Luanda - A analista do Standard Bank que segue Angola considerou hoje à Lusa que o país não está a fazer investimentos significativos nos setores não petrolíferos, falhando assim a diversificação económica necessária para evitar choques externos.

Fonte: Lusa

"A economia não se diversificou suficientemente; as autoridades fizeram alguns esforços em 2009 e 2010, mas depois os preços do petróleo subiram novamente e os esforços não continuaram", considerou Samantha Singh em entrevista à Lusa a partir de Joanesburgo.

 

Para a analista que segue o mercado angolano, "o Governo percebe a importância da diversificação económica e a maioria das autoridades do país percebe que tem de acelerar a diversificação e há melhoramentos nos investimentos em agricultura e na manufatura, mas não são significativos".

 

Questionada sobre se a diversificação económica, uma das apostas repetidamente feita pelos sucessivos governos, mas nunca concretizada numa escala suficiente que permita proteger o país da volatilidade dos preços das matérias-primas, poderá avançar com um novo Presidente da República, Singh disse que "tem de se esperar para ver".


"Até às eleições não haverá mudança de políticas; o novo Presidente vai querer tomar o pulso, não avançando para reformas bruscas, mas os mercados têm uma perspetiva relativamente positiva porque também o povo quer uma mudança; ele pode melhorar algumas coisas, até porque as autoridades, de uma forma geral, sabem o que tem de ser feito, mas tem de se esperar para ver", disse Samantha Singh.

 

Para o Standard Bank, Angola deverá ter registado uma recessão de 4% no ano passado, um valor bastante pior do que as previsões da generalidade das instituições económicas, que apontam para uma estagnação ou até um ligeiro crescimento.

 

Este ano o país já deverá crescer 1%, acelerando para 1,9% em 2018, o que revela valores muito abaixo da média dos últimos anos, principalmente antes de 2014, quando os preços do petróleo caíram para cerca de metade, desequilibrado as finanças públicas de Angola.

 

Questionada sobre se o recurso a um programa de assistência financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) seria uma boa aposta, a analista sedeada em Joanesburgo disse que "Angola já tem seguido as recomendações do FMI, nomeadamente na questão da redução dos subsídios aos combustíveis e à desvalorização da moeda, e, de uma forma geral, nos aspetos orçamentais sugeridos pelo Fundo".

 

Angola "já tem cumprido, até certo ponto, as recomendações do Fundo, e é sempre possível recorrer a assistência financeira, mas para já tem ajuda da China", vincou a analista, lembrando que Angola é o terceiro maior fornecedor de petróleo à China, a seguir à Rússia e à Arábia Saudita.

 

"A China tem muita influência no país, como aliás noutros países africanos, e isso deverá continuar por um longo período de tempo", vaticinou.