Luanda - A situação ambiental das zonas envolventes ao Porto Pesqueiro de Luanda é considerada "catastrófica" num estudo apresentando hoje que sugere uma maior fiscalização e a educação ambiental da comunidade.

Fonte: Lusa

Os resultados são apontados pelo Plano de Gestão Ambiental do Porto Pesqueiro, estudo realizado pela empresa de eletrodomésticos e limpeza (ECOSEL), em colaboração com a Empresa Portuária de Pesca de Angola (PESCANGOLA), instituição pública gestora do Porto Pesqueiro de Luanda, documento apresentado hoje na capital angolana.

De acordo com a bióloga da ECOSEL, Iracema Solange Cabral, o plano em si servirá para gestão do Porto Pesqueiro, mas só a zona envolvente, que contamina aquela área, é que poderá ser intervencionada.

Para a especialista, a situação da envolvente do porto pesqueiro de Luanda, localizado no Distrito Urbano do Ngola Kiluanji, "é sim dramática relativamente à comunidade" e o esgoto doméstico. Dai o apelo às autoridades para "inverterem a situação", apontou.


Gerido pela Pescangola, aquele porto pesqueiro faz a descarga de pescado nacional capturado e também o importado, distribuição de combustível, venda de água e conservação do pescado.

Conta com uma doca de cerca de 64 metros de cumprimento, adquirida em Portugal pelo Governo angolano e ainda prevê avançar com a reparação naval das embarcações com mais de 30 metros de cumprimento.

A área é caracterizada ainda por zonas de congelação do pescado.

Na apresentação do estudo sobre aquela área, Iracema Solange Cabral defendeu uma "fiscalização apertada às arcas frigoríficas" ali existentes, "no sentido de se evitar que o peixe chegue contaminado à mesa do consumidor".

Mas, sustentou, "muito antes disso" é necessário certificar a "forma de transporte das caixas dos navios para as arcas frigoríficas".

A ministra das Pescas e do Mar, Victória de Barros Neto, por seu turno, considerou como "uma pouca vergonha" as condições higiénicas em que é comercializado o peixe nas praias de Luanda, criticando os armadores de pesca.

O presidente da Associação dos Armadores de Pescas de Luanda, Manuel António Oliveira, fez "mea culpa" na atual condição da comercialização do peixe, sobretudo nas praias da Ilha de Luanda, mas defendeu a "criação de condições" no quadro dos direitos e deveres dos armadores.

"O Governo tem a sua responsabilidade, na construção de portos e terminais de pescas, para beneficiar os armadores que realmente não têm terminal de descarga", afirmou.

Acrescentou, por outro lado, que os pequenos, médios e grandes armadores deviam ter à sua disposição as condições necessárias de trabalho, higiénicas, de descarga e ambientais, "para que realmente possamos trabalhar todos em conjunto", concluiu.