Luanda - Como o nosso nível não permite respostas mecânicas nem automáticas, é preferível apresentarmos uma breve radiografia do quadro político angolano no âmbito do agir político e do fazer política enquanto administração da "res publica".  

Angola tem um chefe de estado que viola a Constituição (para aprofundar as várias violações de Dos Santos a Constituição, leia o livro "Para Onde vai Angola?..." de Domingos da Cruz, porque num artigo não é possível apresentar tantos dados), não cumpre com as palavras dadas. O exemplo mais recente é o facto de ter acordado numa reunião com os membros do Conselho da República em 2008, que as eleições presidenciais seriam após as legislativas e agora condiciona as eleições a aprovação da Constituição. Desrespeito ao povo, desvio moral, golpe a democracia e jogada de manutenção do poder. A quando do conflito angolano, Dos Santos decretou a guerra para acabar com a guerra, uma premissa de todo inaceitável do ponto de vista ético. Para Filomeno Vieira Lopes, o desenvolvimento em Angola, tarda porque todo o agir político do grupo dominante, visa a manutenção do poder e a erosão do quadro político aceitável e razoável (Cf. Gestão do Poder e Desenvolvimento em Angola, in O Processo de Transição para o Multipartidarismo em Angola, pp.169-75, 2008).

Quanto a aplicação do medo, da força recomendada por Maquiavel como um instrumento fundamental no fazer politica e no governar, em relação a Angola, não precisamos argumentar tanto porque é bem visível, aliás, não podia não ser porque ele visa amedrontar o povo e os adversários… para não se rebelarem. Esta é uma das áreas onde mais se investe. Basta ver o material bélico usado pela UGP (Unidade da Guarda Presidencial), a selvajaria que é a Policia Nacional (PN), que sem número de vezes mata desproporcionalmente e a sociedade não reage, forças de seguranças privada que são autênticos exércitos e que matam sem qualquer punição em Luanda, Lundas, etc., Polícia de Intervenção Rápida (PIR), Defesa Civil (DC), SINFO, etc.

O nosso filósofo maligno, (maligno de acordo com a hermenêutica actual) recomenda também para que não se promova o bem comum, particularmente o direito a educação. Para o caso de Angola, não é preciso comentário. Talvez algumas pessoas diriam que temos hoje muitas universidades o que já pode facilitar algumas convulsões sociais. Nas democraduras ou ditaduras com capa democrática, por causa da pressão internacional e nalguns casos por causa da pressão nacional, as máfias governativas promovem a educação (de fachada) mas com uma carga ideológica excessiva, de tal forma que prevalece o status quo, o povo continua sem capacidade crítica.. Porque? Porque estuda, mas não estuda bem, lhe é dado uma educação mecânica que não emancipa, que não lhe permite pensar, só decorar.

 Você sabia que a nossa lei de educação sobre o Subsistema de Ensino Superior não permite a criação de escolas superiores de Filosofia nem Pedagogia? Porque eles sabem que uma Pedagogia liberal que questione os "fundamentos actuais da educação", que forme as pessoas de forma diferente do paradigma ideológico exacerbado pode causar questionamentos do sistema e provocar rupturas (sobre a dimensão ideológica exacerbada da educação angolana, é um tema grosso que pode causar um livro, por isso, proponho que leia também o livro citado anteriormente, que apresenta muitas pistas sobre a educação terrorista de Angola!). Cont. Próxima.
 
Fonte: Club-k.net