Luanda - Depois do docente e escritor, Domingos da Cruz, ter denunciado publicamente que o seu despedimento no Colégio Sta. Catarina no passado dia 26.01.08 teve como pano de fundo a sua obra intitulada Para Onde Vai Angola? – A Selvajaria Apocalíptica Onde Toda a Perversidade é Real. A Directora geral e proprietárias do colégio veio a terreiro de forma descarada e desavergonhada com todo cinismo e calculismo por meio de um comunicado de imprensa que encerra muita mentira e contradições entre si.

De acordo com o comunicado de imprensa não é por razões politicas a demissão do professor e escritor e que por isso lamenta o posicionamento do docente. Atentemos que o comunicado afirma: "É com pesar que constatamos que um antigo docente (…) venha demonstrar pouca verticalidade moral ao tentar transformar num incidente político, um episódio administrativo e laboral … ". De acordo com as evidências ele não tentou transformar mas sim o incidente é essencialmente político e de intolerância.

Se a razão não é politica porque é que a senhora colocava pessoas para controlar o que o docente fazia ou deixava de fazer? De acordo com as fontes do CK. quando o livro foi publicado e alguns professores e alunos encomendavam havia pessoas orientadas para prestar informações sobre a venda ou não do livro. Inclusive a senhora Catarina de Oliveira interrogou a directora pedagógica do PUNIV, Lídia Lopes sobre a venda ou não do livro na instituição, mas na verdade era tão-somente para reconfirmar a informação que os seus fiéis caninos tinham passado. Se não é por razões politicas porque é que reiteradas vezes nas reuniões, sobretudo nas duas últimas reuniões de 21 e 26 de Janeiro a directora acusou o docente de fazer politica no estabelecimento escolar e que é sindicalista.

Isto é patético porque nas sociedades abertas o sindicalismo é um instrumento fundamental para a defesa dos interesses, assim como a politica que é uma arte nobre, só não é quando os protagonistas se comportam como máfia e servem os seus interesses roubando. A acusação da proprietária foi proferida com a seguinte frase: "O professor Domingos gosta de fazer politica aqui na escola, aqui não se faz politica, quem quer fazer politica sai daqui". Esta mísera frase demonstra claramente que a decisão já estava previamente concertada com os seus fieis… foi uma pena ter visto a senhora Catarina de Oliveira a referir-se a "verticalidade moral" no comunicado de imprensa que estampamos aqui porque uma vez numa reunião quando o docente em causa falava em moralidade e valores a cuja dita disse: "Onde há dinheiro não há moral". Em várias ocasiões entrou na sala com o professor a dar aulas não saudou, variadíssimas vezes gritou barbaramente no corredor com pessoas dos mais variados status; nas reuniões utiliza o argumento da forca financeira e não a forca do argumento dialogal, efectuou descontos anárquicos sem fundamentos contabilísticos, etc, etc., achas-te mesmo no direito de evocar qualquer axioma de natureza ética?

 Antes de entrar na análise das causas que o comunicado de imprensa evoca não é menos importante calar fundo sobre as misérias graves (erros) de natureza gramatical que o documento trás. Interessa olhar para este pormenor por duas razões sine qua non:

1) porque a proprietária e autora do documento diz ter doutoramento. Aiueee a doutoromania! e

2) afirma cinicamente no comunicado que a sua instituição é séria e continuará a trilhar os caminhos da excelência. Se fosse um documento vindo de uma oficina de mecânica ainda se pode admitir estas gafs mas de uma instituição educativa é imperdoável. Se a directora fosse humilde deveria pedir a revisão do documento a um especialista em Linguística Portuguesa. Veja o que é que a arrogância causa, veja as consequências que o agir com a força em vez da racionalidade trás! Na verdade a referida instituição tem uma professora competente e que tem formação superior em Linguística Portuguesa – Mariana Djamila. Podia perfeitamente evitar o desastre Catarina.

Eis a tamanha vergonha: "O Colégio Stª. Catarina tomou conhecimento hoje dia de Janeiro de 2008…" Vergonhoso! lá vai outro lixo: "…sentimos o dever de informar a opinião pública do seguinte…" Cota terias de usar o artigo definido o e não o do… Afinal aonde está o doutoramento que é propalado a todas latitudes?

Ainda segundo o documento enviado a imprensa, as causas do despedimento são: "1) … o docente foi reiteradas vezes convidado a ser efectivo mas não respondeu de acordo com a teleologia do colégio… e 2) Por razões disciplinares, lhe foram registados problemas de incumprimento do programa e insuficiente transmissão do seu conteúdo (…) o que na altura, obrigou a instituição a contratar um professor adicional para dar explicações relativas a matéria não coberta pelo difamante"  
 
Como vedes a primeira causa não tem respaldo jurídico-legal no âmbito da Lei Geral do Trabalho (LGT), levantando as seguintes questões: O que, é que o convite de adesão permanente naquela instituição tem a ver com a demissão? Mesmo se o convidassem para ser efectivo e rejeitasse, isto constitui motivo para rescisão de contrato? E se constitui qual é o dispositivo legal do labor que sustenta?

Agora vale apenas visionar as contradições internas das causas da demissão. A segunda afirma que o professor é incompetente, transmitia mal os apontamentos e que por isso obrigou a contratarem um professor adicional. Isto levanta outros questionamentos: porque é que alguém incompetente foi convidado reiteradas vezes a ser efectivo? É possível que um professor incompetente seja aceite numa instituição durante cinco anos? Porque é que aceitaram os seus serviços durante este tempo leccionando Filosofia, Moral e Psicologia? Então devem esclarecimentos aos encarregados porque o professor destruiu intelectualmente os educandos. Quanto ao professor adicional é importante que o colégio o apresente e com a confirmação dos alunos porque foram alvos do labor daquele professor invisível que ninguém conhece até ao momento nem mesmo a pessoa que se referiu a ele.

Outra prova material que enforca juridicamente a autora do documento é que em 2006 foi concedido um Diploma de melhor professor ao senhor Domingos da Cruz, Diploma subscrito pela mesma pessoa que assinou o comunicado de imprensa onde ele é rotulado como medíocre. Como classificar isto? Loucura? O pobre comunicado, revela desequilíbrio psico-emocional, palidez de sapiência, fruto de uma reacção no ambiente de desespero e de pressão tendo como causa fontenal, actos irreflectidos…

Na sequência do comunicado o penúltimo parágrafo que revela as causas da demissão classifica o professor de difamante, fruto da denúncia que fez. Importa frisar que no plano jurídico se de facto ele difamou, não disse a verdade então a instituição pode processá-lo para que possa ser responsabilizado!
 
Em guisa conclusiva a nota afirma: "O Colégio (…) continuará a ser uma instituição (…) baseada numa educação de qualidade, pluralista, democrática e defensora da Constituição da República". Desonestidade. Reflictamos sobre outra contradição que esta pálida frase tem. Se o Colégio (os gestores) demitem alguém que não quer ser efectivo de acordo com o vosso documento então não defende a democracia, o pluralismo nem a constituição – porque estas defendem a liberdade – ao expulsarem alguém pela causa em epigrafe estão a destruir a liberdade ok, retiram-lhe o poder de opção. Também não compreendem que educação de qualidade o colégio dá quando os professores são obrigados a deixar os alunos aprovar pela orientação expressa da proprietária.

 Esta questão causou despedimentos como o do Prof. Jesus e muitos são chamados para rectificarem as notas caso contrário são colocados no olho da rua. Inclusive alunos confidenciam com os professores dizendo que no Colégio Santa Catarina não é necessário estudar para aprovar.!!! Será que educação de qualidade se faz correndo aqueles que te afrontam com ciência e sapiência, verdade e sinceridade? Ou com as salas de aulas no tamanho de cozinha? Com Colégio sem biblioteca achas que é ensino de qualidade? Conheces pedagogia? É possível educação de qualidade quando a motivação exclusiva da instituição é o lucro pelo lucro?

Em última instancia o que dizer do comunicado. Este documento no plano cientifico classifica-se como ilógico, no plano comum revela burrice, no plano ético é desonesto ou imoral, e no âmbito teológico é pecado e no plano jurídico a autor é passível de ser responsabilizada pela calúnia e difamação.


*Rosario Neto
Fonte: Club-k.net