Lisboa - Posições do novo vice-presidente do MPLA, João Lourenço, denotam que foi nomeado ao cargo sem ter sido consultado pelo líder do partido, José Eduardo dos Santos (JES) para saber se ele estava ou não disponível para assumir tais responsabilidades partidárias.
Fonte: Club-k.net/Lusa
Novo "Vice" do MPLA afirma-se surpreendido com nomeação
Falando à imprensa, no final da primeira curta reunião do novo Bureau Político, depois do VII Congresso ordinário, realizado na semana passada, João Lourenço declarou-se “um bocado surpreendido” pela sua escolha para o cargo de segundo homem do partido.
Contudo apontou as eleições gerais como o “grande novo desafio” a enfrentar nos próximos tempos.
“Esta manhã alguém me entrevistou e eu dizia, ‘não, é especulação’. O jornalista dizia, ‘ai é, é especulação, então vamos esperar algumas horas’. Portanto ele sabia mais do que eu”, referiu.
Relativamente aos apelos do líder sobre a disciplina e rigor no partido para a execução dos programas do MPLA, João Lourenço disse corroborar a posição do presidente José Eduardo dos Santos, segundo a qual um dos pontos fracos é a falta de materialização das ideias “por carência de disciplina, de organização”.
“E é por aí onde a gente tem que atacar, temos que imprimir a necessidade de haver maior rigor, maior disciplina em todo o trabalho que realizamos. Portanto, brincadeira é brincadeira, trabalho é trabalho, e temos que levar o trabalho a sério”, frisou.
O novo vice-presidente do MPLA, questionado pela agência Lusa, se estaria preparado para ocupar a liderança do partido, em caso de retirada do líder da vida política em 2018 como anunciou recentemente, João Lourenço preferiu não fazer comentários.
“Penso que é muito cedo para falarmos sobre esta matéria, prefiro prescindir de fazer comentários a respeito desta matéria”, respondeu.
Respeitante a conduta do PR, em não ter informado em primeira mão a João Lourenço se estava disponível ou não para o cargo, o antigo Primeiro Ministro e ex- SG do MPLA, Marcolino Moco reagiu através das redes sociais nos seguintes termos:
“Este é o problema. A caminho da terceira década do estabelecimento da democracia multipartidária no país, no maior partido que se diz deter o poder como associação de vários indivíduos, a ascensão para cargos tão importantes continua a depender de um só homem; cuja estrutura pessoal de apoio informa primeiro determinados jornalistas, para que os “eleitos” não se convençam que estarão lá por mérito próprio.”
Para Moco “Os homens indicados (depois necessariamente “eleitos”) para criar certas ilusões, por mais valiosos que sejam, como João Lourenço e Paulo Kassoma, só podem prometer muito trabalho. Nunca podem ter ambições pessoais, no domínio político. Sempre é muito cedo, mas a verdade é que “nunca mais é sábado”, como se dizia antigamente.”
De realçar que João Lourenço foi eleito para vice-presidente, enquanto Paulo Kassoma será o novo secretário-geral do MPLA