Luanda - A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) admitiu esta quarta-feira (23.08) a ocorrência de "pequenas falhas" após presidentes das assembleias de voto terem rejeitado a presença de delegados de lista dos partidos.O presidente da CNE, André da Silva Neto, reconheceu que este foi "um incidente que não se ultrapassou facilmente".

Fonte: DW

Segundo aquele responsável, inicialmente a CNE tinha decidido que em cada mesa de voto deveriam estar um delegado de lista de cada um dos partidos concorrentes e um suplente.


Face aos atrasos no credenciamento destes delegados, na ordem dos 51.000 para cada uma das formações políticas concorrentes, o órgão eleitoral, por reclamação dos partidos, alterou as regras. "Decidimos que os suplentes naqueles locais em que havia mesas por se colocar delegados efetivos se convertessem em delegados efetivos", explicou.

Alteração das regras gerou confusão


A decisão da substituição dos membros nas assembleias de voto foi tomada já ao final da noite de terça-feira (22.08) e depois encaminhada para as comissões municipais eleitorais. No entanto, estas "tiveram algumas dificuldades inicialmente para fazer chegar este procedimento às respetivas assembleias de voto", admite André da Silva Neto.


Mais de 9 milhões de angolanos são chamados às urnas


"E quando esses delegados suplentes se dirigiram às mesas, para exercer esse direito como delegados efetivos, esbarraram na autoridade natural do presidente da assembleia de voto que desconhecia em princípio esta orientação", avançou.


Entretanto, a CNE interveio e a situação foi resolvida. "Neste momento a situação está regularizada, os delegados de lista suplentes estão a cobrir as mesas vazias, fazendo a vez dos delegados efetivos, e está ultrapassada, felizmente, esta pequena falha que se verificou em relação aos delegados de lista", comentou André da Silva Neto.


Críticas do PRS

Ainda assim, a confusão gerou críticas do Partido de Renovação Social (PRS). Manuel Ribaia, porta-voz desta força partidária, acusou a CNE de "discriminação total" dos delegados dos partidos, defendeu que os "pressupostos democráticos" não estão a ser cumpridos e denunciou a existência de assembleias de voto ilegais.


"Infelizmente 80% dos delegados previstos para a fiscalização do processo foram inviabilizados ao não obterem credenciais", aponta. "O delegado da lista é o guardião de um partido no decurso do processo eleitoral. Se fizerem uma ronda junto das mesas de assembleia vão visualizar que há uma discriminação total. Os delegados das listas estão colocados a uma grande distância das mesas e não conseguem dar conta se o documento que o eleitor está a apresentar é válido", acrescenta.


Atrasos na abertura das urnas

Ainda sobre falhas registadas no processo de votação, o presidente da CNE indicou o atraso na abertura de algumas assembleias de voto, em alguns pontos do país, sobretudo em zonas de difícil acesso.


"Naquelas zonas onde sobretudo só se pode chegar por via aérea registaram-se alguns atrasos, quer porque os aviões preparados para o efeito, nomeadamente helicópteros, registaram algumas avarias, mas já foram superadas e neste momento todas as assembleias de voto estão abertas e o povo continua a votar de forma despreocupada, alegre e em forma festiva", garantiu.

No município do Cazenga, na província de Luanda, alguns cidadãos revelaram ter dificuldades em localizar as suas assembleias de voto.


"Tenho aqui esta ficha na mão e até agora estou a circular para ver se consigo encontrar a minha assembleia de voto, porque não sei onde fica o bairro 11 de Novembro", afirmou Gabriel Tchova.


Outra eleitora, Verónica Ngangula Nzuzi, também admitiu estar com dificuldades: "Estou aqui já a circular desde as 07h00 e ainda nem sei onde votar. Atualizei o meu cartão, mas não consigo localizar esta referência que meteram aqui no papel".