As elevadas taxas de crescimento registadas a partir de 2002 colocaram Angola nos radares económicos internacionais. No triénio 2005-2007, o país cresceu em média 20,1% ao ano, a segunda taxa mais elevada entre os 172 que integram a lista do relatório de Primavera de 2008 do Fundo Monetário Internacional (FMI). O primeiro foi o Azerbeijão com o impressionante registo anual de 26,1%.

Vários factores concorreram para o desempenho recente da economia angolana. Destaco dois: o fim da guerra civil, em 2002, após 25 anos, e o início, no mesmo ano, da escalada do preço do petróleo, que ainda hoje perdura.

Além disso, o país beneficiou de um efeito estatístico de base favorável, já que o ponto de partida para o actual ciclo de crescimento foi muito baixo. Se a gestão pós-independência já não era fácil devido à debandada, sem qualquer plano de transição, da elite portuguesa que controlava a economia, as opções iniciais das autoridades  angolanas em termos de modelo de desenvolvimento e, sobretudo, o conflito armado que se seguiu, ainda agravaram mais a situação provocando o caos económico em que o páis se encontrava em 2002.

De então para cá, a situação melhorou muito, mas o rendimento per capita de Angola, cerca de 4000 dólares em 2007, segundo o FMI, é apenas cerca de metade do registado no início dos anos oitenta.  Ou seja, Angola ainda tem um longo caminho a percorrer.

O principal desafio do governo que saír das próximas eleições, é diversificar a economia, vencendo a tripla concentração que tem caracterizado o crescimento do país: sectorial, regional e pessoal. Muito dependente do petróleo, que representa mais de 50% do PIB e 80% das exportações, o forte crescimento angolano precisa de se alargar a outras províncias e camadas mais vastas da população, para além de Luanda e de uma minoria dos quatro milhões que aí vive.

Só com a diversificação da economia é que o actual ciclo de crescimento será sustentável.

Para que isso aconteça é "apenas" necessária a criação de um ambiente mais favorável aos negócios. Se na actual situação não faltam empresas e empresários interessados em investir em Angola, locais e estrangeiros, a começar pelos portugueses, imagine-se o que não seria se fosse fácil constituir uma empresa, obter uma licença, registar uma propriedade ou fazer cumprir um contrato.

* Carlos Rosado de Carvalho, Jornalista
Fonte: Diario economico