Luanda - O insólito não pára de acontecer nas Forças Armadas. Um militar colocado na porta de armas da Força Aérea Nacional foi espancado por cumprir com orientações dos seus superiores hierárquicos.
O brigadeiro Emanuel Mendes Vasconcelos, mais conhecido por Nelo Russo, inspector-geral-adjunto da Força Aérea, espancou, a 15 de Junho, o soldado Mwem Oliver Chimboma Mukisse do Batalhão da Polícia Aérea da RAT, por ter cumprido com as orientações do seu chefe directo, coronel Paquete, de impedir que se estacionasse defronte às instalações do BPC.
Pancada na portaria da Força Aérea
E, desde a altura em que rendeu o posto, foi rigorosamente dando corpo ao manifesto, fazendo a todos cumprirem com o estipulado, desde soldados, sargentos, coronéis, brigadeiros e generais, tanto assim é que, no mesmo dia, havia passado pelo seu posto, também com objectivo de entrar no banco, o tenente-general Bambe, informado pelo soldado da ordem, deu marcha atrás, estacionando o carro noutro local.
Mas o dia seria ingrato para o soldado Mwem, precisamente na altura em que o brigadeiro Nelo Russo chega e tenta transpor a cancela para estacionar defronte ao banco. Informado pelo soldado, da impossibilidade de o fazer, de acordo com as ordens superiores, o oficial recusa-se a fazê-lo, alegando ser "inspector-geral-adjunto" e não qualquer oficial. Retorquindo, o militar disse ao "camarada brigadeiro" que a decisão não era dele, "mas dos chefes", logo, teria de cumprir e não deixar que se estacionasse no parque do banco.
É aqui que a porca torce o rabo, pois, no pedestal da sua arrogância, o brigadeiro Nelo Russo sai do carro, agarra o soldado e toca a desancar socos e pontapés. Os colegas ainda tentaram acudir, separando os contendores; mas foi neste esforço que o 1º cabo Carlos Joaquim Cambolo seria atingido na cabeça com uma arma, tendo sido levado para o Posto Médico, a fim de ser assistido e afastados os demais a encostarem com medo do que poderia fazer o brigadeiro.
No final, quando acreditou ter passado a sua "raiva", por ter dado o correctivo que "na sua opinião se impunha "ao atrevido soldado", o inspector-adjunto da Força Aérea coloca com a arrogância, que lhe é característica, segundo fontes desse ramo das Forças Armadas (FA), o soldado na cadeia, onde ainda se encontra, acusado de "ofender o chefe", sendo por via disso preso de Nelo Russo, uma vez não haver, nem este ter apresentado qualquer queixa – crime à Polícia Judiciária Militar, como se impunha.
Outrossim, sendo já do conhecimento da direcção da FAN, esta não se pronunciou, quando, se nos rememorarmos de factos análogos, em 2005, o general Tony Catembo, por uma questão passional, fora do perímetro da unidade, esteve suspenso durante um ano e 4 meses, tendo mesmo sido julgado e condenado a 6 meses de pena suspensa.
Vamos, agora, esperar pelo desenrolar dos acontecimentos, principalmente o que fará a direcção deste importante ramo militar em nome da justiça, para não cair na tentação de penalizarem ainda mais o soldado, com uma eventual "expulsão" do quadro das FA, por um ilustre "soldado desconhecido" e sem cunhas.
*Voltaremos em próximas edições, com novos dados.
Fonte: Folha 8