestão aeronáutica, e disseminado o terror e medo nos meandros directivos da Companhia, tornando-os mansos, sem poderes de decisão ao seu nível por medo de serem exonerados.


Com excepção ao período em que a TAAG estava a ser gerida pelo Dr. Joaquim Cunha, período em que a empresa começou a baixar os níveis de proficiência operacional, a TAAG de 2008 à 2012, foi mais brilhante, devido a preponderância invejável e reconhecida à nível nacional e internacional, caracterizado por uma entrega geral por parte de todos os trabalhadores, a todos níveis.


Advoga-se aos quatro ventos que a TAAG foi autorizada a voar para o espaço europeu na sua totalidade, graças ao empenho da actual gestão, porém os mais esclarecidos reconhecem que o êxito deveu-se ao trabalho árduo desenvolvido desde 2008, ao que de igual modo deu origem a compra de três novas aeronaves, dentre as quais a recém chegada e a que está para chegar.

A TAAG já passou por várias crises, mesmo nos anos em que só possuía uma aeronave alugada e que fazia os voos intercontinentais e regionais, 4(quatro) aeronaves Boeing737-200 que efectuava os voos nacionais e com imensas avarias e atrasos que interferiam na operação.

Em nenhum momento se pensou em vender o patrimônio da empresa, como tem sido o pensamento do actual Conselho de Administração. Esta afirmação é consubstanciada em dados reais recebidos ao mais alto nível da gestão da companhia, a orientação da venda de patrimônio da TAAG no exterior, nomeadamente Portugal, Inglaterra, França, Africa do Sul, que suscitou indignação da classe mais esclarecida da Companhia, uma vez que este exercício é de única e exclusiva responsabilidade do estado.

Quanto a gestão dos recursos humanos, nada trouxeram de novo, contrariamente ao que está previsto no estatuto da empresa e no decreto da sua nomeação, o actual Conselho de Administração(executivos), criou um novo modelo nunca visto em alguma empresa pública em Angola, a existência de uma categoria denominada de Administrador-Adjunto, que tem a missão de fazer o controlo da gestão entre os Administradores dos Pelouros e os Directores das áreas operacionais, tirando a estes últimos qualquer poder de decisão sobre as Direcções que dirigem.


O objectivo da celebração do acordo TAAG/EMIRATES não tem sido notório, pois que se esperava por uma gestão pedagógica e participativa. As experiências de outras companhias de aviação mostram que adjudicar um processo complexo de gestão de Escalas nacionais aos colaboradores sem experiência profissional e valências bem estruturadas para o desempenho cabal das suas actividades, é um risco para a operação. Infelizmente a TAAG vive este cenário, em detrimento dos quadros capacitados e de experiência de trabalho acima dos 10(dez) anos, sem desprimor aos quadros mais jovens da companhia que certamente deverão ascender às responsabilidades a medida que forem ganhando experiência, porque se eventualmente não forem bem sucedidos, ao serem substituídos, ficarão limitados em termos de polivalência.


Camarada Presidente,os trabalhadores da TAAG gostariam de saber se a permanência dos actuais gestores na liderança da empresa, poderá significar a redução dos seus salários ao tecto dos gestores angolanos e a sustentabilidade dos encargos consernentes ao pagamento das rendas das residências em que vivem, passarem a ser da sua responsabilidade, com vista a redução de gastos, como é o caso dos chefes de escala, medida tomada recentemente pelo Conselho de administração.Pois que, entende-se que o que recebem actualmente tem suporte no acordo.


Para finalizar, gostaríamos de acautelar que se eventualmente os actuais gestores não concordarem com as condições que forem colocadas a sua disposição a margem do acordo rompido e decidirem não continuar, haverá muita concorrência de gestores angolanos.Por esta razão, receamos que sejam indicados gestores não ligados a Industria de aviação civil.


Por nos encontrarmos num período bastante delicado, a TAAG precisa de gestores experimentados (gestores de aviação de facto), capazes de liderar os recursos humanos sem fomentar conflitos, tão pouco criar ilhas, divisórias e com influências dentro e fora do país, tendo bom relacionamento com instituições bancárias, permitindo angariar recursos financeiros para investimentos eficazes dentro da empresa sem dependências unicamente do estado, e com entidades de supervisão da aviação a nível nacional e internacional, como é o caso AFFRAA, IATA, ICAO, EASA, etc.


Ainda que seja alguém que já tenha passado pela TAAG, notabilizado como bom gestor, desde que seja bem orientado politicamente, atribuindo a mesma autonomia de gestão, tal como os actuais, para se evitar as constantes e desagradáveis interferências de organismos, instituições, pessoas colectivas ou singulares na empresa. Na eventualidade de renovação do actual Conselho de Administração, o Vice-presidente, Dr. Joaquim Cunha, que por sinal é o único Administrador executivo pela parte angolana, representante do Estado e Governo, também deverá ser afastado, pois que o mesmo não tem representado dignamente os interesses nacionais e dos trabalhadores no geral, principalmente no que diz respeito a vertente social. Tem sido o carrasco nas negociações com os sindicatos, apesar de saber que o reajuste feito a nível do topo, só beneficiando o mesmo,não teve abrangência aos colaboradores de nível intermédio à base, considerada uma musculada violação aos pressupostos refletidos na legislação nacional. Acredita-se que o referido gestor, só está presente quando se trata de defender os interesses do Ministro dos Transportes e colaboradores expatriados, utilizando constantemente a linguagem de intimidação, tratando os profissionais angolanos de incompetentes como arma principal nas negociações.


Por outro lado, propala-se nos bastidores governamentais a possibilidade da privatização da TAAG como única solução para contornar a crise que a Empresa atravessa.Camarada presidente, nós somos completamente opostos a esta ideia, uma vez que a experiência tem mostrado não ser este o caminho a seguir. Se fizermos um historial do passado,recordaremos da existência em Angola de Companhias Aéreas privadas de renome, tais como Air Gemini, Transafrik,TAAG Charter, SAL etc, sendo as duas últimas então subsidiárias da TAAG, com gestão financeira autónoma, não resistiram aos efeitos do tempo e caíram na falência deixando de existir.


A experiência da TAP, que depois de tanto esforço gravitando em torno da sua privatizacão, o governo português negou a intenção inviabilizando o processo. A ideia de privatização só poderá despertar o oportunismo de pessoas colectivas ou singulares com o fim de fazerem aproveitamento de um bem que foi criado e desenvolvido com os esforços de patriotas sacrificados pela causa do bem comum, até porque a TAAG é um pedaço da independência deste país.

Camarada Presidente, todas condições estão criadas para que a TAAG possa dar passos em rumo ao desenvolvimento sob direcção de quadros nacionais. Não temos receio de afirmar que a companhia possui um viveiro de profissionais capazes, que entendem de aviação de facto. No actual contexto da TAAG, apostar em gestores que não entendam de gestão aeronáutica, seria mutilar a empresa, por melhor que seja o gestor, a experiência mostrou o atrás referido, de 2013 á 2015 onde a TAAG foi gerida por alguém que se diz bom gestor de contas porém não entender de aviação. Por esta falta de requisito, a empresa foi atacada por uma enfermidade ao ponto de chegar a beira de uma crise profunda.

Camarada Presidente, não gostaríamos de ser tão radicais em relação a este processo, permita-nos dizer que por uma causa nobre, todo o sacrifício vale a pena.
Bem haja camarada presidente.

Do colectivo de trabalhadores