Razões específicas desta e de outras iniciativas equivalentes:  

- Contribuir para melhorar a reputação interna de JES face às próximas eleiçõeslegislativas e presidenciais de 2009.- Contribuir para a sua promoção como líder regional e africano – estatuto queJES ambiciona e pensa estar ao seu alcance no seguimento da retirada próximade Thabo Mbeki (AM 268).

A reputação interna de JES na sua expressão mais negativa, constatada especialmenteem Luanda e em geral avaliada como pior que a do MPLA, é considerada decorrênciade 3 factores-chave:- O marasmo da reconstrução/desenvolvimento do país em termos deempreendimentos susceptíveis de melhorar as condições básicas de vida dapopulação; a proliferação de empreendimentos cuja utilidade prática atendeapenas a interesses da elite.

- O contraste considerado flagrante entre a pobreza da população e a opulência daelite governante, especialmente confundida com JES e sua família- A saturação naturalmente provocada pela sua longa permanência no poder,paralela a uma ânsia popular de mudança.  

O “culto da personalidade”, tradicionalmente usado como meio para dissipar aimpopularidade de JES é alvo de objecções internas, baseadas em considerações queapresentam os seus efeitos como contraproducentes (a sua maior exposição mediática,para resultar, devia ser paralela a progressos palpáveis para a população – e não é)Numa recente conferência provincial do MPLA quadros partidários notoriamenteconotados com o chamado círculo presidencial apresentaram e fizeram aprovar umamoção de louvor de JES, identificado por predicados como estratega da paz e dareconciliação; promotor da reconstrução do país; factor de prestígio externo de Angola.  

Na exploração política e propagandística do tema da Batalha do Cuito Cuanavale interpretação falaciosa de factos – foi particularmente nítido o intuito de exaltar a figurade JES – descrito como mentor da “clarividente estratégia” que então, combinandoforça militar e presteza diplomática, alterou para sempre a realidade da África Austral.

Jacob Zuma, que aceitou comparecer nas comemorações, tem sido criticado pela ala deT Mbeki no ANC, que o acusa de se ter deixado enredar num plano subliminarmentedestinado a promover JES – no plano externo em detrimento da África do Sul. O líderda SWAPO, Sam Nujoma, não aceitou estar presente. 

 A presente campanha de “culto da personalidade” de JES é fomentada pelo chefe daCasa Militar, M H Vieira Dias “Kopelipa” – que aparentemente age por sua própriainiciativa, como forma de agradar ao PR e demonstrar-lhe lealdade; esta teoria écontrariada por fontes para as quais a iniciativa contou com o beneplácito de JES. 

 Outras 

 2 . Carlos Feijó, ex-assessor principal do PR foi a primeira personalidade a serconvidada para presidir à recém-criada Comisssão Instaladora do TribunalCnstitucional; declinou o convite alegando encontrar-se assoberbado pelas suas actuaisocupações académicas e empresariais.  

Rui Ferreira, convidado a seguir, aceitou; será provavelmente o primeiro presidente donovo Tribunal Constitucional, uma nomeação da competência do PR. É igualmenteapontado como figura do círculo presidencial. Foi assessor jurídico da PR; actualmente é PCA da Cimangola, na qual Isabel Santos tem interesses em parceria com AméricoAmorim.  

Indivíduos próximos de C Feijó remetem as causas da sua recusa especialmente para avontade que vem manifestando de se manter afastado da actividade política (pordesencanto), e de se concentrar na sua vida profissional (docência e consultoria), de queretira apreciáveis ganhos materiais.  

A Sonangol é o principal cliente da sua actividade de consultor. Acompanha geralmenteo PCA da empresa, Manuel Vicente, nas viagens do mesmo ao estrangeiro, em especialquando se trata de negociações.

C Feijó é geralmente apontado como o único juristaangolano de projecção internacional.  No mundo dos negócios C Feijó está ligado ao grupo Gema, do qual também fazemparte duas outras discretas figuras da elite política e económica angolana, José Leitão e Pitra Neto – este ainda a exercer o cargo de vice-presidente do MPLA e ministro da Administração Pública e Segurança Social.  Pitra Neto (AM 239) demitiu-se há quase 1 ano da vice-presidência do MPLA, mas mantémse no exercício de funções a pedido de JES – embora com competências limitadas.

Também se manifesta desiludido com a política. Passava por ser amigo íntimo de Fernando Miala, cujo afastamento o abalou.  Na preparação da campanha do MPLA para eleições legislativas de Set, não foidestinada a Pitra Neto nenhuma tarefa. O planeamento estratégico da campanha e suaexecução estão confiadas a uma comissão encabeçada por Dino Matross e JoãoLourenço – este em reabilitação política. De facto, o papel-chave é de JES (AM 264). 

 O lugar de vice-presidente do MPLA é indicado pelo presidente do partido dentre osmembros eleitos do CC. Para Dez.2008 está previsto um congresso do MPLA. A ideiade que o nome em que recair a escolha de JES para o lugar de vice-presidente poderárepresentar, nas previsíveis circunstâncias de então, uma indicação acerca do seu“sucessor”, começou a dar azo a movimentações internas.  

Fonte: África Monitor