Luanda - A avaliação pública, positiva e/ou não negativa, que as autoridades angolanas fazem do Memorando de Entendimento como solução para o problema de Cabinda é descrita num competente relatório sobre o assunto como um artifício devido a razões políticas, psicológicas e outras, do interesse do regime.
O referido artifício é, em geral, associado a uma praxis política que consiste em nunca reconhecer erros; em particular, aos seguintes factores específicos:
- Comprometeria personalidades como o chefe da Casa Militar, Gen M H Vieira Dias “Kopelipa”, geralmente apresentado como mentor do Memorando de Entendimento, tal como foi concluído, mas entretanto (AM 380) afastado do processo.
- Daria razão a individualidades e meios cabindas independentes e/ou conotados com o regime – que em devido tempo alertaram para as fragilidades do processo e previram o seu fracasso por previsível não adesão da população.
- Animaria os movimentos oposicionistas e separatistas cabindas.
- Daria azo a reservas da parte das companhias com interesses potenciais no território, mas que hesitam em concretizar planos devido a percepções segundo as quais a solução encontrada para o território é frágil (falta de representatividade política e social dos co-signatários).
O fracasso do Memorando de Entendimento, discretamente reconhecido pelo PR, José Eduardo dos Santos (AM 376), é consequência do carácter socialmente restrito e politicamente pouco qualificado do grupo de cabindas, o de Bento Bembe, com o qual o Governo negociou e concluiu o acordo.
Além de não ter dado azo à adesão da população o Memorando de Entendimento também provocou o efeito perverso de aproximar e reagrupar correntes e sensibilidades cabindas identificadas como nacionalistas, que até então se encontravam dispersas ou mesmo desavindas.
Fonte: AM