Luanda - A seca prolongada no sul de Angola, que afeta com maior gravidade as províncias do Cunene, Huíla e Namibe, contribuiu para o aumento do absentismo e abandono escolar, revela um relatório sobre o fenómeno no país, entre 2012-2016.

Fonte: Lusa

O documento é uma Avaliação das Necessidades Pós Desastre (PDNA, na sigla em inglês) elaborado pelo Governo angolano, com colaboração do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), União Europeia e Banco Mundial.

A avaliação realizada naquelas três províncias do sul indica que a seca está a afetar o setor da educação essencialmente porque os alunos são obrigados a deslocar-se com a transumância do gado, à procura de água para consumo e de alimentos, devido ao aumento das tarefas domésticas e pela migração das famílias à procura de emprego.

 

O relatório refere que seca forçou algumas famílias ou membros de famílias, incluindo crianças e jovens, a emigrar em busca de um emprego e de fonte alternativa de rendimentos.


"Na província da Huíla constata-se um aumento no número de crianças em idade escolar a mudar para a província do Namibe à procura de trabalho em explorações agrícolas ou zonas urbanas em pequenas atividades informais", refere o relatório, salientando que o impacto naquela província foi maior entre 2012-2015 nos municípios de Gambos, Humpata, Chibia e Quipungo.

 

Na província do Cunene a situação refletiu-se, para muitas crianças, num fluxo de migração foi a vizinha Namíbia, à procura de emprego, alimentos e serviços básicos, como saúde, educação e água.

 

"Estima-se, por exemplo, que na província do Namibe os alunos faltem em média 60 dias por ano letivo, em consequência da seca. Além disso, nove escolas nos municípios de Curoca e Cahama fecharam em consequência do abandono escolar e absentismo dos alunos e professores", refere o documento.

 

Também a crise económica, que Angola enfrenta desde finais de 2014, devido à baixa do preço do barril do petróleo no mercado internacional, aumentou o impacto causado pela seca, em especial desde 2015, já que o Governo foi forçado a reduzir as despesas públicas, com destaque para os serviços públicos básicos.

 

"Há relatórios que aferem que o Programa de Merenda Escolar não está a funcionar em diversos municípios", lê-se no relatório.

 

A seca afetou, nos últimos cinco anos, mais de um milhão de angolanos, e só entre 2015 e 2016 causou danos diretos de 259,8 milhões de euros, bem como perdas de 397 milhões de euros.